Quem chegou à quadra da Portela para a primeira noite de apresentação dos sambas concorrentes notou uma mudança sonora e visual imediata: a Tabajara do Samba, sob o comando de mestre Vitinho, estava posicionada no palco, com seus ritmistas sentados. A alteração, longe de ser um mero capricho, é parte fundamental da nova filosofia da escola para escolher o hino que a levará ao título. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Vitinho explicou que a decisão visa, acima de tudo, a qualidade técnica da avaliação dos sambas. O antigo local de apresentação da bateria, segundo ele, comprometia a audição.
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“A gente antes tocava num outro local. Há muitos anos, e eu sempre achava que a acústica não ajudava muito pra escolha de um samba. Até porque o músico que não conhece a casa ficava um pouco perdido com a distância que era”, detalhou o mestre.
A solução foi trazer os ritmistas para o centro da ação, em um formato que beneficia todos os segmentos. “Tive a ideia de botar a bateria no palco. Conversando com o Gilsinho, a gente pensou num modo para ser confortável para os cantores que estamos recebendo, para os músicos, cavaco, violão e para a bateria também, que tá ali sentadinha, toca, faz uma apresentação bacana e todo mundo consegue entender o que está sendo cantado”, afirmou.
O mestre, no entanto, esclarece que o formato com a bateria reduzida no palco é específico para esta fase inicial de eliminatórias. Quando a Tabajara vier com seu efetivo completo, a novidade permanecerá, mas com uma adaptação.
“Quando for a bateria inteira, nós vamos tocar na frente do palco. Não vamos mais tocar naquele outro local que era essa distância que sempre não ficava uma acústica legal, a equalização não ficava boa”, decretou.
Disputa sem torcida: a prova de fogo para os sambas
Alinhado com a nova diretoria da escola, mestre Vitinho é um entusiasta do modelo de disputa com portões fechados nas primeiras fases. Para ele, o formato permite uma análise mais pura da qualidade das obras, sem a interferência de torcidas organizadas, que podem criar uma falsa impressão de sucesso.
“É algo legal, porque a diretoria da escola consegue entender quem realmente é forte sem a torcida”, analisou Vitinho, que foi direto ao ponto sobre a influência externa. “Você pega um amigo que é da redondeza, da área, ele consegue botar aqui dentro 300, 400 pessoas na apresentação. Aí fica todo mundo cantando, bola, bandeira e você não sabe se realmente tá mexendo com o termômetro da escola ou da torcida comprada. Não que todo mundo compre torcida, mas a gente sabe como funciona”.
Para o comandante, a metodologia adotada pela Portela é a ideal. “Acho que você pode avaliar todo mundo até as oitavas de final sem torcida e, a partir das oitavas, tá rolando com torcida, porque a gente já consegue entender quem realmente tem força com ou sem torcida”.
Feliz e totalmente integrado à escola, Vitinho celebra a nova fase. “Muito bacana. Estou muito feliz. Dois meses de trabalho aqui na Portela, muito bem aceito pelos ritmistas. Está sendo o trabalho da minha vida. É uma oportunidade que a escola está me dando e eu prometo que vou arcar. Com certeza, 2026 promete muitas coisas boas para a Portela com a bateria da Portela”, concluiu.