A Mancha Verde estreou na noite da última segunda-feira o documentário “O Carnaval Campeão”, dirigido pelo presidente Paulo Serdan e realizado com a produtora Sala 22. O evento foi restrito a convidados no cinema do Shopping Bourbon. A comunidade será convidada a assistir nos dias 21, 22 e 23 de novembro. Na produção, as principais personalidades da agremiação dão relatos sobre a conquista do campeonato, além de outros detalhes que engrandecem a obra. Personalidades da escola alviverde foram prestigiar o filme e conversaram com o site CARNAVALESCO.

Sensação de dever cumprido

Paulo Serdan, presidente da entidade, comentou sobre o evento e da importância que o documentário tem para a agremiação. “A sensação é de dever cumprido, de saber o quanto todo mundo se dedica no carnaval. Vai servir pra todo mundo enteder todo o processo. Não é um processo de dois ou três meses e que demanda muita dedicação e empenho de quem está dentro da entidade. Valeu e vai valer muito por isso”, disse.

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Presidente da Mancha, Paulo Serdan, com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Foto: Site CARNAVALESCO

O mandatário também falou da importância de ter o prefeito Ricardo Nunes (MDB) prestigiando o evento, e que essa atitude mostra que ele está junto com o carnaval. “Para o carnaval de São Paulo é muito importante. Para nós é muito legal, mas a simbologia que tem para o carnaval de São Paulo é de um peso muito grande. Ele estava viajando em Portugal, chegou ontem e o prefeito vindo em um evento desse numa escola de samba, isso mostra o respeito que ele está tendo com o nosso carnaval. No dia que assinamos um contrato com a Prefeitura, onde ele repôs uma perda que a gente teve. Acho que mostra que está se criando uma sintonia muito boa com o prefeito também”, completou.

O planejamento do documentário

O diretor de carnaval, Paolo Bianchi, detalhou o processo de gravação do filme. “Óbvio que a gente sonhava em ser campeão, mas é um desafio. A gente gravou todo o processo do carnaval, todos os acontecimentos, desde a escolha do samba no meio da pandemia e a construção do carnaval que aconteceu bem antes, que aconteceu muita coisa. Na pandemia a gente fechou o barracão por um tempo, até a hora que tinha que fechar, porque a Mancha tinha a intenção de manter os empregos e as pessoas trabalhando. Quando fechou de vez pelo Governo, tivemos que aceitar também. Então até aí a gente foi acumulando algumas imagens. Na volta, continuamos a gravar todos os eventos da escola. Ensaios na quadra, Anhembi, barracão, saída dos carros alegóricos. A ideia foi compilar o máximo de imagens sonhando com o que poderia acontecer. E aconteceu”, explicou.

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Diretor de carnaval da Mancha Verde, Paolo Bianchi. Foto: Site CARNAVALESCO

Um roteiro de filme

Reginaldo Pereira, diretor de alegoria, comentou os problemas que a Mancha enfrentou nos dias de desfile. E disse que. “É impressionante, porque são emoções. Viver isso agora no cinema, a gente lembra do que está gravado na história e rever isso em uma tela gigante, e mostrando desde o princípio, é literalmente um roteiro de filme o que nós vivemos. Na concepção dos carros, na beleza e estrutura. As alegorias, para se ter uma ideia, ficaram praticamente prontas há dois anos do carnaval. Os carros nós levamos para vários lugares, mexemos com e ele e na hora de largar, caiu. Foi impressionante. Na hora que abriu o portão cortou a escultura da Oxum. Foram 12 minutos arrumando e acho que nem em roteiro de filme aconteceria isso. Mas a Mancha tem a capacidade de inovar. De mostrar que cinema e carnaval é cultura”, declarou.

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Reginaldo Pereira e departamento de alegoria da Mancha Verde. Foto: Site CARNAVALESCO

Emoção e valorização do carnaval

O mestre-sala oficial da escola, Marcelo Silva, enalteceu o bicampeonato e a sua participação no documentário. O dançarino também disse que esse documentário pode valorizar o carnaval. “É o sentimento da conquista do bicampeonato. A nossa participação nesse documentário foi muito especial. Foi pura emoção do início ao fim. Toda emoção que a gente não podia expressar no desfile, nesse documentário nós pudemos extravasar. São várias emoções. É o título, fazer parte desse campeonato, mesmo que seja um pedacinho. É muita felicidade. Narrar isso em documentário é diferente. Acho que é a própria valorização do carnaval. Não só da Mancha, mas o carnaval em sim também”, comentou.

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Marcelo Silva, mestre-sala da Mancha Verde. Foto: Site CARNAVALESCO

A importância de um documentário

A porta-bandeira, Adriana Gomes, falou da emoção que viveu em participar do documentário e sobre a importância de ter esse material para as futuras gerações ficarem sabendo tudo o que se passou. “Foi lindo, emocionante gravar, de falar tudo aquilo, pois foi um momento, mesmo que a gente não tinha tido a nota completa, mas faz parte do carnaval, do espetáculo. Temos que ter compreensão de tudo isso. Falar disso para o componente da escola, e para quem for assistir, é importante, não é uma coisa que é segredo. Estamos expostos lá para isso, para ser julgado, portanto acredito que quem for assistir, vai se emocionar e entender a emoção. A importância de trazer o documentário para o carnaval é porque vira história. Lá em 2030, 2040, 2050, quando eu parar de dançar, ou quando eu nem tiver mais aqui, vão lembrar que uma hora, em 2022, no carnaval da Mancha Verde teve uma porta-bandeira chamada Adriana Gomes vestida de Nossa Senhora da Aparecida, e teve tudo isso e acabou ganhando o carnaval mesmo com tudo que aconteceu. Isso vira história”, contou.

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Adriana Gomes, porta-bandeira da Mancha Verde. Foto: Site CARNAVALESCO

O poder que um filme tem

O carnavalesco da escola, André Machado, disse que esses filmes são grande importância, pois mostra o que é feito no dia a dia. “Qualquer meio que faça para divulgar as escolas de samba, o trabalho que é feito o ano inteiro. As pessoas tem uma ideia muito errada achando que carnaval só se faz depois que vira o ano, na verdade é um trabalho de um ano inteiro. E muitas vezes, a figura do carnavalesco, por conta da exposição que a mídia dá na festa do principal que é o desfile, acaba tendo todas as glórias, todos os louros, mas esse tipo de documentário mostra que o carnaval não é feito por uma pessoa só, um time. Precisa ter mais documentários como esse, mais eventos como esse, não só na Mancha, mas em outras escolas, para as pessoas saberem a quantidade de pessoas que trabalharam para poder levar o carnaval para a avenida. A quantidade de pessoas que dependem do carnaval, para transformar, fazer essa festa acontecer, e mostrar para o público, o povo, o quanto é árduo fazer carnaval, e o quanto o sambista é teimoso, sabe? Às vezes, muitas escolas, não é o caso da Mancha, mas tem escolas com poucos recursos, às vezes vem uma tiazinha que sabe cortar, vai por amor, esse tipo de coisa que essa festa envolve muito amor, paixão, é legal mostrar para o público, e o quanto é importante essa em prol do carnaval”.

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Gravando a sua comunidade

O diretor de bateria da escola, mestre Guma, foi um dos responsáveis pela edição e gravação do documentário. A gravadora Sala 22 é dele e o próprio contou sua experiência de ter feito tudo isso em sua agremiação campeã. “Na verdade, é um ‘mix’ de tudo. Eu na função do audiovisual que tem sido uma novidade. De dois anos pra cá tenho feito esse trabalho e tive o privilégio de fazer o registro da minha casa, do meu trabalho, das pessoas que convivem comigo diariamente. Então foi super especial. Um desafio muito grande e sem deixar de mencionar as pessoas que me ajudaram nesse projeto e que estão comigo no dia a dia. Graças a Deus foi um resultado de um material que a gente juntou em dois anos. Colocar isso no cinema é emocionante demais. Coração ainda está a mil”, disse.

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Paulo Serdan, presidente da Mancha, e mestre Guma. Foto: Site CARNAVALESCO