Por Guibsom Romão, Matheus Vinícius, Carolina Freitas e Marcos Marinho
O Salgueiro definiu o samba-enredo que vai embalar seu desfile no encerramento da terça-feira de carnaval em 2026. Com o enredo “A delirante jornada carnavalesca da professora que ao tinha medo de bruxa, de bacalhau e nеm do pirata da perna-de-pau”, assinado pelo carnavalesco Jorge Silveira e pelo enredista Leonardo Antan, a escola optou pela junção das parcerias de Rafa Hecht e Marcelo Motta. O samba campeão reúne uma verdadeira constelação de compositores: Rafa Hecht, Samir Trindade, Thiago Daniel, Clairton Fonseca, Fabrício Sena, Deiny Leite, Felipe Sena, Ricardo Castanheira, JP Figueira, Deco, Marcelo Motta, Dudu Nobre, Julio Alves, Manolo, Daniel Paixão, Jonathan Tenório, Kadu Gomes, Zé Moraes, Jorge Arthur e Fadico, prometendo emocionar a Marquês de Sapucaí.

O compositor Rafa Hecht mal conseguia conter a emoção ao falar sobre a vitória. Para ele, estar na Sapucaí com um samba da própria autoria era um sonho se tornando realidade:
“Eu estou anestesiado. Eu realizei o sonho da minha vida. É o dia mais feliz. Eu não imagino alguém que seja mais feliz do que eu hoje. Ver o Salgueiro desfilando com um samba que eu e minha parceria escrevemos é inexplicável. Eu não tenho nem palavras para te explicar o que eu estou sentindo. Eu acho que, apesar de ser o meu sonho, nenhum sonho nunca vai ser maior do que é melhor para o Salgueiro. Se a escola entende que com a junção o Salgueiro vai ter um grande samba, é junção. Eu já estou gritando ali no palco: ‘O lê lê lê, Ô lá lá’”.
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O compositor Marcelo Motta, veterano da escola, descreveu a emoção de conquistar a décima vitória no Salgueiro, um marco histórico em sua trajetória.
“É o décimo título, a décima estrela. A décima estrela que, se Deus quiser, vem para o nosso Salgueiro. A décima estrela que brilha em Rosa Magalhães. É sempre a mesma emoção da primeira vez. É sempre a maior emoção da minha vida. E dessa vez com amigos. É uma junção feliz e que vai levar o Salgueiro ao título. Com esse são 10 sambas no Salgueiro, felizmente, a décima estrela, uma coincidência feliz. A minha é a décima estrela, meu é o décimo título. E a décima estrela que brilha em Rosa Magalhães é a décima estrela que vai trazer o título do Salgueiro, eu tenho certeza disso”.
Samir Trindade celebrou a vitória destacando a essência tradicional do samba presente na parceria e a importância de homenagear Rosa Magalhães.
“A emoção é sempre nova. Ganhar em uma escola do tamanho do Salgueiro, com um samba que sou apaixonado, é indescritível. Há anos venho tentando emplacar um samba que resgate a essência antiga, aquela melodia bonita que aprendemos a amar no carnaval. Tenho certeza que o Salgueiro fará um grande desfile com esse samba, cantando Rosa Magalhães, e será uma homenagem àquela geração que viveu o carnaval dos anos 1990”.
Sobre a junção: “Fiquei feliz porque reconhecemos a força do outro refrão. Nosso samba tinha algumas críticas quanto ao refrão, mas o Salgueiro tomou a decisão certa. A junção trouxe o melhor do nosso samba com o refrão arrebatador da parceria do Marcelo Motta. Vai ser, na minha opinião, um dos top 3 sambas do carnaval”.
O compositor Deco destacou a importância da junção e a força do samba para o desfile: “A emoção de vencer é indescritível, ainda mais ganhando em uma escola grande como o Salgueiro. A junção foi muito bem feita e o samba está bonito. A escola tem tudo para arrebentar com esse enredo, e o samba vai representar muito bem o que a escola precisa para alcançar a décima estrela. O samba já caiu na boca do povo e na Sapucaí será ainda mais potente. Com certeza, será entoado alto e com energia pela torcida”.
Jonathan Tenório viveu uma estreia memorável como compositor, exaltando a importância de Rosa Magalhães e a emoção da junção: “A sensação é indescritível! Meu primeiro ano como compositor e já ganhar na escola do tamanho do Salgueiro é incrível. Falar sobre Rosa Magalhães é uma emoção imensa. A junção foi maravilhosa, o todo agradou a todos, e vamos bombar na avenida”.
Presidente André Vaz: ‘O Salgueiro vai vir mais luxuoso’
O presidente do Salgueiro, André Vaz, destacou a qualidade da safra de sambas deste ano e a disputa acirrada até a final. “Desde que recebemos os sambas inscritos, sabíamos que, dos 18, oito estariam disputando tete a tete. Depois ficaram cinco, que eram os favoritos. Então, com certeza, a gente sabia que essa final ia ser aberta, bem disputada”, comentou.
Vaz também adiantou que o desfile de 2026 será marcado pelo luxo. “De todos os anos que estive à frente do Salgueiro, o Salgueiro vai vir mais luxuoso, em termos de fantasias e de carros alegóricos. Será um Carnaval grandioso que o Jorge Silveira desenhou para gente”.
O dirigente elogiou a parceria com o carnavalesco Jorge Silveira: “É um cara capacitado, que desenha tudo e tem uma equipe muito competente. Confio muito nele e tenho certeza que vai ajudar o Salgueiro a levar esse título tão sonhado”.
Além disso, André confirmou a volta da temporada de ensaios do “Salgueiro Convida”, que estreia em 11 de outubro, recebendo a Portela. Depois, Acadêmicos de Niterói e Império Serrano também participam.
Jorge Silveira: ‘É o maior conjunto de fantasias que já desenhei’
Responsável pelo desenvolvimento do enredo em homenagem à obra de Rosa Magalhães, o carnavalesco Jorge Silveira ressaltou a emoção e a responsabilidade de traduzir a trajetória da artista.
“É o carnaval de maior emoção e de maior compromisso coletivo. O Salgueiro este ano é uma grande plataforma para abraçar o sentimento coletivo sobre a obra da Rosa Magalhães. Estamos lidando com uma memória de grande responsabilidade e tratando isso com muito carinho, pesquisa e compromisso”, afirmou.
O carnavalesco revelou a grandiosidade do projeto visual: “São 42 figurinos no chão, é roupa para caramba. É o maior conjunto de fantasias que já desenhei na minha vida. Também teremos um conjunto de alegorias imenso, interativas e dinâmicas, com texturas diferentes. A professora vai ficar orgulhosa”.
Leonardo Antan: ‘Um enredo muito rico’
O enredista Leonardo Antan ressaltou a dimensão da pesquisa que fundamenta o desfile, mencionando o novo site da UERJ que disponibiliza mais de 4 mil imagens de acervo da carnavalesca.
“Qualquer pessoa pode acessar mais de 30 anos de desenhos da Rosa. É um material riquíssimo que nos ajudou a pensar o enredo”, explicou.
Leonardo também valorizou a parceria com Jorge Silveira: “Trabalhamos juntos há quatro carnavais, com uma afinidade muito grande. Nosso processo criativo é coletivo e colaborativo, mas tudo ganha a cara do Jorge, que tem um traço muito forte”.
Sobre a concepção do enredo, resumiu: “Somos apaixonados por Carnaval e nos formamos vendo Rosa Magalhães. Esse é um enredo muito afetivo, com mais de 50 carnavais da Rosa que vamos tentar referenciar e traduzir da melhor forma”.
Wilsinho Alves: ‘O Salgueiro terá alegorias maiores’
Wilsinho Alves, diretor de carnaval, comentou as mudanças propostas pela Liesa na dinâmica dos desfiles, com a retirada de uma cabine de julgamento. “A ideia da cabine espelhada surge porque o desfile de 2025 parou demais. Com uma cabine a menos, a dinâmica melhora e a evolução tende a ficar mais fluida”.
O diretor também confirmou o crescimento da escola em 2026: “São 3.000 componentes no chão, além de alegorias muito maiores. O Salgueiro cresceu em todos os aspectos”.
Sobre o desfile de 2025, Wilsinho foi enfático: “Foi o mais organizado que eu fiz. Todo mundo saiu da avenida com o sentimento de um grande carnaval, mas os jurados não viram dessa forma. O Salgueiro foi injustiçado”.
Intérprete Igor Sorriso: ‘Hoje é um novo ciclo’
O cantor oficial Igor Sorriso celebrou a escolha do samba como marco de um novo momento. “2025 foi um ano produtivo e importante pra minha trajetória. Infelizmente, não voltamos nas Campeãs, mas fizemos um trabalho legal. Hoje é o novo ciclo, escolher o nosso hino pra retomar os trabalhos do carnaval de 2026. Pode ter certeza que vai ser um ano ainda mais incrível para o Salgueiro”.
Ele exaltou a parceria musical dentro da escola: “O Alemão é meu irmão, ensina demais e agrega muito. Temos que aproveitar a convivência com pessoas renomadas. Além disso, tenho uma relação de amizade antiga com os mestres da ‘Furiosa’, o que torna tudo mais fácil”.
Alemão do Cavaco: ‘Nosso time só tem craques’
Diretor musical do Salgueiro, Alemão do Cavaco destacou a excelência da equipe. “Desde que cheguei, nosso time de carro de som sempre tirou nota máxima. Eu sou apenas o maestro, mas nosso time só tem craques. A gente se respeita muito, e por isso entregamos não só a nota na avenida, mas também grandes eventos”.
Ele explicou o processo de trabalho: “Pegamos o samba, criamos a harmonia e valorizamos os arranjos, efeitos e respirações para trazer um canto bonito e garantir a nota. Esse ano tivemos três grandes sambas na disputa, qualquer um deles daria tranquilidade para levar”.
Laboratório para a cabine 360º
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Sidclei e Marcella, fez um balanço positivo de 2025 e projetou expectativas para o próximo carnaval. Ele ressaltou: “Foi maravilhoso! A escola cumpriu tudo o que estava previsto e fez um grande desfile. Infelizmente, ficamos de fora em alguns quesitos, mas 2026 vai ser um ano maravilhoso”.
Marcella complementou: “Toda a proposta coreográfica que ensaiamos foi executada com maestria. Nossa fantasia trouxe materiais diferentes e efeitos inéditos. Mas como somos exigentes, já começamos o trabalho para 2026, focando nas novidades, cabine 360° e tudo mais”.
Ambos elogiaram o trabalho de Jorge Silveira: “Ele acertou em cheio nosso perfil de fantasia, não precisávamos alterar nada. Foi um presente novamente”, disse Marcella. Sidclei acrescentou: “Jorge conseguiu entrar na nossa essência, no que queremos e gostamos, e está de parabéns não só pelo casal, mas por todos os carros alegóricos e quesitos que ele carrega”.
Sobre a cabine espelhada, o casal explicou: “Estamos fazendo um laboratório, estudando movimentos e coreografias para que a proposta do 360° aconteça de forma tradicional, respeitando a essência do do quesito, atendendo a todos os cantos da Sapucaí”, comentou Marcella.
Mestres da ‘Furiosa’, Guilherme e Gustavo: ‘Sequência de notas máximas’
Mestre Guilherme celebrou os resultados de 2025: “Graças a Deus conseguimos mais um ano de 40 pontos. Cada ano é sempre uma novidade, um novo samba, novo enredo, novos ritmistas, mas mantemos 90% da bateria do último carnaval. Vamos para mais um ano de nota máxima”.
Mestre Gustavo complementou sobre o desafio do ano: “Trouxemos instrumentação externa, amigos músicos e percussionistas que vieram desfilar conosco. Foi um ano de desafio, mas deu tudo certo”.
Diretor de Harmonia: ‘Trabalho em sintonia com o carro de som’
Paulo Dimitri, um dos membros da direção de harmonia, elogiou a parceria entre a equipe. “São três cabeças pensando, mas sempre chegamos a um consenso rápido. Parece que um já sabe o pensamento do outro. Vamos para o terceiro ano assim, com muito entrosamento”.
Ele reforçou a preparação antes dos ensaios de rua: “Trabalhamos primeiro dentro da quadra, forçando o canto com a comunidade. Só depois levamos para a rua”.
Sobre a relação com Alemão do Cavaco, concluiu: “É um grande profissional, muito detalhista. No olhar já nos entendemos. Temos certeza que vamos nos dar bem”.
Como passaram os sambas na final
Parceria de Rafa Hecht: A obra de Rafa Hecht, Samir Trindade, Thiago Daniel, Clairton Fonseca, Fabrício Sena, Deiny Leite, Felipe Sena, Ricardo Castanheira, JP Figueira e Deco foi a primeira a se apresentar na final. Marquinhos Art’ Samba e Leonardo Bessa comandaram os microfones principais. O público começou a cantar o samba ainda na passagem de som. O refrão: “Professora volta pra Academia / Traz Pamplona e Arlindo pra celebrar / Não esquece João, é desse terreiro / Revoluciona outra vez, Salgueiro!” levantou o público todas as vezes que foi cantado, mostrando uma potência notável. Quando o samba ficou a cargo da torcida, sem bateria nem cantores, o canto se manteve sólido e de alto nível. O trecho: “Que ti-ti-ti é esse pelo mundo a me levar? / Naveguei sem sair do meu lugar / Aportei no dia 22 de abril / À sombra de um pau-brasil” sacudiu o público a cada passagem. Foi uma belíssima apresentação, que não se mostrou tímida por ser a primeira da noite. O samba se mostrou pronto e forte candidato a se tornar o hino salgueirense de 2026. Ao fim, a obra recebeu gritos de “É campeão”.
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Parceria de Marcelo Motta: O samba de Marcelo Motta, Dudu Nobre, Julio Alves, Manolo, Daniel Paixão, Jonathan Tenório, Kadu Gomes, Zé Moraes, Jorge Arthur e Fadico foi conduzido pelos intérpretes Tinga e Pitty de Menezes. A apresentação foi boa, e o refrão:
“O LELÊ! EIS A FLOR DOS AMANHÃS / A DÉCIMA ESTRELA BRILHA EM ROSA MAGALHÃES / ONDE O SAMBA É PRIMAVERA, QUE FLORESCE EM FEVEREIRO / NEM MELHOR, NEM PIOR… SALGUEIRO!” funcionou muito bem, com as bossas da Furiosa, fazendo a quadra inteira levantar. Quando o canto ficou apenas com a torcida, o samba foi bem executado. No entanto, após isso, a recepção da quadra se mostrou mais regular. O desempenho no palco foi excelente, mas, longe do refrão, a quadra, em algumas passadas, não correspondia à altura. A torcida ainda cantou o refrão duas vezes após o encerramento da apresentação. Em suma, foi uma boa apresentação, mas levemente contida.
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Parceria de Marcelo Adnet: A lenda Wander Pires foi o intérprete da obra dos compositores Marcelo Adnet, Gustavo Albuquerque, Babby do Cavaco, André Capá, Bruno Zullo, Marcelinho Simon, Rafael Castilho, Luizinho do Méier, Igor Marinho e Fabiano Paiva, que se apresentou por último na noite. Com uma letra rica em referências a Rosa Magalhães, a apresentação foi boa. O refrão: “Deixa meu povo festejar / Lembra, sou eu… O seu carnaval / No meu jardim quem te viu primeiro / Ó linda Rosa, foi o Morro do Salgueiro” funcionou com o público, mas ficou atrás em comparação com os dois anteriores. Quando só a torcida cantou, o desempenho foi excelente, assim como o dos concorrentes. Em suma, foi uma boa apresentação, mas não apresentou a consistência de uma obra campeã.
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