Em clima de alegria a União de Maricá definiu na noite de sexta-feira o samba que vai representar a escola no Carnaval 2024, a obra campeã é da parceria de Rafael Gigante, Vinicius Ferreira, Junior Fionda, Camarão Neto, Victor do Chapéu, Jefferson Oliveira, Marquinho Abaeté e André do Posto 7. Através do enredo “O esperançar do Poeta” a escola vai homenagear compositores que retratam a vida do povo negro através do samba e da esperança, em especial o compositor Guaracy Sant’Anna, mais conhecido como Guará, cabe ao carnavalesco André Rodrigues o desenvolvimento do enredo. A agremiação irá desfilar pela primeira vez na Marquês de Sapucaí, pela Série Ouro do carnaval carioca, ela será a sexta escola a passar pela avenida no primeiro dia de desfiles.
“Essa vitória representa muita coisa, esse enredo se propõe a falar de uma das maiores referências que todo compositor pode ter, que é o Guará, automaticamente quando se homenageia o compositor do quilate do Guará, nós estamos falando de todos os outros compositores que vem com a herança musical do dele. A gente escrever para uma escola de samba que vai ter a representatividade que vai ter a União de Maricá, que carrega a história de uma cidade, que carrega a história uma gente que é unida, que dão as mãos, que lutam pela evolução e comunhão. Isso é importante pra gente. A nossa missão era chegar aqui e tentar fazer o resumo da vida de um cidadão que vem de baixo, que luta, que só pra manter o social e que vence. Eu acho que a gente conseguiu entregar para escola o que a escola precisava. A gente está muito feliz. Eu amo a parte do refrão ‘Maricá é meu país, meu país é Maricá’”, disse o compositor Rafael Gigante.
“Essa vitória representa a união da nossa parceira. O resgate da história maravilhosa do Guará, e levar isso para a avenida com um samba maravilhoso, todos os compositores ao final da composição ficaram felizes, estavam todo entusiasmados com a obra que fizemos, hoje foi a coroação desse trabalho. Eu gosto da parte final do samba, acho muito forte”, completou o compositor André do Posto 7.
“Maravilhoso! A gente como compositor de escola de samba, participa de várias escolas. Começar com o pé direito aqui, em Maricá, faz colocar em prática o projeto de continuar disputando samba aqui. Agora, vamos comemorar muito. O refrão do meio é a parte que mais gosto. Essa foi a primeira parte do samba que a gente fez”, contou o compositor Victor do Chapéu.
Carnavalesco cada vez mais inserido na escola
Estreando na agremiação, o carnavalesco André Rodrigues falou o que representa para ele conduzir a Maricá em seu primeiro desfile na Sapucaí, segundo ele é algo que o deixa muito feliz e que a medida que os dias passam ele se sente mais inserido dentro da escola, André contou que busca entregar o melhor para escola, é algo que todos merecem.
“É uma mistura de emoções, a gente tá muito acostumado com vários processos, mas eu procuro viver as coisas de maneira mais intensa, eu tô muito feliz, eu absorvi as ideias da escola, ideia de ser uma escola nova, que pouquíssimas pessoas já pisaram, a ideia de ser uma escola que tem um viés de discurso que ela procura fazer, procura impregnar muito forte. Tá acontecendo ainda, eu tô curtindo esses momentos, tô feliz pra caramba, é uma escola de pessoas muito acolhedoras e eu acho que conforme o tempo for passando eu vou me sentindo mais em casa e eu acho que cada vez mais essa pergunta eu vou ter menos resposta pra ela, porque aí eu já vou estar completamente em casa, então eu não vou saber o que responder pra isso, mas por enquanto eu tô tentando curtir o processo, entender o que é a União de Maricá, procurar construir essa escola também junto com eles e com calma e com segurança, procurar fazer o melhor Carnaval possível pra eles. É isso que eles merecem, eu acho que é isso que eles querem também”, disse o carnavalesco.
Perguntado sobre a estrutura de trabalho oferecida pela escola, André Rodrigues diz que a escola tem conseguido se construir fora do que estamos acostumados a ver no grupo de acesso, ele já passou por outras escolas do grupo e enfrentou dificuldades que não enxerga na Maricá, para ele, ter essa segurança é fundamental para a construção do carnaval da escola. Para ele, essa segurança garante uma equipe cada vez mais forte.
“O que facilita na verdade é um dos principais aspectos que seja uma escola que consiga se construir fora do sucateamento que é a série A. O infeliz sucateamento que vivem as escolas desse grupo. Eu fiz aí dois anos como carnavalesco, a Sossego e a Niterói, a gente não tinha muita saída, verba em cima da hora, um barracão complicado, enfim, tem muita coisa que envolve isso e eu acho que a união de Maricá como que ela se propõe e com o apoio que a Prefeitura dá acho que ela tem condições de se transformar numa escola organizada. Ela tá se entendendo ainda com essa organização, parte dessa verba é verba para estruturação da escola que eu acho que é o principal, antes mesmo dela pensar em pisar na Sapucaí ela tem que pensar em dar segurança pros trabalhadores, segurança de trabalho, mas também segurança financeira, de acordos, enfim, coisas que são importantes e primordiais para uma relação entre empresa e trabalhador e eu acho que ela tá conseguindo fazer isso. Com calma, eh e pensando passo a passo. Agora outro ponto interessante é a equipe que construímos. Eu acho que tudo isso contribui. E eu acho que isso também é bom pra gente conseguir contratar bons profissionais. Profissionais que consigam transformar a união de Maricá nesta escola de samba que seja uma escola de chegada. Uma escola de samba que se dá também da maneira organizada como ela está tentando se construir. Que isso se reflita na avenida, isso é o principal porque eu também passei por algumas situações onde a gente não consegue chegar na avenida da forma que planejamos”, pontuou André.
Presidente promete que escola vai pisar forte
Ao projetar o que espera da estreia da escola na Sapucaí em 2024, o presidente Tadeu Marinho disse que a expectativa é a melhor possível, para ele, a equipe que foi montada vai contribuir para que a escola chegue firme na avenida e faça um grande desfile.
“A gente tem certeza que com esse time que foi montado, um time firme e forte, onde nós contratamos grandes personalidades do carnaval, somando junto com a galera que já estava, acredito que vamos fazer bonito. Não tenho dúvida nenhuma. Temos tudo para fazer um belíssimo carnaval e esse é o nosso objetivo, com toda a comunidade, e todas as áreas reunidas. A diretoria quer escolher hoje um grande hino para que nós possamos fazer um grande carnaval ano que vem”, disse o presidente.
Parceria no canto de Maricá
Para estreia na Sapucaí, a União de Maricá terá uma dupla de intérpretes, Matheus Gaúcho, que foi campeão com a escola na Intendente, e Nino do Milênio, que chegou para 2024, porém, não pode estar na final, devido um problema de saúde.
“O Nino está com um problema na garganta, uma inflamação que o deixou com muita dificuldade de cantar. Para se resguardar, ele não está presente hoje. Mas, em breve ele volta para cantarmos juntos o nosso samba para 2024. Minha estreia como intérprete oficial na Sapucaí também será com a Maricá. Já fui apoio lá por muitos anos, mas a missão é conseguir contagiar a Avenida, fazendo com que o componente cante, vibre e tenha orgulho de ser União de Maricá. Tenho a certeza de que a dupla fom o Nino dará show na avenida. O Nino é um dos grandes cantores da nova geração e eu fico muito feliz de poder estar cantando ao lado dele. É um cara muito bacana, que está sempre querendo somar com o nosso trabalho. Vontade não vai faltar. Como falei, passei 10 anos como apoio. Agora, tem aquele frio na barriga de ser o cantor oficial. A gente trabalhando e ensaiando, será um grande trabalho e a ansiedade será substituída pelo sucesso”, comentou o cantor Matheus Gaúcho.
Bateria preparada
Responsável pela bateria, mestre Paulinho Esteves contou o que projeta fazer na estreia da escola na Sapucaí.
“A parte de estrear que é o gostoso. Não tem a pressão, estresse… é fazer tudo com naturalidade. A galera daqui está bem unida e bem tranquila com a questão da estreia. Tem todo o nervosismo, claro, mas o ambiente que temos hoje favorece a só deixar a energia levar. É pela bateria se nova e ser uma estreia, tem uma preocupação sim. Porém, o trabalho que eu estou colocando com a bateria e com a diretoria, será bem coeso, da forma que o jurado consiga entender tudo o que a bateria está passando, em cima do samba. Os jurados podem esperar uma bateria ousada, bem afinada, com bastante ritmo, com bom swing de caixas e repique, que é o meu xodó dentro da bateria. Eu ainda não preparei o conjunto de bossas, porque gosto de trabalhar na melodia do samba”, afirmou.
Casal experiente
Experientes, o casal de mestre-sala e porta-bandeira da Maricá, Fabrício e Giovanna, vão para o quinto ano juntos e ainda sentem o frio na barriga, como contou a porta-bandeira.
“Dá um frio na barriga, porque nós vamos estrear junto com eles. Mas, eu acredito muito no chão da escola, a Maricá está bem estruturada, está sabendo fazer o projeto que é muito bonito. Eles estão preparados para fazer um grande desfile. O Fabrício, além de ele ser um cavalheiro, ele faz a parte da coreografia do casal. Ele é amigo, uma pessoa excepcional. A nossa amizade só tem a somar no nosso trabalho. Ele tem muita paciência comigo. Juntamos o útil ao agradável. Eu estou muito emocionada com a União de Maricá. Ela pode esperar um carnaval belíssimo, que eu tenho a certeza que nós iremos fazer. Esperar muita alegria de Fabrício e Giovana”, disse Giovanna.
“Eu acho que tem o peso da estreia da escola. Está se criando uma atmosfera de surpresa, de grandiosidade. Com isso, espero que a gente tenha uma desenvoltura tão boa, quanto nos outros anos. A gente vai trabalhar muito para isso, espera que tudo dê certo, mas para a gente não é um desfile qualquer. É um desfile que, da nossa parte, necessita de atenção, para que, junto com a escola, possa fazer o desfile grandioso que está sendo anunciado. Hoje, de uma maneira geral, se olhar os casais você vai encontrar um padrão de apresentação. E a Giovana é uma porta-bandeira orgânica, que não está presa a um formato. Tento trazer um pouco do padrão que se espera na linha coreográfica, mas encontro nela uma pessoa orgânica. Por isso, eu acho que nosso casamento é bem feito. Eu já tenho alguma coisa na cabeça. A partir da semana que vem já começaria a trabalhar. Eu tenho a facilidade de desenhar o projeto na cabeça. Eu não abro mão de pensar na dança de como fazer acontecer, a partir de semana que vem, com o samba novo, a gente começa a trabalhar a apresentação do Carnaval 2024”, completou o mestre-sala.
Escola vai incluir bairros da cidade no processo até o desfile
O diretor de carnaval Wilsinho Alves faz sua estreia na agremiação de Maricá, para ele comandar a escola em seu primeiro desfile na Sapucaí é uma responsabilidade enorme, mas que a cada dia que passa se sente mais preparado para essa missão, segundo ele, o trabalho maior é moldar a escola a chegar em novo momento de sua história.
“Eu venho me perguntando sobre o tamanho dessa responsabilidade desde que eu fui contratado. E a cada dia que passa e a cada pessoa que eu converso aqui, a cada novo componente que eu conheço, a cada membro da diretoria que eu conheço, essa minha noção da importância desse trabalho só aumenta, porque é um trabalho de moldar uma escola a chegar em um novo momento, mas é uma escola que tem uma visão de mundo muito importante, é uma visão social, é uma visão democrática e eu acho que é uma lupada de novos ares pro carnaval, muito importante para União de Maricá. Eu tô muito satisfeito, mas também eu adoro essa pressão que tá sendo sobre a gente, sobre mim, sobre o André, sobre o cabeça, sobre o Patrick, tenho certeza que a União de Maricá vai fazer um carnaval belíssimo e vai corresponder às expectativas”, pontuou Wilsinho.
Perguntado sobre a estrutura e organização que a agremiação tem demonstrado ter, Wilsinho informou que na verdade a escola não possui estrutura para desfilar na Sapucaí, mas que com o apoio e a valorização do projeto ela está caminhando rumo a um grande desfile, apesar de valorizar o aporte financeiro depositado pela prefeitura de Maricá, o diretor destaca que as pessoas envolvidas na escola são muito trabalhadoras e buscam o melhor sempre.
“Na verdade, a gente não pode confundir estrutura com outra coisa, na verdade a União de Maricá não possui estrutura, ela não não tinha um barracão, teve que construir um barracão. A União de Maricá não tinha o ateliê, teve que alugar um espaço, construir um espaço, porque o espaço tava completamente deteriorado. A União de Maricá não possui carros alegóricos, a gente está adquirindo alegorias, construindo do zero. A União de Maricá não possui muita coisa para começar seu Carnaval. E agora que a gente tá começando, o projeto já está em andamento, agora a gente tá vendo, sabíamos da dificuldade, mas o planejamento de tudo é muito dificultoso realmente, o que a União de Maricá tem é uma equipe de trabalho muito boa, as pessoas daqui são muito trabalhadoras, elas são voltadas para União de Maricá, teve sim um aporte financeiro, uma parte dele que é importante ter isso, a União de Maricá nem desfilava e aí para que haja igualdade entre as escolas onde a Maricá precisava disso pra poder comprar as suas alegorias, comprar os seus maquinários, para começar a construir seu carnaval. Então estrutura a União de Maricá não tem, a União de Maricá tem na verdade pessoas que dão esse suporte pra gente fazer o trabalho”, disse Wilsinho.
Para o próximo carnaval Wilsinho diz que a escola vai desfilar com 1800 componentes, sobre os ensaios de rua ele informou que a ideia é levar para vários distritos de Maricá, ele também revelou que as fantasias da escola serão produzidas em vários locais diferentes da cidade, o projeto é incluir todo o município no desenvolvimento da agremiação.
“A União de Maricá deve desfilar com aproximadamente 1800 componentes. Ensaios aqui é fácil, como a prefeitura é um parceiro nosso aqui a gente tem um espaço bom na frente da nossa quadra, a própria área externa aqui da nossa quadra já é um bom espaço pra ensaios, mas a gente vai fazer ensaios em outros distritos de Maricá, em Itaipuaçu por exemplo, na verdade a gente vai inserir todos os distritos de Maricá no projeto, assim como vamos fazer fantasias nos distritos de Maricá. Então, é um projeto, como eu falei, não é só fazer, fazer carnaval, chegar na avenida. É claro que isso é importantíssimo, mas tem o projeto social envolvido e isso é muito importante pra mim e pro André, para as pessoas que estão dentro do projeto. A gente precisa fazer com que a União de Maricá e o projeto dela se consolide no grupo”, finalizou o diretor de carnaval
Análise das parcerias na final
Parceria de Rafael Gigante: o samba composto pelos compositores Rafael Gigante, Vinicius Ferreira, Junior Fionda, Camarão Neto, Victor do Chapéu, Jefferson Oliveira, Marquinho Abaeté e André do Posto 7 foi o primeiro a se apresentar na final, coube a Emerson Dias interpretar a obra, com muito vigor, ele fez com que a obra se mantivesse firme durante os 20 minutos de apresentação. A parceria contou com um bom número de torcedores e todos eles estavam com bandeirinhas da agremiação, dentre os torcedores foi possível observar alguns segmentos da escola, como passistas, a aceitação do samba por parte de diretores de harmonia também se mostrou forte. A parte que mais se destacou da obra foi uma frase do refrão que reverenciava a cidade de Maricá: “Maricá é meu país! Meu país é Maricá!”, no geral o samba se apresentou bem e manteve um bom ritmo.
Parceria de Lipe Moraes (Trio Espírito Santo): o samba composto por Lipe Moraes (Trio Espírito Santo), Vinicius Moro, Magnun Amado, Leo Mariano, Michael Mendonça, Filipe Bittencourt e André Tertuliano foi o segundo a se apresentar na final, os intérpretes responsáveis por conduzir a obra foram Niu Souza e Leozinho Nunes. Com refrões fortes o samba passou de forma satisfatória durante a final, torcida extremamente numerosa contribuiu para que a obra se mantivesse forte durante os 20 minutos de apresentação, vale destacar a presença de inúmeras bandeiras nas cores da escola, além do uso de papéis picados e fumaças. Os refrões foram as partes mais cantadas, com destaque para o principal que diz “A voz do meu samba na União de Maricá”.
Parceria de Babby do Cavaco: o samba composto por Babby do Cavaco, Marcelo Adnet, João Vidal, Gabriel Machado e Gustavo Albuquerque foi o terceiro a se apresentar, os intérpretes responsáveis por conduzir a obra foram Bico Doce, Vitor Cunha e Ito Melodia, com muita energia ambos fizeram uma apresentação firme. A torcida, apesar de menos numerosa em comparação com as anteriores, se mostrou animada e cantou com empolgação. A parceria usou fumaça, papéis picados e pirotecnia para chamar o público, alguns segmentos cantaram junto, principalmente, o refrão principal.
Parceria de Mano 10: o samba composto por Mano 10, Kleber Cassino, Dinny da Vila, Serginho 10, Alan Carvalho, Marcelo Wolve, Junior Gliot e Silvio PQD. Intérprete: Juan Briggs foi a última a se apresentar. A torcida extremamente numerosa deu conta do recado e cantou com muita empolgação, até mesmo no momento em que os cantores paravam era possível ouvir o canto forte dos brincares, todos carregavam bandeiras e outros adereços que ajudaram a causar um ambiente muito festivo. A apresentação foi correta durante os 20 minutos de exibição, vale destacar o refrão do meio que faz menção ao samba “Sorriso Aberto”.