O samba perdeu um de seus maiores mestres. Arlindo Cruz, cantor, compositor e multi-instrumentista que marcou gerações, morreu nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro, aos 66 anos. O artista estava internado no hospital Barra D’Or, na Zona Oeste da cidade. Em março de 2017, Arlindo sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, após passar mal em casa. Ficou quase um ano e meio hospitalizado e, desde então, convivia com sequelas, enfrentando diversas internações. Longe dos palcos, não voltou a se apresentar profissionalmente.
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Trajetória de um “sambista perfeito”
Nascido em 14 de setembro de 1958, no Rio de Janeiro, Arlindo Domingos da Cruz Filho se tornou um dos nomes mais reverenciados do samba. Ganhou o apelido de “sambista perfeito”, inspirado em parceria com Nei Lopes, que, décadas depois, daria título à sua biografia lançada em 2024.
A carreira ganhou novo impulso quando Arlindo substituiu Jorge Aragão no grupo Fundo de Quintal, permanecendo por 12 anos. No período, gravou clássicos como Seja Sambista Também, Só Pra Contrariar, Castelo de Cera, O Mapa da Mina e Primeira Dama.
Paralelamente, se consolidou como um dos compositores mais gravados do país. Beth Carvalho eternizou canções como Jiló com Pimenta e A Sete Chaves, enquanto Zeca Pagodinho registrou sucessos como Bagaço de Laranja e Casal Sem Vergonha. Ao todo, Arlindo teve mais de 550 sambas gravados por diferentes intérpretes.
Apaixonado pelo carnaval, Arlindo brilhou nas disputas de samba-enredo, principalmente no Império Serrano, sua escola do coração. Venceu pela primeira vez em 1996, com o enredo E Verás Que Um Filho Teu Não Foge à Luta, e voltou a conquistar a agremiação em 1999, 2001, 2003, 2006 e 2007. Em 2023, foi homenageado como enredo da própria escola.
Em 2008, compôs para a Grande Rio no enredo Do Verde de Coari Vem Meu Gás, Sapucaí! e seguiu conciliando o carnaval com a carreira solo. Lançou DVDs e CDs marcantes, como Arlindo Cruz MTV Ao Vivo (2009), Batuques e Romances (2011) e Batuques do Meu Lugar (2012), com participações de Alcione, Caetano Veloso e Zeca Pagodinho.