Por Victor Amancio
Na bateria da Mocidade desde 2012, quando assumiu com uma super comissão e posteriormente em 2016, quando assumiu o comando da Não Existe Mais Quente sozinho, mestre Dudu trouxe o resgate para o quesito e colocou a bateria novamente no hall das grandes bateria do Grupo Especial. O mestre falou das surpresas que está preparando para o desfile deste ano e da representatividade na fantasia da bateria.
O mestre conversou com a reportagem do site CARNAVALESCO para a série ‘Entrevistão’ e falou das mudanças que implantou na bateria e na preocupação em trazer para um público um espetáculo.
Qual foi a maior dificuldade que você enfrentou quando você assumiu a bateria da Mocidade?
“Bom, não vou dizer que eu não tive dificuldade não. O meu retorno pra escola em 2012, a bateria estava um pouco dividida na verdade. O Bereco estava no comando, eu cheguei e existia a facção na bateria. Cada canto tinha um grupo e eu acabei com isso. Mas foi fácil porque, você é cria da casa. O meu pai deixou esse legado pra eu saber conduzir, saber falar com as pessoas. Se tornou um pouco fácil, até porque eu sou formado dentro de casa e foi um pouco mais fácil para poder falar com a galera”.
Qual foi o principal fator para a bateria voltar com esse resgate?
“O primeiro principal fator foi o carinho e a humildade acima de tudo. De 2012, até quando o Andrezinho saiu, eu batia muito na tecla com ele esse negócio da caixa 14, que nós conseguimos resgatar para Mocidade que não tinha. Então nós implantamos a 14 na Mocidade e colocamos da nossa maneira, sendo que, um ponto crucial foi afinação da 14, que eu pedi pra ser de um jeito e executavam em outro formato. Então depois que eu fiquei sozinho no comando da bateria eu comecei a colocar as coisas do meu jeito, lógico que eu não mudei nada que a Mocidade sempre inventou, mas eu coloquei do meu jeito e está aí o resgate”.
Você sente orgulho em ter colocado a bateria da Mocidade entre as grandes?
“Ah, com certeza! Eu sempre comento em entrevista minha que eu carrego um piano muito grande, sabe? Primeiro por ser a bateria do mestre André e segundo porque o meu pai também foi mestre da bateria, eu sou filho de mestre. Eu nunca tive a intenção de ser mestre porque eu vi o meu pai sofrer com isso. É um cargo muito puxado, a gente lidera 300 homens na bateria, isso em um contexto geral, ritmistas com diretores. É muito difícil. Isso pode ser uma ajuda, né. Se eu cheguei até aqui eu preciso fazer diferente”.
O Wander é um dos maiores cantores da história do carnaval, mas ele tem as manias dele. Nós percebemos que vocês têm um entrosamento muito bom. O que você pode falar sobre o Wander pra gente?
“O Wander é o melhor do mundo, sem sombra de dúvida. Ele é o meu cantor número 1. Me pegou no colo, trabalhou com o meu pai. Eu via essa participação dele com o meu pai, eles eram muito juntos. Eu lembro dele quando ele chegou na escola e eu fico muito grato com o carinho que ele tem por mim. Difícil encontrar com ele mas quando a gente se encontra sempre marca algo. É bom ter essa junção porque é um encontro de casal e a gente está sempre focado. Quando ele não vem por motivos profissionais dele, ele me liga e pergunta como foi, se pode mudar, se precisa mudar alguma coisa. Por isso existe essa união entre a gente”.
A renovação dos mestres de bateria chegou forte no Grupo Especial. Acredita ser uma tendência que os novos mestres tenham domínio de todos os instrumentos e conhecimento musical?
Dudu: “Com certeza. Tem uma galera nova aí e muito boa por sinal e eu fico feliz por isso também. Eu não me considero um mestre velho, eu também faço parte disso, até porque eu estou no comando da bateria sozinho. Eu estou no meu 5º ano agora, eu cheguei em 2012 mas no comando sozinho, eu estou há 5 anos. Fico feliz por ter essa galera aí, alguns eu até trabalhei junto, em uns projetos e tal e um pouco mais fácil hoje, porque os moleques estão no comando hoje e eles estudam música, acho que a maioria faz isso. Na nossa época, agora vou falar porque sou um pouco mais velho, a gente não tinha isso, era mais de ouvido mesmo, ver o mais velho ou o cara que era considerado o melhor para imitar. Eles estão chegando formados e eu tenho maior orgulho deles”.
Não existe a obrigatoriedade de parar na frente dos jurados, mas os mestres estão opinando que quem parar pode ter uma atenção especial do julgador. O que você pensa?
“A bateria não tem obrigação de parar mas não tem como não parar, eu acho que faz parte, tem que parar. Somos quesito, precisamos nos apresentar para o jurado. Se caso a escola peça para não parar, não vou, jamais vou prejudicar a escola e abrir um buraco para ganhar um dez, isso se eu ganhar. O trabalho tem que ser em conjunto, não posso pensar só na bateria”.
Paradinha, coreografia e criatividade. O que você pensa sobre as três coisas?
“Gosto muito. Eu sou adepto, me preocupo em fazer bossa para o público, isso desde quando me lancei como mestre na Unidos de Padre Miguel, acho que não é só para o jurado, quem está lá pagando quer espetáculo e se depender de mim terão sempre”.
A fantasia de 2020 é muito especial. O que significa para você ter os ritmistas com representando um personagem tão importante para bateria?
“Eu fico até arrepiado só de falar nisso. Eu já sonhei com isso. Tenho certeza que cada um dos meus braços vai incorporar o mestre André e vai trazer a nota máxima para a bateria. Não vamos desfilar sozinhos não, com certeza. Estou muito feliz com a sacada do Jack em colocar a bateria representando o mestre André. É o nosso momento e eu não tenho dúvidas que a escola irá tirar onda na avenida”.
Ter esse samba em 2020 aumenta a responsabilidade da bateria?
“Não aumenta não, me dá mais gás para trabalhar. É um samba bom, bem escolhido e estou muito focado. O samba ajuda, nossa bateria tem uma cadência muito grande, então se colocar um samba que cante mais para frente não vai encaixar. Esse samba foi um casamento perfeito, caiu na boca do povo, a comunidade abraçou o samba. Desde a primeira vez que cantou eu sabia que era esse e tinha que ser”.
O que você está preparando para 2020?
“Sempre tem surpresa, nós temos algumas bossas, algumas nuances para dar um clima no samba. Todo mundo sabe que nossa bateria não cai para a segunda do samba mas fiz questão de fazer uma lembrança como uma segunda pois o samba pede e a bossa do ‘laroyê, ê mojubá’ que vai ter os atabaques no meio da bateria, a rainha entrando e tem mais uma surpresa que não posso dizer agora”.