O enredo de 2026 transforma a memória em reconhecimento e reafirma o papel de Rosa Magalhães como uma das maiores referências artísticas da história do samba. No verso do samba que embala o enredo de 2026, o Salgueiro escreve em sua trajetória uma homenagem à altura da importância de Rosa Magalhães. “Mestra, você me fez amar a festa” deixa de ser apenas um refrão para se tornar uma declaração coletiva de reconhecimento a uma artista que redefiniu o carnaval brasileiro por meio da arte, da pesquisa, da educação e da construção de narrativas visuais que marcaram gerações.
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A escolha do enredo representa não apenas uma reverência à sua obra, mas também um gesto simbólico de retorno às origens. Rosa iniciou sua trajetória no Salgueiro e, a partir dali, expandiu sua influência para todo o universo do samba, consolidando uma estética singular e uma nova forma de pensar o desfile como linguagem cultural, política e artística. Esse sentimento de raiz e pertencimento é destacado por quem vive na escola desde sempre.

“Desfilo na escola desde a barriga da minha mãe. Ser do Salgueiro é uma história de 60 anos. Ver esse enredo homenageando Rosa Magalhães significa, para mim, a nossa volta às raízes. Ela começou aqui, bem pequena, e depois foi crescendo para todas as outras escolas. No início, a gente não apostou muito nesse enredo, mas depois que todo mundo começou a cantar junto, virou outra coisa. Ficou muito emocionante”, declara Andréia Lúcia, de 60 anos, componente da agremiação.
Ao homenagear Rosa Magalhães, o Salgueiro também evidencia o protagonismo feminino em uma história marcada pela predominância masculina na criação dos grandes enredos. Reconhecer o legado de uma mulher à frente de projetos que transformaram o espetáculo carnavalesco amplia o sentido dessa celebração.

“Homenagear Rosa Magalhães é algo muito importante, porque ela tem uma relevância gigante para o Carnaval. E, além disso, ser uma mulher homenageada torna tudo ainda mais emocionante. O Salgueiro vem com um enredo poderoso, lindo e emocionante”, conta a assistente social Lilian Diniz, de 49 anos, que desfila há 17 anos na ala Mariposas do Salgueiro.
No minidesfile na Cidade do Samba, o reflexo desse enredo já se manifesta em um envolvimento crescente da comunidade e dos componentes. O samba ganha corpo, ecoa nas arquibancadas e reforça, a cada repetição, o vínculo entre passado, presente e futuro.
Entre as novas gerações, a homenagem se traduz em sentimento de identidade, resistência e afirmação comunitária. A trajetória de Rosa se conecta ao orgulho de vestir a camisa da escola e carregar, para a avenida, a história de um território que é, ao mesmo tempo, cultural e afetivo.

“Vestir a camisa do nosso pavilhão é uma realização. Isso é resistência, é potência, é empoderamento. A gente traz a verdade da escola, a alegria e a energia que o Salgueiro representa. Quando chega no refrão, ‘Mestra, você me fez amar a festa’, é uma explosão. É incrível poder homenagear alguém que trouxe tantos títulos e tanta história para a Sapucaí. A comunidade vive isso intensamente e hoje já dá para sentir que as pessoas estão abraçando esse enredo com muito amor”, declara a assistente administrativa Ingrid Souza, de 25 anos, nascida e criada na comunidade do Salgueiro, que desfila há três anos na escola.
A força dessa construção coletiva também está presente no trabalho cotidiano de quem dedicou anos à escola, fortalecendo o sentimento de continuidade e pertencimento.

“É tão emocionante a gente desfilar pelo Salgueiro e homenagear a Rosa Magalhães, um ícone do Carnaval que já fez tanto pela gente. Muita coisa que temos hoje vem por conta dela também. E o Salgueiro é Salgueiro, ela começou aqui. O samba está pegando, está crescendo, está se desenvolvendo muito bem”, diz Jorge Silva, auxiliar administrativo, de 49 anos, que está no Salgueiro desde 2012.
Em 2026, o Salgueiro promete apresentar um tributo à contribuição inestimável de Rosa Magalhães para a cultura brasileira. Mais do que uma homenagem, o enredo se firma como um reconhecimento público ao legado de uma mulher que transformou o carnaval em ferramenta de educação, memória e identidade coletiva.









