Rumo ao sétimo carnaval na Unidos do Porto da Pedra, o carnavalesco Mauro Quintaes levará para Avenida no ano que vem o enredo “A História que a Borracha do Tempo Não Apagou”, que será desenvolvido novamente em parceria com o enredista Diego Araújo. A escola contará na avenida a história de Fordlândia, cidade utópica de Henry Ford, fundador de uma das maiores montadoras do mundo, no meio da Amazônia. O enredo tratará da tentativa do norte-americano de construir a cidade industrial no meio da floresta e o consequente abandono da ideia, após resistência do povo nativo. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Mauro explicou o enredo da Porto da Pedra para o carnaval de 2025. Segundo o artista, a história será desenvolvida com “muita loucura” na avenida.
“Essa história já é conhecida, eu já tinha ela guardada, ela foi enredo no carnaval virtual, vim saber disso depois. É uma história fascinante, a ideia é trazer de novo essa resistência da Amazônia. É uma grande fábula, eu vou tratar o enredo com muita loucura, nada vai ser palpável, nem correto, é só tirar pela logo que a gente vê que vai ser uma grande loucura. A Fordlândia foi uma grande loucura de um grande empresário”, explicou.
Retorno ao Grupo Especial do Rio
O carnaval de 2024, quando desenvolveu o enredo “Lunário Perpétuo – A profética do saber popular” na Unidos do Porto da Pedra, marcou o retorno do carnavalesco Mauro Quintaes ao Grupo Especial do Rio de Janeiro após cinco anos. Segundo Mauro, trabalhar no Rio representa uma maior “liberdade criativa” em comparação com o carnaval de São Paulo, onde trabalhou.
“Eu fiquei um período grande em São Paulo, consegui bons resultados, mas chega uma hora que você sente saudade da liberdade criativa, da troca, do seu nome ser citado. Acho que o Rio tem essa característica de valorizar o carnavalesco. No Rio, o carnavalesco consegue mudar a história de uma escola. Me deu essa saudade, mas não descarto São Paulo, pois está em um grande momento e quem sabe a gente não vai indo e voltando? Acho que o importante é a gente estar em cena”, disse.
Parceria com Diego Araujo
O enredo de 2025 da Porto da Pedra “A História que a Borracha do Tempo Não Apagou” será novamente desenvolvido em parceria do carnavalesco Mauro Quintaes e o enredista Diego Araujo.
“Durante quase 20 anos, eu trabalhei com o João Gustavo Melo, que é meu amigo, meu irmão, mas em determinado momento ele não pôde fazer nosso enredo lá no Império de Casa Verde e ele me sugeriu o Diego. Nós conversamos e de cara foi uma afinidade muito grande, pois o Diego é um amigo, um companheiro, é engraçado, descontraído, espiritualizado. A chegada do Diego agregando ao meu trabalho foi muito confortável para mim e tanto ele quanto o Gustavo entendem a minha cabeça”, disse Mauro Quintaes, sobre a parceria com o enredista.
“Já é nosso terceiro ano de parceria e eu sempre procuro buscar o foco da Amazônia porque é ali que o Diego se sente mais confortável”, completou.
Mauro Quintaes completa 30 anos como carnavalesco e projeta futuro: ‘Não me acomodo’ O carnaval de 2025 marcará os 30 anos de carreira de Mauro Quintaes como carnavalesco. O início do trabalho do artista também se deu na Unidos do Porto da Pedra, sua atual escola, em 1995. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Mauro fez um balanço de sua carreira.
Mauro iniciou a carreira como assistente do carnavalesco Max Lopes, na Unidos de Vila Isabel, e também trabalhou na equipe de Joãozinho Trinta. Em 1995, assinou seu primeiro carnaval, na Caprichosos de Pilares pelo Grupo Especial, e pela Porto da Pedra, conquistando o título do Grupo de Acesso do carnaval do Rio de Janeiro.
“Eu completo meus 30 anos de carreira e tenho meus prós e os contras com relação a isso, acho que todos tem. É uma vida dedicada à cultura do carnaval, à arte carnavalesca. O balanço que eu faço é ver das pessoas que realmente eu deixei alguma coisa, que eu contribui com alguma coisa. Ter esse reconhecimento para mim já é suficiente”, disse Mauro.
Ao traçar os pontos altos e baixos da carreira, Mauro Quintaes lamenta os rebaixamentos sofridos, sobretudo os que considera injustos: “Sempre que uma escola cai é um momento ruim, sempre que uma escola é injustiçada é um momento ruim. Essa cultura da escola que sobe tem que descer precisa ser mudada, eu espero que com essa nova administração na Liesa a gente consiga reverter isso. Sempre que uma escola desce você carrega uma tristeza muito grande”.
De positivo, o carnavalesco destaca o reconhecimento e as amizades que acumulou ao longo da carreira. Mauro Quintaes relembra o apoio que recebeu durante a pandemia de Covid-19, quando ficou internado em tratamento contra a doença.
“Coisas boas são as pessoas que eu trouxe, as afinidades, as amizades, o carinho que eu recebo e isso ficou muito comprovado na pandemia quando eu passei por um problema, a quantidade de mensagens de todos os segmentos me fez entender o quanto esses 40 anos me fizeram ter mais pessoas perto de mim”, comentou.
Futuro
Às vésperas de completar 30 anos de carreira, o carnavalesco Mauro Quintaes projeta o futuro de sua carreira. Segundo o artista, o segredo para estar tanto tempo em destaque é sempre se renovar.
“É trabalhar, sempre trabalhar. O importante para um carnavalesco com uma carreira consolidada de 40 anos é não se acomodar, eu não me acomodo, pesquiso, procuro, trago novidades porque se o carnavalesco não se oxigenar, não se renovar, obviamente ele vai estar estagnado e o público vai reconhecer que aquele carnavalesco já não é mais o mesmo. Eu procuro sempre estar em cena, buscar novidades, me nutrir de gente jovem porque eles vão moldando todo esse final de trajetória”, concluiu Mauro Quintaes.