Ex-presidente e agora diretor executivo da Viradouro, Marcelinho Calil celebra a safra de sambas-enredo da escola para o Carnaval 2024. A final acontece no dia 30 de setembro e até lá o clima é de muita alegria com o conjunto de obras da agremiação do Barreto, em Niterói. * OUÇA AQUI OS SAMBAS DA VIRADOURO

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Fotos: Rafael Arantes/Divulgação Viradouro

“É a melhor safra da nossa gestão. O conjunto é o fator principal para isso. O enredo afro, aguerrido, favorece melodias e sambas mais vibrantes. Para o Carnaval 2023, tivemos uma grande final. Esse ano gira em torno de uma energia. O enredo contribui muito para essa qualidade”, disse.

A Viradouro, que fechará os desfiles do Grupo Especial em 2024, levará para a Avenida o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre a energia do culto ao vodum serpente, desenvolvido pelo carnavalesco Tarcisio Zanon. Calil citou a condução do processo de elaboração dos sambas, principalmente, com a criação de audições fechadas no barracão, como fundamental para a qualidade das obras.

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“Fizemos o primeiro ano com audição no barracão. Foi bem livre. Algumas parcerias trouxeram uma coisa mais técnica, como violão, cavaquinho e percussão e outras com uma corda. Foi mais produtivo. Uma ideia do Alex Fab (diretor de carnaval). Foi um tira-dúvida eficiente. Extremamente produtivo. Participaram Tarcisio, João Gustavo (enredista) e Alex. Os dois pensam na letra, enredo e enquadramento dos setores. Eu e Alex pensamos no todo, como também na forma que o samba vai guiar, se está passando o espírito que vamos depositar no projeto do ano. A gente troca muito. Você tem bons sambas que falamos para refazer. A audição vai seguir para os próximos anos. É uma prévia. O compositor chega preparado”.

Veja abaixo mais tópicos da entrevista com o diretor executivo da Viradouro

Quem escolhe o samba?

“A gente não transfere responsabilidade. Temos um time que vai trocando experiências ao longo da disputa. De forma mais forte, eu, meu pai (Marcelo Calil, presidente de honra) e Alex Fab. No palco fico em todas apresentações com o Alex. Durante o processo, obviamente, a gente escuta todos os profissionais. Não é decisão autoritária. Sobre maneira de reagir aos sambas às vezes há um grande equívoco. As pessoas me olham mais quieto e acham que não estou gostando. As pessoas me olham cantando e pensam que o samba é maravilhoso. Não é necessariamente assim. Isso é até engraçado”.

A quadra muda samba?

“Tem samba que é muito mal gravado e ele é bom. Só a quadra vai mostrar isso. Você ouve bons sambas mal gravados, mas que sabemos que possui potencial porque vi no tira-dúvidas e sei o que pode entregar. Quando começa a disputa na quadra a gente tem uma noção boa das obras. Respeito o processo, a disputa de samba. A apresentação não vale mais do que qualidade de samba. A gente tenta colocar tudo em uma peneira e ir filtrando. Gosto de festa, da confusão, dar regra e o compositor tentar burlar (risos). Entrar um barco na quadra e etc, mas não vai resolver. Temos que ser bem frios e justos. Vejo muito a entrega. A gente conversa muito com as parcerias para elas prezarem a parte musical. Não fico ali pensando que é o samba do fulano. Obviamente, os grandes músicos tendem a fazer grande apresentação. Tem vibração, mas deixa isso mais para baixo. O cantor que canta pulando, deve respirar mal e cantar errado. Vibração é importante, mas uma grande apresentação musicalmente falando importa mais nas decisões”.

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Muitas parcerias inscritas no concurso de 2024…

“Não cobramos taxa de inscrição dos compositores. Acho isso muito doido. Não acho justo. Não vai mudar a vida da escola. Não é substancial. Vai afastar uma série de pessoas que podem fazer bons sambas. A disputa já custa muito. Na nossa gestão eu não quero e não vou fazer isso nunca. Ficamos com 30% que é para custear a disputa. Isso passou do nosso orçamento porque fazemos uma grande festa na final. A divisão ficou 60% para a parceria campeã e 5% para os outros dois finalistas. Adianto parte do dinheiro para a final e depois desconto”.