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Livro homenageia carnavalescos que marcaram a história do carnaval carioca

'Pra Tudo se Acabar na Quarta-Feira' foi organizado por Miguel Pinto Guimarães e Luisa Duarte, com artigos escritos por diversos jornalistas e acadêmicos

A Livraria Travessa, do Shopping Leblon, recebeu na noite da última quarta-feira, o lançamento do livro “Pra Tudo se Acabar na Quarta-Feira: Grandes Criadores do Carnaval”, organizado pelo arquiteto Miguel Pinto Guimarães e pela crítica de arte e curadora Luisa Duarte. Com 386 páginas recheadas de fotos e croquis, a obra se debruça sobre o trabalho de 16 carnavalescos que marcaram a história da folia carioca a partir de artigos escritos por jornalistas e acadêmicos.

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“O carnaval entra na minha vida desde quando eu era pequenininho, nos colchonetes na sala assistindo pela televisão. Não existia ainda o concurso do carnaval virtual, mas eu desenhava escolas de samba, eu desenhava tudo que eu via na avenida. Eu sentava depois moleque e retratava com um olhar de carnavalesco, com um olhar de daquele menino que seria um criativo, um arquiteto artista”, destacou Miguel Pinto Guimarães, eleito um dos arquitetos mais influentes de 2024 pela Casa Vogue.

“Minha estreia na Sapucaí foi em 83, quando fui impactado pelo Xingu de Fernando Pinto. Depois vi Ziriguidum, fui campeão pela Portela em 84 e Tupinicópolis. É uma paixão que vem dos pais, é uma paixão que vem de criança. Eu sou totalmente apaixonado por essa arte”, relembrou.

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Miguel é também autor do livro “Quarenta e Quatro em Quarentena” (2020), fruto de lives que conduziu durante a pandemia da covid-19 com grandes lideranças das artes, política e economia. Foi a partir de um desses encontros, o com Leandro Vieira, que a crítica e curadora Luisa Duarte teve a ideia de “Pra Tudo se Acabar na Quarta-Feira”.

“Eu estava vendo uma live na minha casa em São Paulo do Miguel com o Leandro Vieira e me dei conta durante aquela live de que não existia no mercado editorial brasileiro ainda um livro que desse conta da história do percurso dos grandes carnavalescos do Carnaval do Rio de Janeiro, tomando eles como grandes artistas que eles são. Cinco anos depois, esse livro ganha vida. Eu tô muito feliz. O carnaval talvez seja uma das maiores expressões na nossa cultura e a gente ainda hoje não reconhece e valoriza isso à altura do que merece”, disse Luisa.

A coletânea se inicia com Fernando Pamplona, ​​um dos primeiros carnavalescos egressos da tradicional Escola de Belas Artes da UFRJ, responsável pela descoberta de grandes nomes como Rosa Magalhães, Maria Augusta e Joãosinho Trinta, e termina com um artigo dedicado à dupla Gabriel Haddad e Leonardo Bora, dois consagrados integrantes da nova geração, hoje à frente da Grande Rio. Os artigos de início e o de fim são de autoria do jornalista e pesquisador Leonardo Bruno.

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“Eu escrevi os dois capítulos separadamente e depois percebi como as histórias deles de alguma forma se conectam. Tanto o Pamplona quanto o Bora e o Haddad gostam de trabalhar em grandes comissões, têm equipes muito grandes. Eles tem uma uma característica de diálogo com as comunidades que é muito relevante para a obra deles e para a forma como eles enxergam o Carnaval e as escolas de samba. Há também uma procura por enredos e temáticas muito brasileiras. Eles olham muito para o que é o Brasil e para o que é a escola de samba de uma forma mais ampla, para tirar dali as suas histórias, as histórias que eles querem narrar. É muito legal ver como esses expoentes de gerações tão diferentes se conectam e dialogam de alguma forma e não à toa o Bora e o Haddad admitem e comentam que bebem nessa fonte do Pamplona, que o Pamplona é uma dessas grandes inspirações”, disse Leonardo.

Quem também assina dois dos 16 artigos é a acadêmica Helena Theodoro, primeira mulher negra a obter um Doutorado em Filosofia no Brasil, em 1985. Com uma bela história de militância e muitos anos dedicados à cultura afro-brasileira, Helena escreveu sobre Rosa Magalhães e Leandro Vieira.

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“Escrever sobre Leandro Vieira e sobre Rosa Magalhães foi um grande presente, primeiro porque são dois amigos, duas pessoas com quem eu já tinha uma relação muito boa de amizade, de acompanhar o trabalho. Eu acompanho a Rosa desde que entrei no Estandarte de Ouro em 1984. Inclusive fiquei muito triste porque eu estava fazendo o texto dela quando a editora me ligou dizendo que ela havia falecido. Eu acompanhei Rosa na Imperatriz durante todos os anos em que ela esteve lá e sempre nos demos muito bem, viajamos juntas e eu frequentava a casa dela. Nós éramos amigas, além de termos essa relação com o carnaval. Eu encontrei o Leandro na Mangueira e tive com ele uma relação muito boa. Eu utilizei muito do material do enredo “História para Ninar Gente Grande” nas minhas aulas como um elemento fundamental para se falar da história do Brasil e entender que o carnavalesco pode ser muito além de um mero artista plástico, mas um brasileiro que lute por objetivos e por propostas de cidadania plena para todos os brasileiros. O Leandro é tudo isso”, resumiu Helena.

A estudiosa relatou ter gravado horas e horas de entrevistas com os dois carnavalescos, além de ter visitado a quadra da Imperatriz, escola que Leandro coordena plasticamente na atualidade, e ouvido a comunidade leopoldinense, para compor um retrato fiel de ambos os artistas.

A jornalista Flávia Oliveira foi outra colaboradora da obra, no capítulo sobre Maria Augusta. Apaixonada por carnaval, ela comentou que inicialmente se sentiu surpresa pelo convite de Miguel, mas que se encantou pela proposta.

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“No jornalismo, produzo mais reflexões sobre a ótica econômica principalmente, do mercado de trabalho e dessas questões de território, de pertencimento, de identidade, até de negritude, mas aceitei o desafio a partir da possibilidade de escrever sobre uma mulher. É relevante ter uma mulher escrevendo sobre uma mulher. No livro, sou a única autora que escreve sobre uma carnavalesca mulher. Há outras autoras que escrevem sobre carnavalescos e há outras carnavalescas escritas por homens. Tem essa simbologia de ser uma mulher apaixonada por Carnaval, embora não especialista em arte, escrevendo sobre outra mulher, apaixonada por carnaval, protagonista dessa festa. Espero sinceramente que meu texto traduza esse desejo”, torceu Flávia, que também enalteceu o minucioso trabalho de pesquisa de Maria Augusta em seus enredos afro e elogiou a criatividade da artista em desfiles como Domingo e Amanhã.

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“A Flávia antes de tudo é uma amiga. Ela é considerada uma das jornalistas mais importantes do Brasil no momento. É uma pessoa de pesquisa, de sensibilidade, de preocupações sociais. O texto de Flávia é um privilégio, é um presente. Esse livro é fundamental. Nós carnavalescos sempre fomos chamados de artistas pelas pessoas que desfilam na escola de samba, pelas diretorias, mas na sociedade branca burguesa, nós não temos esse reconhecimento. Os críticos de arte, que escrevem para os jornais, revistas, etc, não nos contemplam. Eles não criticam, eles não falam nem bem nem mal do nosso trabalho. O fato de Miguel Pinto Guimarães resolver fazer um livro mostrando o nosso trabalho como arte é indescritível”, alegrou-se Maria Augusta.

Leandro Vieira também valorizou a iniciativa de Miguel, no que classificou como um esforço raro, senão inédito, de reconstrução do trabalho artístico de cada personalidade, através de fotografias e croquis. Além disso, o homenageado se sentiu realizado de estar junto de nomes tão importantes do carnaval carioca.

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“O trabalho que me antecede, as carreiras que me antecedem, a caminhada que me antecede também se derrama na minha caminhada, porque o que eu faço, a maneira como eu penso Carnaval reforça também o papel da Augusta, o papel do Renato, o papel da Rosa, para falar basicamente daqueles que eu tenho mais admiração. É motivo de alegria saber que eu faço parte e que eu tenho o mesmo ofício desses nomes. Eu tenho só 10 carnavais e tenho tido a felicidade de conviver com os meus ídolos. Eu estou aqui hoje com a Maria Augusta, hoje eu bebo cerveja com Renato Lages, eu pude celebrar a Rosa Magalhães em vida. É bonito para mim especificamente poder desfrutar desse contato de gente tão grandiosa”, descreveu Leandro.

É fato: foi uma noite estrelada, com personalidades de dentro e fora do carnaval. Além dos próprios autores e dos carnavalescos homenageados, compareceram ao lançamento da obra Regina Casé, Fátima Bernardes e Carlinhos de Jesus. O presidente da Liesa, Gabriel David, chegou à solenidade acompanhado do amigo e diretor-executivo da Imperatriz João Drumond.

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“É muito importante pra gente honrar os carnavalescos que já se foram e contar para as novas gerações toda essa formação do carnaval. Fico muito feliz que essa ideia ganhou o papel e está nas livrarias agora. Tenho certeza que engrandece ainda mais o espetáculo e fortifica ainda mais a importância desses carnavalescos ao longo da história do Carnaval”, expressou Gabriel David.

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