O sucesso estrondoso da comissão de frente da Mocidade Independente de Padre Miguel no Carnaval de 2025 ainda reverbera. Prova disso foi a audição histórica, que atraiu um número sem precedentes de candidatas sonhando em integrar o elenco que levará a história de Rita Lee para a Marquês de Sapucaí em 2026. O palco para a seletiva, a praça central da Cidade do Samba, ficou pequeno para tantas inscrições. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o coreógrafo Marcelo Misailidis não escondeu a surpresa com a dimensão que a audição tomou.
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“Com certeza, foi um numero que nunca recebi antes, nem mesmo para um concurso público de bailarinas profissionais”, revelou.
A escolha do local, segundo ele, foi uma necessidade logística. “A ideia de realizar a audição na Cidade do Samba se deu pelo grande numero de inscrições que recebemos, e pelo fato de precisarmos de um espaço que pudesse comportar tantas inscrições”.
Para Marcelo Misailidis, a alta procura é um reflexo direto da repercussão do trabalho anterior. “Acredito que sim, o sucesso e a visibilidade que a Comissão de Frente alcançou no desfile [de 2025], as inúmeras premiações, e os debates decorrentes da apresentação deste trabalho, ainda ecoam na memória de todos que vivem com mais intensidade o cotidiano das escolas de samba”, analisou o coreógrafo.
Avaliação rigorosa em duas etapas
Com um universo tão vasto de candidatas, a equipe de avaliação precisou adotar um método rigoroso para o funil de seleção. O processo foi dividido em duas fases distintas para garantir uma escolha precisa e técnica.
“Dividimos a prova em duas etapas, a primeira parte com foco especifico nas características artísticas desejadas no projeto, reduzindo o numero de participantes para somente 10% do total inscrito. E agora com numero reduzido, a segunda etapa vai analisar o potencial técnico mais apurado das candidatas, bem como a disponibilidade de cumprir a programação de todos os compromissos necessários da Comissão de Frente”.
Mistério sobre 2026: sem receitas prontas
Questionado se o elenco exclusivamente feminino teria relação direta com o enredo sobre Rita Lee, o coreógrafo manteve o mistério: “Não especificamente”. A mesma postura foi adotada ao ser perguntado sobre a presença de um elemento alegórico, o tripé, que não foi utilizado por ele em 2025.
Fugindo de fórmulas prontas, Marcelo Misailidis reforçou sua filosofia de trabalho, baseada na constante reinvenção. “Como mencionei anteriormente, a previsibilidade é o primeiro passo de quem não quer sair do lugar. Não tenho receitas, as que usei já usei e não me servem mais, estou enfrentando o desafio de começar do zero tudo de novo”, afirmou.
Ele ainda deixou uma reflexão sobre seu processo criativo: “Para haver uma criação artística, se faz imprescindível a necessidade da crise e do caos, não há como se manter no sucesso seguindo sempre a mesma receita”.
O número final de componentes da comissão de frente ainda não está definido, mas o coreógrafo garante que as candidatas que não forem selecionadas para o segmento ainda poderão ter a chance de brilhar na Mocidade. “Sim, aquelas candidatas que não passarem, poderão tomar parte de outro setor do desfile caso desejem participar”.
