Marco Antonio Marino foi contratado como novo diretor de carnaval da Beija-Flor após o carnaval deste ano. Após iniciar os trabalhos na Azul e Branca de Nilópolis, ele, em conversa com o CARNAVALESCO, conta como estão sendo os primeiros meses à frente da direção de carnaval, o que vem para a disputa de samba, e como Laíla, homenageado da escola no próximo carnaval com o enredo “Laíla de todos os santos, Laíla de todos os sambas”, é uma inspiração para o seu trabalho.

Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Marino começou contando sobre qual seria o grande desfile de Laíla na Beija-Flor, porém, pontuou que é impossível escolher um só, apesar de ressaltar o campeonato de 2018 da escola: “Se você for analisar com calma, tu não vai conseguir achar um só. Você vai achar um monte, eu posso te citar aqui uns dez. Mas tem um que para mim foi assombroso foi 2018. E eu falo isso em termos de técnica de desfile, a evolução que a escola teve. A escola, na verdade, não desfilou naquele ano, a escola flutuou. E você via a escola toda cantando, a plateia cantando, o arrastão cantando, acabou cantando. Não estou falando de parte plástica, estou falando parte mesmo técnica. Eu acho que 2018 foi um carnaval que me marcou bastante da Beija-Flor”.

Beija-Flor ressalta pontos didáticos da sinopse que homenageia Laíla: Fé, protagonismo preto e profundo conhecimento musical

Ao falar da disputa de samba o diretor ressaltou que espera que os compositores da escola busquem transmitir a emoção prometida pela sinopse e pelo tema do enredo em si, e que a inspiração seja tão emocionante quanto a do último campeonato da escola: “Eu espero que eles façam um samba de novo igual a 2018. Que todas as parcerias façam um samba, não exatamente igual em termos de melodia, nem letra. Eu digo de emoção e de juntar o público”.

Sinopse da Beija-Flor de Nilópolis para o Carnaval 2025

Para Marino a sua principal função desde que chegou na Beija-Flor tem sido ouvir e aprender da escola, de duas tradições e raízes, para poder corresponder a tudo que foi confiado a ele no cargo de diretor de carnaval: “É uma escola que tem uma tradição imensa. É uma escola com um chão muito forte. É uma escola que tem raízes muito profundas e ninguém vai chegar aqui e dizer que vai mudar, porque eu acho que a Beija-Flor não precisa de mudança, a Beija-Flor precisa de união. De alguém que una a galera, demonstre que tem um caminho a se seguir e que se a gente seguir esse caminho pode dar muito bom. Eu acho que o maior trabalho que eu tive até agora foi ouvir bastante. Não só os funcionários, os presidentes. Ouvir componente. O máximo que eu posso tenho respondido as pessoas também que me mandam mensagem. Eu estou na verdade em um ponto, agora não, que começou o trabalho em si, porque a gente começou os protótipos, mas esse tempo até o protótipo começar, eu fiquei totalmente envolvido na questão de sinopse e de ouvir os componentes. Todos, componentes, torcedor, ouvi tudo. Todos que me mandaram mensagem, todos que me falaram alguma coisa, foram ouvidos. Agora chegou o momento da gente poder ter um trabalho mais próximo e poder desenvolver com calma. Eu acho que a Beija-Flor já tem a sua alma vencedora. Diretor de carnaval, eu sempre falo isso, ele não ganha carnaval, perde quando ele atrapalha a escola. Eu acho que a função maior do diretor de carnaval, além de uma gerência de produção, é unir a escola mesmo”.

Por fim, Marino contou o tamanho da responsabilidade em relação ao enredo, colocando que ele é um enredo sobre a alma da Beija-Flor. Além disso, citou como ele enxerga a homenagem a Laíla com sua própria história, que teve a participação do sambista: “Eu vou te falar uma coisa que vai parecer meio clichê, mas não é. Eu tenho a nítida sensação por dentro, bem na minha energia, na minha essência, de que eu não estou aqui a toa, que eu fui escolhido para estar aqui. Escolhido pelo presidente, escolhido pelas pessoas que gostam da escola, escolhido por ele, Laíla. Muita gente não sabe, mas ele me ajudou, inclusive, na Tijuca, porque quando eu fui para a Tijuca no ano passado, alguns anos atrás, ele me contou como é que foi a trajetória dele lá. É evidente que quando eu fui eu já sabia uma forma de conduzir o trabalho de forma a respeitar as pessoas. Eu estar aqui na Beija-Flor, porque para mim é um sonho, e principalmente depois de eu estar aqui a escola anunciar um enredo de Laíla, eu não tenho dúvida de tudo que eu passei na minha vida, as dificuldades que eu tive ao longo de toda a minha vida, tudo que eu batalhei para poder conseguir chegar a algum lugar, que ainda não cheguei a lugar nenhum para falar a verdade, eu acho que não foi em vão. Quando eu recebi o telefonema do presidente Almir para vir para cá, eu sequer sabia que seria Laíla o enredo, eu já tinha certeza que era uma dádiva, um prêmio muito grande para mim estar aqui. E aí quando o enredo foi Laíla eu acho que eu entendi, aí a minha ficha caiu. Meio que ele deve ter orientado o presidente lá do céu, a pensar no meu nome e deu certo, eu estou aqui”.