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Maria, Maria… É preciso ter sonho sempre: a força feminina e a ancestralidade na Ala das Baianas da Portela

A Portela trouxe um enredo emocionante, homenageando Milton Nascimento e sua icônica canção Maria, Maria, que celebra a força e a resiliência das mulheres. A ala das baianas, um dos pilares da escola, traduziu essa homenagem em cores, símbolos e histórias que reforçam a ancestralidade, a coletividade e a espiritualidade feminina.

Giane Carla, de 59 anos, presidente da ala há 25 anos, nasceu e cresceu dentro da Portela. Para ela, a ala das baianas é a materialização da força da mulher cantada por Milton. “A fantasia carrega elementos religiosos como véus, ostensórios e estandartes, que representam a fé e a espiritualidade das mulheres. O catolicismo, o espiritismo, a crença em algo maior está presente em cada detalhe”, explicou. As saias das baianas estamparam fotos das mulheres que compõem a ala. “É uma forma de honrar aquelas que vieram antes de nós e mostrar que somos parte de uma grande família”, disse Giane, emocionada ao falar do legado familiar que carrega. Sua madrinha foi cunhada de Paulo da Portela, e sua mãe era passista. “A [ala da] baiana é minha história, minha vida”, completou.

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Luciana Divina, 52 anos, desfila há 40 anos como baiana e há 5 na Portela, compartilha da mesma emoção. Para ela, a música Maria, Maria é um retrato das mulheres da ala. “Somos mães, filhas, tias, sobrinhas, cada uma com sua história de luta e superação. Renascemos todos os dias, nos reinventamos, e isso é o que nos torna fortes”, afirmou. Os elementos religiosos nas fantasias, como os véus e estandartes, simbolizam a fé e a esperança que movem essas mulheres. “Acreditamos que sempre vai melhorar, que o amor vai vencer. Maria, da Bíblia, foi uma mulher simples, mas fez a diferença. Assim somos nós, as Marias da Portela”, disse Luciana.

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A presença das fotos das mulheres nas fantasias é um dos pontos mais marcantes da homenagem. Luciana foi uma das baianas homenageadas na fantasia. “Desfilar com a minha foto na fantasia é uma honra. Minhas colegas também carregam as fotos de outras mulheres da ala. É uma representatividade pura, um reconhecimento da nossa luta e da nossa história”, comentou Luciana. Essa conexão com o enredo de Milton Nascimento é ainda mais profunda pela gestão da ala, que passa de geração em geração. Giane Carla, que herdou o cargo de sua madrinha, já pensa no futuro: “Quando eu não puder mais, minha filha ou neta estará aqui. A Portela é uma escola família, uma escola de mulheres fortes”.

A ala das baianas da Portela é um símbolo de resistência, fé e união. Neste Carnaval, elas mostraram ao mundo que, como na canção de Milton, é preciso ter sonho sempre. E, para as Marias da Portela, o sonho é manter viva a chama da ancestralidade, da coletividade e da força feminina.

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