A Liga das Escolas de Samba de São Paulo realizou na noite de sábado e madrugada de domingo a tradicional festa de lançamento do CD para o carnaval. Assim como nos últimos
anos, o evento foi realizado na Fábrica do Samba. É o local que as escolas têm seus barracões para realizar a preparação para os desfiles de carnaval. Há de se ressaltar o show de organização que a Liga proporcionou aos sambistas. Tudo muito bem articulado. Conseguiram separar muito bem o espaço entre componentes e foliões. Todo o público teve grande conforto para aproveitar ao máximo o evento.
Diferente de 2020, onde houve um grande atraso, a Liga esquematizou um plano com o intuito de evitar esses problemas. E conseguiram. Todas as escolas cumpriram seus horários. Além disso, os coordenadores ficavam na pista indicando o tempo que as agremiações tinham para completar seus desfiles. Sendo assim, o evento terminou por volta de 3h30, com a Império de Casa Verde encerrando. Bem antes do amanhecer.
No Grupo Especial, 14 agremiações se apresentaram na pista com seus minis desfiles. Entre elas, algumas tiveram destaque maior. Mas as que mais encantaram, foram a Mancha Verde e Mocidade Alegre. Duas escolas extremamente organizadas em todos os sentidos. Além delas, Vila Maria, Tatuapé, Rosas de Ouro e Águia de Ouro, chegaram perto e completaram a prateleira dos maiores destaques. O site CARNAVALESCO acompanhou e abaixo faz a análise.
Acadêmicos do Tucuruvi – O Tucuruvi, que está de volta ao Especial, fez uma apresentação bem característica da escola, com um canto alegre. Claramente, o Zaca está querendo mostrar a todos que voltou para ficar. O destaque vai para o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Waleska Gomes e Luan Caliel. Os dois mostraram muito entrosamento e energia para desfilar. Começaram o desfile em sua posição e depois foram até a última ala para finalizar a apresentação da escola.
Colorado do Brás – Nota-se nitidamente que a comunidade abraçou o samba visando o desfile de 2022. O destaque foi o intérprete Chitão Martins, que tem um estilo bem alto astral, além de ser extremamente identificado com a escola. Teve uma grande performance e colocou a comunidade para cima de uma forma impressionante. Um detalhe notado é que vários componentes “parados” e isso pode ser resolvido nos ensaios de quadra/rua para que melhorar a evolução dos integrantes.
Mancha Verde – Uma das destaques da noite, a Mancha Verde repetiu os feitos de anos anteriores e mostrou uma ótima apresentação. A escola, novamente, fez questão de levar a sério o mini desfile. A maioria dos componentes usando fantasias de anos anteriores. Destaque para o traje das baianas, altamente luxuoso. Um material otimamente conservado que deu muito brilho à apresentação da escola. A comunidade canta o samba com força e a bateria é bem entrosada com a ala musical. Nesse ritmo, a escola alviverde vai forte mais uma vez na busca pelo título.
Tom Maior – A escola teve como grande destaque a sua comissão de frente. Os componentes da ala mostraram coreografias criativas. Quase todas as alas desfilaram com bandeiras nas cores vermelho e amarelo, que deu um bom contraste enquanto dançavam. O intérprete Gilsinho, estreando na agremiação, teve boa performance. A comunidade ainda pode ficar mais entrosada com o samba. Alguns componentes só cantavam os refrões e as duas últimas estrofes.
Vila Maria – Outra escola destaque da noite, a Vila Maria cumpriu bem tudo que foi proposto. Em um desfile colorido, quase todos os componentes estavam fantasiados. A comunidade desfilou com muita garra. Impressionante como o intérprete Wander Pires está engajado com a escola. Seu entrosamento com a bateria, torna tudo isso muito fácil. A Cadência da Vila, regida por Mestre Moleza, mostrou um leque grande de bossas que irá para a avenida em 2022. Comissão de frente e casal de mestre-sala e porta-bandeira, Lais Moreira e Edgar, também foram destaques. As belas fantasias do casal e ala das baianas, deram um contraste maior no desfile. O único detalhe negativo, foi o fato de o ritmo cair com o passar do tempo. É algo fácil de ser corrigido, basta uma orientação melhor entre harmonia e componentes.
Tatuapé – Mais uma escola que foi destaque, o Tatuapé promete chegar outra vez forte em 2022. O canto da escola foi algo contagiante. Embalados pelo intérprete Celsinho Mody, com sobras, nos últimos anos, a comunidade cantando é a principal força da agremiação. Isso é provado quando a bateria do mestre Igor executa suas bossas jogando o samba para a comunidade cantar. Outro destaque foi o show pirotécnico que os desfilantes usaram em sua apresentação. Em algumas alas, os componentes carregaram sinalizadores enquanto evoluíam.
Dragões da Real – O apelido de “comunidade de gente feliz”, não é por acaso. A escola desfilou com muita alegria e mostrou ótimo entrosamento com o samba, que é uma obra “fácil” de ser assimilada, pela letra e melodia. A agremiação levou um grande número de componentes, e como sempre, brincaram de fazer carnaval. A chave para o sucesso da escola sempre foi este. Descontrair na pista, empolgando todos que estão à sua volta.
Vai-Vai – Atual campeã do Grupo de Acesso I, o Vai-Vai mostrou muita garra e força, querendo passar a mensagem de que voltaram e para sempre. Apesar de alguns componentes não estarem totalmente entrosados com o samba, a escola do Bixiga conseguiu levar o tradicional “chão forte” para sua apresentação. A apresentação foi marcada pelas ótimas alas coreografadas e sua famosa torcida que é sempre um alicerce em todas as apresentações que a escola está envolvida.
Gaviões da Fiel – A escola da nação corinthiana mostrou ótima apresentação no quesito evolução. Os foliões cumpriram muito bem a coreografia designada pela direção de harmonia, que vale como padrão para a grande maioria das alas. Apesar de o samba ter uma letra forte e com o intuito de passar uma grande mensagem, alguns componentes ainda não conseguiram assimilar. A agremiação se apresentou em um grande número, mas mesmo assim, o canto ainda pode melhorar. É um ótimo samba, um dos melhores do carnaval, mas exige uma participação maior dos foliões. A interação com as pessoas do lado de fora da pista foi notória.
Mocidade Alegre – A Morada foi outra escola destaque. Parece clichê, mas é outro ano que a comunidade abraça o samba de maneira fantástica. Junto de seus diretores, a presidente Solange Cruz se mostrou muito influente dentro da apresentação. Em seus discursos, ela sempre coloca a escola para cima, além de ser bem participante na pista, orientando as alas. Um ponto importante: o intérprete Igor Sorriso interagindo com a comunidade. é fantástico. Ele sempre desce do palco e caminha entre as alas, levantando o astral de todos que estão desfilando. O cantor se sente muito à vontade e o carinho é recíproco. Não é exagero dizer que ele vive o melhor momento de sua carreira. Dá para dizer que o samba para 2022 é um dos melhores, se não o melhor.
Águia de Ouro – Atual campeã do carnaval paulistano, o Águia de Ouro entrou forte na pista. Devido à característica do samba, que tem uma melodia para frente, a escola fpo intensa do primeiro ao último minuto. Os componentes se empolgavam muito cantando o primeiro refrão. A bateria do mestre Juca, que tem um andamento mais para cima, também ajudou muito nisso. A escola teve algumas alas fantasiadas, como comissão de frente e baianas. Vale destacar o pequeno elemento alegórico que deu cartão de visita ao desfile. Nele, tinha um belo símbolo do Águia de Ouro em formato redondo.
Barroca Zona Sul – A faculdade do samba levou um bom número de componentes ao desfile. O destaque foi a comissão de frente, que se mostrou muito bem ensaiada, com coreografias e encenações criativas. Todas as alas levaram bexigas como adereço de mãos. E embalados pelo intérprete Pixulé, o canto da escola foi satisfatório, mas pode melhorar mais, pois o samba pede isso.
Rosas de Ouro – Por toda a empolgação mostrada, a Roseira foi um dos destaques da noite. O samba pegou total, e os componentes vibraram com ele. Com uma ótima letra e uma melodia apropriada para cantar bem, fez com que a obra criasse tal empatia. Entre todos os desfiles, com certa vantagem, foi a escola que mais cantou. Podemos dizer que foi aquele famoso “sacode”. E também, grande parte do público, estava com o samba na ponta da língua. Em questão de canto, de fato, a Roseira deu aula. A Bateria com Identidade, sob comando do mestre Rafa, executou bossas que empolgaram todos, especialmente na parte final do samba, onde a letra diz: “Entenda que o samba tem o dom de curar”. Destaque também para o casal de mestre-sala e porta bandeira, Éverson e Isabel. Estavam com uma fantasia bem chamativa e mostraram-se altamente sincronizados.
Império de Casa Verde – Por volta das 3h, o Tigre encerrou os desfiles com chave de ouro. O intérprete Carlos Júnior, novamente deu aula. O cantor vem crescendo cada vez mais e pode-se dizer que entrou na principal prateleira do Brasil. Tem uma identificação
absurda com a escola, pois já está há muitos anos defendendo as cores do Império. Vale ressaltar a ótima evolução que os componentes mostraram, onde as alas coreografaram
simultaneamente de forma satisfatória.