Na noite desta sexta-feira, a atual campeã do Grupo Especial, Mancha Verde, realizou seu desfile para este carnaval. A escola mostrou um belo desempenho em todos os quesitos e setores, como era esperado. O módulo visual da escola se destacou, tendo alegorias com esculturas belas e realistas. A agremiação também mostrou um compilado de fantasias luxuosas, recheada de plumas e integrantes com maquiagens perfeitas, nas alas em que teve o recurso. Assim como nos ensaios, o samba da escola fluiu bem e os componentes cantaram com clareza, também mostrando muita organização em na evolução. Contudo, a escola foi perfeita, como era desejado pela diretoria, e brigará novamente pelo título. Houve um problema com os cronômetros da pista e não deu para ver exatamente o tempo em que a Mancha Verde cruzou a pista. A agremiação foi para a avenida com o enredo: “Pai! Perdoai, eles não sabem o que fazem”. Nem a uma hora de atraso causada pelo problema das alegorias da Dragões na dispersão desanimou a comunidade sedenta pelo bicampeonato. Mesmo sendo apenas o quarto desfile deste ano, para ser campeã uma escola vai ter que superar o que a Mancha fez essa madrugada no Anhembi.
Comissão de frente
A ala veio representando os Arautos do Sagrado Coração de Jesus, sendo monges com fantasias luxuosas, nas cores vinho e dourado e uma maquiagem também dourada. A personagem destaque da comissão de frente era uma mulher, que estava vestida de ouro e representava Maria. Havia também um tripé que fazia alusão ao altar do Sagrado Coração de Jesus, com uma escultura do próprio. Os componentes da ala trocavam de posição a todo momento e interagiam com o público apontando para eles. A apresentação exaltava Maria, que doou seu ventre para que Jesus nascesse, e os monges ficavam em volta dela aparentemente a venerando.
Mestre-sala e porta-bandeira
O casal estava vestido nas cores de branco e ouro, com muito brilho e fizeram com que a fantasia fosse destaque, além da boa apresentação que desempenharam nesta noite. Marcelo Luiz e Adriana Gomes tiveram uma apresentação segura, fizeram sua coreografia em frente às torres dos jurados e mostraram sincronismo e uniformidade nos movimentos, principalmente na extensão do pavilhão. Não houve desencontro entre a dupla. A porta-bandeira havia sofrido com o pavilhão no último ensaio por conta do forte vento, mas nesta noite conseguiu driblar o obstáculo. A brisa era amena, mas poderia ter atrapalhado.
Harmonia
Toda a escola cantou forte e com clareza. Embalados pelo intérprete Fredy Vianna e o grande trabalho dos harmonias e chefes de ala, a agremiação repetiu o que fez nos ensaios, cantaram bem e teve um bom desempenho no quesito, não deve haver nenhuma penalização. Destaque para o primeiro setor, que entre todos, foi o que deu para perceber um canto mais forte dentro da pista.
Enredo
A Mancha Verde veio com uma proposta bem interessante. Um enredo que caiu nas graças da comunidade, sendo uma homenagem a Jesus Cristo. O tema não foi pensado na parte de contar a história de Cristo em si, óbvio que tem, mas a ideia principal foi de mostrar que os ensinamentos de Jesus na época não foram seguidos e a humanidade continua em guerra, de todas as formas. A Mancha Verde pede que é preciso lutar, o bem enfrentar o mal e não haver conflitos que predominam hoje em dia, como o racismo e feminismo.
Evolução
Todas as alas estavam alinhadas, a bateria fez uma entrada segura no recuo. O entendimento entre os chefes de ala e harmonias eram claros e fizeram com que a escola desfilasse de acordo com o regulamento. Não houve presença de buracos e nem invasão de alas, e mesmo com alguns costeiros altos, os componentes conseguiram se entrosar de forma satisfatória na pista.
Samba-enredo
É um samba que tem uma letra positiva, que prega a paz. A obra pegou nos componentes, é de fácil assimilação e a melodia para cima também ajuda na questão do canto com clareza, e foi o que aconteceu com a Mancha Verde nesta noite. Destaque também para o intérprete Fredy Vianna, que teve de cantar vários sambas na concentração pelos problemas que atrasou a entrada da escola na pista, mas mesmo assim, o puxador teve uma boa atuação e levantou a arquibancada do Anhembi.
Fantasias
As vestimentas da escola fizeram um misto de vários elementos. As fantasias vieram representando pecados como a vaidade e a ganância, pessoas angelicais e demoníacas até a natureza morta, algo que é derivado pelo ser humano. As fantasias estavam sensacionais. Jorge Freitas apostou em muitas plumas e alas com misto de cores. Muitas alas tinham metade da cor clara e metade escura, não houve defeitos no design das vestimentas. Destaque para a fantasia do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, nas cores branco e dourado brilhoso, deu um aspecto visual bem vistoso enquanto a dupla se movia.
Alegorias
A escola levou um grandioso abre-alas, nas cores de verde e ouro, representando o Natal, com componentes representando Maria, José e anjos, fazendo alusão ao nascimento de Jesus Cristo. A segunda alegoria também é grandiosa, representa o anjo e o diabo, os detalhes são perfeitos e há uma coreografia no topo, retratando o bem e o mal. A terceira alegoria é banhada de dourado, com uma escultura em uma espécie de guerreiro segurando duas espadas, que representa a justiça, e o carro alegórico também faz alusão aos advogados. O quarto carro representa a morte, na frente vem mulheres vestidas de Maria com as placas “mães de Paraisópolis” e “mães da Candelária”, fazendo alusão às mortes dos jovens, e no topo há uma escultura de uma caveira segurando uma foice, que representa a morte, outro carro perfeito no aspecto visual. O último carro representa o sopro de vida, com uma sensacional escultura de uma mulher soprando papéis, abrindo e fechando os olhos, com face bem real. As alegorias da Mancha Verde foram simplesmente sensacionais, tanto na ideia de representação, como em toda a construção.
Outros destaques
Destaque para a tradicional festa feita na arquibancada pela torcida da Mancha Verde, usando bandeirões e sinalizadores.