A presidente da Estação Primeira de Mangueira, Guanayra Firmino, e o carnavalesco Sidnei França, receberam nesta quinta-feira o mototaxista Thiago Marques Gonçalves e sua família. Na última terça-feira, Thiago foi preso após ser alvo de tiros por um PM reformado enquanto levava o estudante Igor Melo de Carvalho, que acabou sendo baleado. Ele foi convidado a desfilar na no próximo domingo, e prontamente aceitou ser um dos destaques da escola na Marquês de Sapucaí.
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
Para a presidente Guanayra Firmino, para alguns pode parecer triste ter que frisar determinadas questões, mas essa luta é constante. “Durante o período em que construímos nosso Carnaval, quantos casos como esse tivemos? Por isso nosso samba diz tão bem: o alvo que a bala insiste em achar. Somos sempre nós”, avalia. “Então essa é a nossa luta, da Mangueira, mas minha pessoalmente como alguém que nasceu na favela. Será uma oportunidade para o Thiago comemorar este verdadeiro renascimento, e de buscar por justiça”, conclui.
Ao aceitar o convite, Thiago Thiago agradeceu. “Fico honrado pelo convite. Celebrar será importante, sem dúvida. Mas será também um momento de pedir socorro, de exigir justiça para mim, para a minha família e também para o Igor”, declarou.
No dia seguinte ao ocorrido, o Jornal Extra destacou em sua capa, que trazia uma foto do estudante de publicidade e propaganda da faculdade Celso Lisboa, Igor Mello, um dos versos do samba-enredo da Mangueira: o alvo que a bala insiste em achar. Igor também atua como inspetor e garçom para complementar a renda. Ele segue internado no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha.
“Hoje estou pedindo justiça. Mas a verdade é que meu filho poderia não estar aqui. Quem traria meu filho de volta?”, indaga Jaqueline Marques. “Ter justiça ameniza, claro. Mas quantas mães vivem essa tragédia?”, disse, ainda bastante abalada.
Em 2025, a Mangueira será a quarta e última escola a desfilar no domingo de Carnaval. A agremiação busca o campeonato com o enredo “À Flor da Terra: o Rio da Negritude entre dores e Paixões”, do carnavalesco Sidnei França. A Verde e Rosa apresentará na Marquês de Sapucaí uma narrativa baseada na historicidade preta de forte cunho social, um olhar sobre a presença dos povos bantus na cidade do Rio de Janeiro. Eles representaram a maioria dos negros que escravizados e trazidos para o Cais do Valongo, na Pequena África. A Mangueira retratará a vivência dessa população em toda a cidade, mostrando como sua história floresceu e ainda floresce em solo carioca.