InícioGrupo EspecialMangueira vê samba crescer em ensaio de rua a partir de entrosamento...

Mangueira vê samba crescer em ensaio de rua a partir de entrosamento entre bateria, carro de som e comunidade

Obra que está crescendo ancorada em um valoroso trabalho da bateria de mestre Wesley, em conjunto com o carro de som comandado pelo intérprete Marquinho Art'Samba, organizado por Alemão do Cavaco, e claro, a participação da comunidade

O samba de 2022 da Estação Primeira de Mangueira pode não ter emplacado no pré-carnaval entre os sambistas e apaixonados pelo carnaval de fora da escola. Mas, o que se viu no primeiro ensaio de rua após o retorno dos treinos, na noite da última quinta-feira, foi uma obra que está crescendo ancorada em um valoroso trabalho da bateria de mestre Wesley, em conjunto com o carro de som comandado pelo intérprete Marquinho Art’Samba, organizado por Alemão do Cavaco, e claro, a participação da comunidade de Mangueira, que cantou bastante como já havia feito na Abertura do Rio Carnaval na Cidade do Samba. O samba está com cara de Mangueira e a comunidade está comprando essa briga.

Antes do ensaio, Marquinho Art’Samba falou à reportagem do CARNAVALESCO sobre a expectativa pela sequência de ensaios e avaliou que o samba está crescendo cada vez que é apresentado pela escola. “A expectativa é sempre a melhor, a mais positiva possível. Ensaiamos muito na quadra, e agora estamos retornando para a rua de novo, está sendo ‘uma’ primeira vez de novo, porque nós ficamos mais de um mês sem vir para a rua, então nós estamos recomeçando tudo de novo. E a expectativa sempre é a melhor. O samba está crescendo e eu tenho certeza que vai chegar na Sapucaí no ponto ideal, se Deus quiser”, previu Marquinho.

art samba

O diretor-geral de harmonia da Verde e Rosa, Renato Kort, avaliou o ensaio como muito importante para o trabalho e destacou a combinação carro de som, bateria e canto da comunidade. “A Mangueira hoje foi um chão forte, um ensaio forte, com pegada forte. A junção do carro de som, bateria e canto faz a escola passar desse jeito que você viu. A escola vem muito inflamada, e preparada. A escola cantando muito forte, os segmentos, a comunidade da Mangueira é muito forte, ela veste a camisa, a gente tem pontos fortes de subida de samba, o samba tem uma melodia muito forte, um samba muito fácil de se gravar e muito emocionante para o mangueirense, você vê a escola canta com o pulmão e o coração”, destacou Renato.

Harmonia e Samba-Enredo

Se o samba não foi unanimidade fora da escola, na comunidade ele está funcionando, foi um ensaio com muito bom canto dos componentes, de forma constante, forte, e em todas as alas. Ainda há margem para crescer, um pouco na intensidade de algumas alas, mas a escola toda está cantando o tempo todo. No trecho “É verde rosa a inspiração” os componentes levantavam as mãos para cima como saudando os três homenageados do enredo, e, ao mesmo tempo, agradecendo a Deus por serem Mangueira. A emoção de alguns componentes foi bonita de ver, porque o enredo realmente fala de algo que é deles. Marquinho Art’Samba conduziu bem a escola, com a costumeira voz potente, grave, sem fazer muitos cacos, animando os foliões quando necessário.

O diretor musical da Mangueira, Alemão do Cavaco destacou o trabalho realizado com o carro de som em preparação para o carnaval de 2022. “Está bem tranquilo porque nós já estamos trabalhando juntos há muito tempo, já estamos indo para o terceiro ano, quase quarto, por conta da pandemia, e também a gente tem ensaiado demais porque o carnaval estendeu, e é um carnaval que durou quase um ano e meio, então está bem, tudo muito tranquilo, a gente tem ensaiado fora, ensaiado em estúdio, tem um time muito compactado, muito coeso, profissional, comprometido, acredito que a entrega vai ser 100%”.

Alemão também afirmou que a escola estaria pronta se o desfile fosse hoje, e que o trabalho agora é para aperfeiçoar e agregar mais qualidade. “São pequenos ajustes que a gente sempre faz, o detalhe de um solo, um efeito de voz, uma junção, mas se o desfile fosse hoje, nós estaríamos prontos. Mas, eu acredito que com esses ajustes vai dar uma cereja no bolo. A comunidade está cantando bastante, Mangueira é escola do povo, então a escola acaba caindo dentro, e tem um samba linear, um samba fácil, um samba que não tem grandes dificuldades de melodia, então acredito que vai ser um excelente desfile”, acredita o diretor musical.

Comissão de frente e casal de mestre-sala e porta-bandeira

Indo para o terceiro carnaval comandando a Comissão de Frente, os coreógrafos Priscilla Mota e Rodrigo Negri, apresentaram no ensaio de rua desta quinta-feira uma coreografia que valoriza a dança, o que não podia faltar em um enredo que também engloba mestre Delegado, e que é puro samba, a nata do ritmo com Cartola e Jamelão. Com passos muito bonitos plasticamente, os bailarinos apresentavam em alguns momentos um jeito ‘malandreado’ e de dança de gafieira.

cf mangueira

O primeiro casal da escola, Matheus Olivério e Squel Jorgea, já entre os casais mais consagrados do Grupo Especial, buscam voltar a gabaritar o quesito. Eles vieram à frente da bateria, posicionamento diferente dos outros carnavais, e apresentaram um pouco do que vai para a Sapucaí. Em entrevista ao CARNAVALESCO, antes do ensaio, Matheus comentou a emoção de voltar aos ensaios de rua e falou sobre o que a dupla trouxe para o ensaio, e deixou aberto surpresas ainda para o desfile.

“Tecnicamente colabora porque a gente sente a emoção, a gente sente a pulsação, a gente sente a Mangueira em si, mostrando para o que veio e o seu trabalho para ser concluído em abril. É um dos processos do trabalho para a nossa alta performance. A gente está muito feliz com a volta. A gente passa quase 40 minutos trocando ideias, matando a saudade dos mangueirenses. A gente tem um pré-carnaval muito longo, a ansiedade só aumenta, e isso aqui faz parte de diminuir a ansiedade. Todo o ensaio para gente é uma etapa sendo avançada para o grande dia. É mais uma etapa, é mais um tempero, mais um sentido do que a gente vai apresentar. Surpresas são fundamentais para o grande espetáculo, não posso te prometer mais do que isso (risos), mas vai haver um grande trabalho, casal Xangô está se preparando, se tiver que sangrar, a gente vai sangrar”, afirmou o mestre-sala.

casal mangueira

Ao fim do treino, Squel Jorgea comentou a mudança de posição do casal e explicou a importância do ensaio de rua para a preparação do casal e as possíveis correções no trabalho. “A emoção do retorno às ruas é a melhor possível. Enfim, agora eu estou podendo me emocionar, poder trabalhar com dignidade, as escolas de samba ocuparem o lugar delas que é a rua, pra gente celebrar. Para o nosso trabalho, é ótimo, é aqui que a gente sente, é aqui que vai tudo acontecer, é só aqui que a gente consegue consertar as coisas, então estava sendo uma maldade com a gente não poder vir para a rua. E vir à frente da bateria, é trabalho assim como na frente da escola, para mim não interfere. A gente precisa se concentrar, trabalhar para que tudo aconteça da melhor forma possível. E, tendo dedicação e amor, tudo acontece. Isso independente se o casal vem a frente ou não da escola”, explicou a porta-bandeira da Mangueira.

Evolução

A evolução da escola aconteceu de forma satisfatória. Em pouco mais de uma hora de treino, os componentes evoluíram de forma espontânea com algumas poucas alas realizando coreografia. Um exemplo é uma ala que vinha no setor 3 da escola com um bonito bailado lembrando os sambas de gafieira logo à frente do casal e da bateria. Algumas alas traziam balões nas cores da escola, o que deu um brilho para o ensaio. Outro fator importante de se destacar, foi a presença da camisa da escola nos desfilantes, o que ajudava a identificação no ensaio, a não ser algumas alas em que parecia haver o combinado para que se usasse roupa na cor branca. Outra ideia interessante a se destacar da direção de carnaval, foi trazer pequenos tripés com o número dos elementos alegóricos para demarcar bem a posição das alas e a forma que a escola vai desfilar. No geral a escola passou bem em um primeiro ensaio, imaginando-se que ela venha a brincar um pouco mais nos próximos treinos, com mais desenvoltura e com a comunidade mais ambientada com a rua de novo.

renato kort

O diretor-geral de Harmonia, Renato Kort, também falou um pouco sobre como o canto da escola que já vinha sendo ensaiado com afinco na quadra nos últimos meses, passou, dessa vez, evoluindo em linha reta. “Tem margem para evoluir sim, o ensaio é para isso, aqui a gente está treinando. A gente ajusta uma bossa aqui, de repente a bossa entrou de um jeito que você tem que fazer um andamento mais devagar, por exemplo, mas aqui é bom para ajustar, a gente está aqui para isso, o ensaio hoje foi muito bom. A gente estava um tempo parado, e agora a gente voltou com força total para a nossa festa”, frisou Renato.

Bateria

Comandante da “Tem Que Respeitar Meu Tamborim” já estreando com título em 2019, mestre Wesley busca voltar a impressionar o mundo do samba como arrebatou naquele histórico desfile em que a bateria valorizou ainda mais a grande obra daquele ano. Agora, com o desafio de ajudar a crescer um samba que não chamou tanta atenção como “Histórias para ninar gente grande”, o que pode ser visto neste retorno dos ensaios de rua da Mangueira, foi a bateria colocando o samba bem a cara da Verde e Rosa, destaque mais uma vez para o naipe de timbal que já vem se destacando desde 2019 e deu uma sonoridade muito agradável não só nas bossas como no momento do verso “na voz do meu terreiro”, em que apenas o timbal sustentava o ritmo, mas também nos trechos em que a bateria tocava reta com o instrumento participando junto com os outros naipes.

Antes do ensaio, Mestre Wesley explicou em que nível está a preparação para o desfile, as estratégias para o andamento do samba na Sapucaí, além de dar sua opinião sobre o uso de metrônomo pelos jurados. “O trabalho está caminhando bem, a gente ainda não está 100%, mas já estamos em uns 90%. E, o andamento é o que a gente gravou o disco, 146 BPM (batidas por minuto), é o que a gente vai para o desfile oficial. Na Cidade do Samba, na empolgação, a gente chegou em 148 BPM, 149 BPM, mas para o desfile oficial e para os ensaios, é 146. Sobre o metrônomo eu acho que atrapalha um pouco porque toda bateria ela começa em um andamento e depois ela vai para outro. Por exemplo, eu no setor 1 vou começar com um 148, porque no decorrer dos 20 minutos que eu estiver dentro do box, ela vai cair para 146, e depois ela não cai mais. Agora, eu acho complicado porque pode atrapalhar, nenhuma bateria consegue manter o mesmo BPM o desfile inteiro”, entende o comandante.

- ads-

Fábio Ricardo celebra título do Rosas e se declara para São Paulo: ‘aqui vivo arte’

Há mais de uma década, o nome de um carnavalesco em específico está em evidência nas grandes escolas de samba. Mesmo com desfiles consagrados...

Sob novo comando de mestre Vitinho, bateria ‘Cadência de Niterói’ inicia ensaios nesta quarta

Dando o pontapé inicial nos preparativos para o carnaval de 2026, a bateria "Cadência de Niterói" realizará nesta quarta-feira uma reunião do segmento e...

Sinopse do enredo da União da Ilha para o Carnaval 2026

SINOPSE Gazeta de Notícias – Notícia dos Astros – Missão RIO-HALLEY, 10. Esta sinopse funciona como um diário de bordo astronômico, registrando a passagem do...