Mestre Jeyson é um dos símbolos do Camisa Verde e Branco nos últimos anos. Sua história começou com o mestre Coca e a sua mãe Dona Chuca, dupla que marcou história no carnaval de São Paulo. E, hoje, é a vez do mestre seguir os passos dos familiares, como mestre de bateria do Camisa Verde e Branco. No dia da final do samba-enredo, o Camisa Verde fez uma homenagem para o mestre Jeyson que tinha perdido sua mãe, Dona Chuca, poucos dias antes. De luto, o mestre da “Furiosa da Barra” falou da mãe, que tinha forte identidade com o Camisa Verde e Branco, apesar da história com a Mocidade Alegre.
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“A história da minha mãe no samba é muito linda. Ela foi rainha de bateria da Mocidade Alegre em 1985, quando o mestre de bateria era o Kit, a minha história na música começou pela minha mãe. Meu pai era o mestre Coca, e minha mãe rainha de bateria, aí veio eu aqui e desde então minha mãe sempre me acompanhou e me apoiou no carnaval, aliás em tudo que eu faço. Minha mãe é minha companheira, eu sou filho único, então morava eu e ela. Não tenho muito a dizer… É minha companheira, minha rainha, é meu tudo. E ela sempre foi Camisa Verde e Branco, tocou na bateria do Camisa e hoje (na final do samba) teve essa homenagem para ela. Infelizmente um problema respiratório e Deus quis que ela partisse. Foi para um lugar melhor do aqui, tomara que onde ela esteja, seja bem melhor que aqui e ela está de lá, me olhando e protegendo”.
Entrada do Jeyson no samba foi na Mocidade
Com sua mãe entre Camisa e Mocidade, o mestre Jeyson iniciou na Morada do Samba, mas logo partiu para o Camisa, onde começou a construir sua história nos anos 90. “Entrei como ritmista na Mocidade Alegre entre 88 e 89 e em 90 vim para o Camisa. A minha família já era do Camisa e da Mocidade, só que ela tinha aquele receio que o Camisa era meio perigoso. Aí em 90 não teve como me segurar, eu vim com o Betinho, vim para o Camisa com os meus tios e estou aí até agora”.
Momento vivido no carnaval
O Camisa Verde e Branco passou anos bem complicados no Grupo de Acesso I, mas vai para o segundo ano consecutivo no Grupo Especial, fato que não acontecia desde os anos 2000, onde a escola ficou de 1998 até 2006 na elite. Voltou em 2008 e 2012, mas caiu no mesmo ano. Portanto, mestre Jeyson mostrou ser um privilegiado pelo momento vivido com a escola em reconstrução: “Sou privilegiado e estou realizado, porque já entrei para a história. O Camisa Verde e Branco subiu em 2011, eu era o mestre de bateria. No decorrer fiquei, depois saí, voltei, e agora o Camisa Verde e Branco subiu para o Especial de novo, o ano passado e eu estava no comando da bateria de novo. Permanecemos no Especial comigo no comando e vamos desfilar comigo no comando de novo. Sou um cara privilegiado, só tenho que agradecer a Deus e vamos para mais um carnaval”.
E complementou falando sobre como está a bateria “Furiosa da Barra” que vive transformação nos últimos anos: “Temos muito ritmista novo. A inovação é sempre válida, hoje em dia temos poucos caras da antiga. A bateria do Camisa é uma bateria que tinha muito cara de idade e não tiramos ninguém. Só que às vezes queremos passar uma bossa e o cara que tem mais idade, não consegue assimilar. Então o cara mesmo para: ‘fala mestre pô, não tô conseguindo pegar hein?’ Tipo assim, eu dou o papo para os caras: ‘gente se não conseguir pegar, infelizmente não vai dar para desfilar’. Porque é igual em uma empresa, você vai ficar três meses lá e a falta de experiência, se você não der resultado, o cara vai te mandar embora. Mas fico muito feliz pela renovação, eles pegam umas coisas muito rápido. Tem que dar uma seguradinha que eles são meio afobados, mas é isso”.
Importância das eliminatórias
O Camisa Verde e Branco é uma escola tradicional do carnaval de São Paulo e mantém tradições como as eliminatórias do samba que não são mais tão comuns como antes nas quadras das escolas de samba. Os mestres de bateria das escolas tem frisado a importância, foi Mestre Sombra e agora é a vez do mestre Jeyson trazer sua opinião.
“Vejo como tradição em escolas que infelizmente hoje em dia não tem mais isso. Eu acho que tem que ter eliminatórias. Cada escola faz o seu jeito, mas eu acho que perde um pouco da essência. Porque hoje em dia quase ninguém faz eliminatórias de samba-enredo, muita gente encomenda o samba. Parabéns para quem faz isso, cada um faz de tudo que quer. Só que o caminho da Verde e Branco faz e segue as nossas tradições de fazer eliminatórias também enredo. Antigamente tinha até mais, eram três fases ou quatro fases hoje encurtou bastante, mas pelo menos ainda tem, que é a semifinal e a final, é super válido, porque o carnaval é isso, esse é o clima do carnaval. Como lá na frente quando começarem os ensaios técnicos, de rua ou de quadra. Isso aí é o carnaval, porque no dia do carnaval é muito tenso, você nem curte direito. Então para mim e para muitos foliões, as eliminatórias, o corte de samba, o ensaio de quadra e ensaio de rua e o técnico, isso é o carnaval, tem que ter isso”.
O Camisa Verde e Branco para o mestre
“O Camisa Verde e Branco é minha vida, sou suspeito de falar. Agradeço a Deus por ser Camisa Verde e Branco e por estar participando da realidade do Camisa”.
Chamou a comunidade do Camisa para ensaios
Com espaço livre, Jeyson Ferro decidiu dar um recado importante para a comunidade do Trevo comparecer nos ensaios e participar do ciclo.
“Só mandar um recado que é para todo, o povo do Camisa Verde e Branco ir participar do ensaio. Esse samba aí que a escola escolheu, agora é da escola o samba, tem a crescer demais e precisamos do canto da escola e para ter um canto bom na escola, tem que ter gente na quadra nos ensaios. Então pedimos, falo em nome da direção da escola, que é para o nosso componente, em um geral, que é a bateria e as alas, participarem dos ensaios que se fizermos uma coisa boa agora, lá na frente vai dar bom”.
O Camisa Verde e Branco é a última escola a desfilar na sexta-feira de carnaval e virá com o enredo “O Tempo Não Para! Cazuza – O Poeta Vive”, uma homenagem ao artista Cazuza.