O desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel em 2022 será muito especial para mestre Dudu. Primeiro, a bateria é a principal homenageada no enredo “Batuque ao Caçador”. Segundo, o comandate completará dez anos à frente dos ritmistas de uma das principais baterias do carnaval.
Herdeiro de mestre Coé, que ficou nove anos à frente da “Não existe mais quente”, Dudu sabe que está perto de bater o recorde de tempo do inigualável mestre André. “Passa um filme. Só em pensar que quando trabalhava com meu pai, não tinha interesse nenhum em comandar a bateria. Hoje, fazem 10 anos que estou no comando. É um lance histórico. Mestre André ficou 14 anos e já estou em segundo por tempo na bateria. Motivo de muito orgulho”, disse ao CARNAVALESCO.
Para ficar ainda mais especial o momento de Dudu, na quarta-feira que vem, dia 10 de novembro, dia do seu aniversário e da Mocidade, ele lança o livro “As paradinhas da Não Existe Mais Quente”.
“O livro remete para nossas bossas. Não perco o nosso conceito de paradinhas, mas tento juntar. Coloquei partituras para contar como elas são feitas. Não tenho dúvida do reconhecimento do povo com o meu trabalho. Esse ano vou fazer diferente para que o jurado possa entender. Falo isso no sentido de colocar a bossa dentro da melodia. Não vou mudar radicalmente a bateria, estou trabalhando em cima do que foi dito pelos jurados, mas jamais vou perder nossas características. Tenho certeza que vão reconhecer o trabalho porque está muito bem encaixadinho”, garantiu.
Dudu falou também sobre o enredo de 2022. “Representa muita coisa pra mim e para todo batuqueiro de Padre Miguel. Ficará marcado para vida. Confesso que fiquei muito emocionado quando fiquei sabendo do enredo. Carrego uma cruz de madeira maçaranduba. Comandar a bateria da Mocidade e que foi do mestre André não é para qualquer um. Bato no peito, sei do tamanho, meu pai deixou um legado muito grande e tento sempre dar resposta a altura”.
Perguntado o que falaria hoje, se fosse possível, para o pai, Dudu ficou emocionado. “Aí, vocês me pegaram. Se ele pudesse me ouvir hoje eu daria um grito bem alto e falaria que é tudo por ele. Só agradecer pelo legado que deixou pra mim e para o meu irmão. Em todos os momentos que piso na escola é impossível não lembrar dele. Fiz um quarto para ele na quadra com a foto e será sempre tudo para ele e por ele. Tomei muita porrada. Sempre fui um moleque muito atrevido. Sempre me meti no meio. Sempre fui chamado de bangunceiro e isso serviu de experiência. Era o jeito do meu pai cuidar de mim e aprendi a respeitar todo mundo. Devo esse legado para ele”, disse Dudu, muito emocionado”.