Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins (Colaboraram Naomi Prado, Lucas Sampaio, Nabor Salvagnini e Will Ferreira)
A Barroca Zona Sul manteve o desempenho no seu último ensaio técnico, na noite do último sábado, no Anhembi, do que tinha apresentado no treino de 25 de janeiro. Naquela oportunidade, o CARNAVALESCO classificou como um sucesso coletivo, o que também aconteceu neste sábado no Anhembi, mas tendo um destaque principal para o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Lenita e Marquinhos. O canto da comunidade somado à resposta do público também ficou em evidência, fora a bateria “Tudo Nosso”, que trabalhou nesses três ensaios para impressionar, além do ritmo imposto dentro da obra.
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A agremiação do Jabaquara terá como tema “Os nove oruns de Iansã”, assinado pelo carnavalesco Pedro Magoo, sendo a segunda agremiação da sexta-feira de carnaval.
‘’O ensaio trabalhoso. Nós passamos com mais de 1.200 pessoas na avenida, ensaio espetacular para o Barroca Zona Sul, todos nós sabemos que um grande espetáculo, o Barroca vem seguindo com o máximo de aperfeiçoamento em cada ensaio, trazendo todos os nossos trabalhos de reuniões incansáveis, noites de cálculo e estratégia para que o espetáculo seja feliz, como vocês puderam ver hoje na arquibancada o pessoal cantando o nosso samba. Hoje a gente fez mais um show como sempre’’, avaliou o integrante da direção de harmonia, Jairo Araújo.
Comissão de frente
Coreografada por Chris Brasil, a comissão da Barroca revelou mais alguns segredos neste último ensaio da verde e rosa. Os ‘tubos alegóricos’, no segundo treino foram apenas carregados pelos bailarinos. Desta vez, o objeto foi para a passarela de um formato maior e os componentes interagiam mais e entravam dentro. As vestimentas também permitiram maiores teatros, como um vestido que escondia o rosto dos bailarinos em determinados momentos.
A comissão de frente conta com uma personagem central representando Iansã, onde ela é enaltecida quase que todo o tempo do ato. Um tripé com cinco mulheres vestidas de rosas, aparentemente também representando entidades de matriz africanas vinham logo atrás de todo o teatro. Após os três ensaios da Barroca Zona Sul, conclui-se que a comissão de frente da verde e rosa de Jabaquara talvez seja a mais complexa de decifrar, além de que, provavelmente, há muitas surpresas reservadas para o desfile oficial.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Foi o grande destaque do ensaio. Marquinhos e Lenita levitaram na pista. Se em outra oportunidade eles tiveram certas dificuldades como no treino passado ou alguns ajustes, neste ensaio foi ótimo. A marcação dos passos dentro do samba, a coreografia, o sorriso e, sobretudo, a alegria de estar pisando no Anhembi. Era nítida a força que eles transmitiam para o público. Todas as vezes que estendiam o pavilhão, arrancavam inúmeros aplausos. Se o nível deste treino for levado para o desfile oficial, as chances de sucesso são grandes. E o melhor de tudo que foi no último ensaio da escola, o que mostra uma maior sincronia cada vez mais perto do grande dia.
Lenita se diz totalmente satisfeita e classifica o ensaio como excelente, apesar de sempre buscar a melhora. ‘’Análise no nosso ponto é que cada dia está melhorando. Não podemos falar nunca que é perfeito, porque eu acho que a dança é contínua, é movimento, cada dia é buscando melhorar. Foi um ensaio excelente, estamos realizando o ensaio de hoje, no decorrer desses dois outros ensaios que tivemos, melhoramos ainda mais e está tendo os ensaios específicos, estamos aqui de segunda a segunda contribuindo ainda mais com a nossa dança e vai ser um trabalho muito bonito. E a análise é essa, que foi boa, que foi produtiva, mas sempre tem coisa para trabalhar e buscar ainda trazer o melhor no dia do desfile’’, afirmou.
Marquinhos segue a linha de raciocínio da porta-bandeira. ”É bom que estamos nos sentindo cada vez mais à vontade, cada ano, cada montagem de pista que fizemos, cada coreografia, o ponto de ficar à vontade de uma forma natural estamos nos divertindo’’, completou.
Harmonia
O samba caiu nas graças da comunidade e da arquibancada. Cada vez que o público respondia, contagiava ainda mais os componentes. O nível de canto dos desfilantes se manteve o mesmo do último ensaio, que foi acima da média. Novamente o refrão principal e o semi-refrão (“Akoro mina dewá”), são as partes mais cantadas. As bossas da bateria “Tudo Nosso”, do mestre Fernando Negão levantaram a arquibancada, provocando uma reação imediata para o samba ser ainda mais entoado.
Jairo Araújo, da comissão de harmonia, enalteceu o canto da escola. ‘’Mantivemos o canto, graças a Deus. A escola está cada vez cantando mais, nós corrigimos uma ala ou outra, que estava batendo uma palma, fazendo uma coisinha. Nós cortamos isso para chegar mais próximo do que vai ser feito no dia’’, contou.
Evolução
Assim como nos ensaios anteriores, a escola desfilou leve e sorridente. Contente com o desempenho na pista, os componentes dançavam de um lado para o outro nas suas fileiras compactas. Porém, houve um grande espaçamento dentro da comissão de frente entre o tripé que vinha logo atrás e os outros dançarinos que estavam à frente. A escola deve se atentar a isso. Não há certeza de que haverá tolerância para buraco dentro da comissão de frente, mas de acordo com o manual do julgador de 2024, não cita nada que a ala seja isenta a isso. Também não cita que a comissão de frente pode abrir espaços de 12 grades nela própria, pois foi isso que ocorreu.
Samba
Outra grande atuação dos intérpretes Cris Santos e Dodô Ananias, mostrando que as apostas para substituir o renomado Pixulé deram mais do que certo. O samba-enredo, como citado acima, caiu nas graças de todos e é um dos ‘xodós’ do carnaval paulistano. A Barroca faz de tudo para a arquibancada chegar junto no canto, o que eleva o patamar da obra.
“A evolução que tivemos foi muito grande. A avenida com o som ligado já dá uma diferença gigantesca no trabalho, tanto na ala musical quanto nas cordas. A comunidade vai cantar mais porque ela vai escutar a ala musical e escutar ela mesma. Foi uma evolução muito boa e agora é aguardar o desfile, acertar detalhes que sempre tem que acertar, mas são coisas nossas, temos sempre que fazer o melhor, não só para o desfile, mas para a comunidade, para a arquibancada, e para o espetáculo que é o carnaval”, disse o intérprete Cris Santos.
“A cada ensaio, a cada dia que passa a evolução é constante. Nos nossos ensaios de quadra e de rua e principalmente no ensaio de hoje que foi nosso terceiro e último técnico, a evolução não só dentro da comunidade dos desfilantes, mas também na arquibancada, a resposta do público com o samba é excepcional e eu acredito que o povo junto com a comunidade criou uma sinergia excelente para a gente chegar no êxito final”, completou Dodô Ananias.
Outros destaques
A bateria “Tudo Nosso”, comandada por Fernando Negão, está dando shows à parte. Leques nos chocalhos e fumaças em frente ao setor monumental são destaques para levar o público ao delírio. O povo gosta de inovação e, além de tocar, a batucada está mostrando coisas diferentes.
Analisando o ciclo dos ensaios técnico, o mestre aprova o empenho de todos e se diz orgulhoso “Eu saio bastante satisfeito, bastante orgulhoso porque a galera se empenhou muito, ensaiou muito. Foi muito desgaste, mudamos a bossa algumas vezes para ver se melhorava, para encaixar uma melhor no samba e graças a Deus hoje eu digo que estou satisfeito com a minha bateria”, declarou.
Fernando Negão ainda diz que ajustes sempre serão feitos, mas o que foi apresentado no ensaio é realmente o que será feito na avenida. “Eu sempre digo que nós temos sempre o que ajustar. Um detalhezinho ou outro, uma escapada, uma passada, uma falta de atenção. Mas o que nós apresentamos hoje foi 90% do que vai acontecer no nosso desfile”, completou.
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