Durante a leitura da sinopse do enredo da Unidos de Padre Miguel para o Carnaval de 2026, o diretor da escola, Cícero Costa, falou sobre a escolha da nova homenagem, os desafios que a agremiação enfrentará com a saída da Cidade do Samba e o momento de transição na presidência, com sua filha Lara Costa assumindo o comando da vermelho e branco da Zona Oeste do Rio.
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A escola, que em 2025 homenageou Iyá Nassô e agora se prepara para retratar a história de Clara Camarão, guerreira indígena pouco conhecida, aposta novamente na força de narrativas femininas. “Esse enredo já veio com a ideia de ser mais uma homenagem a uma mulher”, contou Cícero. “Quando me apresentaram as propostas de enredo, eu já falei com a Lara: ‘É esse, tem que ser esse, entendeu?’, porque já gostamos de fazer isso. Estamos saindo da Iyá Nassô e agora vamos homenagear a Clara Camarão, pois acho que nada melhor do que contar uma história que poucos conhecem, por não estar nos livros”.
A leitura da sinopse também marcou um momento de despedida simbólica do Boi Vermelho da Cidade do Samba, onde esteve desde sua estreia no Grupo Especial. “Está programado para sairmos no dia 7 de junho”, informou o diretor, que admitiu um misto de frustração e resiliência com a mudança. “Para mim, é um pouco frustrante, mas faz parte. Vamos sair de lá com a cabeça erguida e a certeza de que entregamos o nosso melhor, e continuaremos trabalhando para voltar e nunca mais sair de lá”.
A volta ao antigo barracão, mais modesto, exige adaptações. “Muda tudo”, destacou ele. “Quando cheguei à Cidade do Samba e vi toda aquela estrutura física, tive que aumentar o número de chassis e as estruturas de largura, enquanto no Grupo de Acesso é tudo menor. A gente vai ter que se adaptar novamente ao nosso antigo barracão, que é, de fato, nosso”.
Com a presidência da escola agora sob o comando de sua filha, Lara Costa, Cícero vê o momento como simbólico e pertinente à proposta do novo enredo. “Se pararmos para analisar bem, estamos saindo de uma homenagem a uma mulher para outra, enquanto uma mulher assume a escola. O projeto está bem legal e alinhado, o pessoal vai gostar”.
Como pai e figura experiente no mundo do carnaval, ele compartilhou conselhos com a nova presidente. “Eu converso muito com ela para que tenha calma, muita sabedoria e ouça mais do que fale. Com o tempo, a gente vai aprendendo. Eu sei que ela é uma menina e que, quando se trata da Unidos, passa um filme na cabeça dela, e as frustrações chegam mais fortes, mas fazem parte. Eu acredito também que o melhor da Unidos ainda está por vir.”
Apesar do rebaixamento, a agremiação da Vila Vintém colheu frutos inesperados com o samba-enredo do último carnaval, “Egbé Iyá Nassô”, que segue sendo exaltado em eventos por todo o Rio. “Eu até comentei com o Bruno Ribas (intérprete), e falei: ‘Caramba, o samba explodiu para além do carnaval, olha que loucura’. Eu sabia que era um sambasso, muito bom, ele é maravilhoso, mas parece que as coisas aconteceram ainda mais depois do nosso rebaixamento”.
Sobre o que esperar da UPM no Carnaval 2026, Cícero Costa foi enfático: “Manter o padrão de alto nível já é um perfil nosso, que eu sei que o mundo do samba espera da gente, e não vai ser um rebaixamento que vai mudar isso. Já viramos a chave, mas, infelizmente, as coisas ainda estão recentes. Para nós, internamente, já passou. As frustrações se vão com o tempo. Já estamos trabalhando no carnaval de 2026. Vamos levantar a cabeça e prosseguir. Só queremos trabalhar. Deixa a gente trabalhar”.
Sinopse do enredo da Unidos de Padre Miguel para o Carnaval 2026