Terceira agremiação a passar pela avenida, a Mancha Verde apresentou o enredo “Planeta Água”. A harmonia e o conjunto plástico da escola se destacaram. Porém, a agremiação demorou sete minutos para entrar na avenida, por conta de um problema no abre-alas. Uma parte da escultura de Oxum, quebrou. Os integrantes estavam tentando arrumar e, com isso, o atraso foi inevitável. Entretanto, a escola alviverde não deixou de fazer um ótimo desfile. Apresentou uma ótima plástica, harmonia e levantou o público dentro dos apagões e bossas realizadas pela bateria ‘Puro Balanço’, regida por mestre Guma. A Mancha Verde fechou seu desfile com 1h04m. * VEJA FOTOS DO DESFILE
Comissão de frente
A ala da Mancha Verde, coordenada pelos coreógrafos Wender Lustosa e Marcos dos Santos, representou “As águas de Oxalá”. Além de muita dança, veio bastante encenada. Dentro disso, aparecem as entidades Oxalá, Exú e Xangô. O orixá Oxalá, andava curvado com um cajado e era cultuado pelas lavadeiras, onde em determinado momento, saía uma espécie de pano ou toalha de dentro de um vaso, passava por cima de Oxalá e fazia uma espécie de culto ao orixá.
Enquanto isso, Xangô se movimentava e dançava por todo o perímetro em que a ala se apresentava e, na hora da consagração à Oxalá, ele rodeava as lavadeiras e apontava seus martelos como uma espécie de poder sobre o culto. Já a entidade Exú, também se movimentava por toda a encenação e interagia com o público fazendo caras e bocas.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Marcelo Silva e Adriana Gomes, representavam Nossa Senhora de Aparecida e o pescador. A dupla optou por fazer uma apresentação técnica. Durante o percurso, o casal preferiu manter a coreografia dentro do samba para os jurados avaliarem. Apenas em alguns segundos, Marcelo e Adriana fizeram a dança do giro no sentido horário e anti-horário. A coreografia foi muito bem executada e eles estavam em uma sintonia total. O jogo de mãos, o sorriso e o bailado mais lentos também foram notórios. Ao todo, a apresentação foi satisfatória.
Harmonia
O samba escolhido caiu como uma luva para a escola e, isso culminou perfeitamente para o andamento do canto da escola. A expectativa que se tinha sobre a harmonia da escola, se concretizou no desfile. Os ensaios perante ao hino foram de extrema relevância e, dentro do desfile, a Mancha Verde conseguiu obter o mesmo sucesso. Sob liderança de Freddy Viana (que completa dez anos de casa e já é extremamente identificado com a comunidade), o carro de som vingou novamente. É impressionante como o cantor intercala e chama a comunidade para o canto. As partes mais cantadas dos sambas são os refrões, onde a melodia jogada para cima e, as rimas com o verbo ‘ar’ predominam. Outra parte muito entoada é a última estrofe, que simboliza o refrão. ‘à terra, deixando o clamor à humanidade, a nobre missão de preservar, nosso futuro, nosso lar’. O apagão da bateria, que aconteceu no refrão principal, foi o ponto alto do desfile. Arrancou muitos aplausos e gritos das arquibancadas.
Enredo
O nome do enredo, “Planeta Água”, já diz por si só o que representa. A importância das águas e tudo o que ela representa. Desde as melhores coisas, até as partes místicas e maus tratos para com ela. Não é um enredo linear. Entretanto, o conceito no começo do desfile, é mostrar o perdão à Oxalá através de um banho de água. Após, ainda dentro da religiosidade, a escola mostrou a religiosidade de Nossa Senhora Aparecida e o pescador, onde a santa foi descoberta no Rio Paraíba do Sul.
Depois, mostra-se as águas dentro da cultura dos índios. Também é citado as lendas que se envolve dentro do imaginário, como a história da sereia Iara. Dentro do desfile, na ala número 6, ainda é pontuado a questão do petróleo derramado nas águas e a poluição e, também, fala de chuva, festança e plantação. O fechamento aborda a chegada das águas ao mar de Netuno, que é o Deus das águas.
Evolução
Foi o quesito negativo da escola. Pelo atraso de 7 minutos no cronômetro devido ao problema do abre-alas, a escola teve que acelerar o passo em alguns momentos do desfile. Houve uma indecisão. Ora aceleravam, ora paravam, achando que dava para passar tranquilo. Porém, após a saída da bateria de dentro do recuo, as alas começaram a acelerar bastante. Nesse quesito, a Mancha deve perder décimos.
Vale destacar a entrada da bateria no recuo. Estrategicamente, a batucada veio atrás do abre-alas e, assim, na hora que entrou no recuo, a alegoria preencheu o espaço técnico. Apesar dos problemas, há de ressaltar esse fato.
Samba-enredo
O samba que foi escolhido ainda em 2020, caiu nas graças da comunidade. Diferente do último carnaval, a escola optou por uma obra de total facilidade de adaptação. Juntamente à bateria Puro Balanço, comandada pelo mestre Guma, o carro de som conseguiu colocar o hino para frente. Sua melodia foi otimamente sustentada. Como dito anteriormente, o intérprete Freddy Viana levantou o astral da comunidade e conseguiu embalar a agremiação alviverde.
Destaque para a ala 4, que tinha quatro fantasias diferentes: “Cacique Igobi, “Tarobá”, “Guerreiros Caigangues” e “O Cauim”
Fantasias
A escola abusou do luxo nas vestimentas. Desde a comissão de frente até as últimas alas. Sem mais. É um mérito que a Mancha Verde de conservar todos os seus materiais, que estavam prontos ainda em meados de 2020, por Jorge Freitas, que é um carnavalesco que gosta muito desse estilo de apresentação. Pelos setores perfeitamente especificados, pode ser que o público tenha conseguido pegar a proposta do desfile dentro dessas vestimentas.
Alegorias
A escola alviverde levou quatro alegorias para o desfile. A primeira, simbolizava “Fontes de Oxum, a senhora das águas”. A alegoria teve várias esculturas de Oxum. Nela, também teve leds e chafariz com água real. Porém, uma escultura de Oxum, localizada no lado esquerdo do carro, teve o braço quebrado. Isso atrasou a entrada da Mancha Verde na avenida em 7 minutos. Pode ser algo penalizado que vai prejudicar a escola no dia da apuração.
O segundo carro alegórico, trouxe os “Filhos de Tupã: Guaraci, o Deus Sol e a Serpente M’Boi. Neste carro, vimos as alas das crianças vestidas de curumins. Junto disso, teve muito verde e vários elementos da mata. À frente, uma gigante escultura de uma cobra, que mexia a cabeça de um lado para o outro.
A terceira alegoria, teve como contexto, “A Sereia dos rios encontra a rainha do mar”, onde o contexto se baseou em mostrar o curso dos rios e o fluxo indo para o mar. Iara, a sereia dos rios, encontrava as ondas do mar, que é o lar de Iemanjá, protetora de todos os marinheiros. Na frente, uma escultura colorida simbolizando Iara, junto de botos e, ao topo, uma escultura de Iemanjá. Em volta, detalhes em led com imagens de peixes e criaturas do mar.
Por fim, a última simbolizou “Moinhos da Vida e o Deus dos mares”, e que chega ao mar de Netuno, o Deus mitológico dos mares. À frente da alegoria, havia uma escultura de um cavalo-marinho. Os detalhes de toda o carro, tinha muito brilho. Deu um grande contraste na pista.
Outros destaques
A bateria Puro Balanço, regida pelo mestre Guma, teve um grande desempenho. Principalmente se tratando dos apagões. A paradinha no refrão principal, foi realizada quatro ou cinco vezes e, sempre, arrancou aplausos e reações enérgicas do público.