Por Bernardo Cordeiro. Fotos: Magaiver Fernandes
A busca para retornar a Sapucaí se torna cada vez mais perto para a escola de samba Lins Imperial. Com o enredo, “Pinah, a soberana” a verde e rosa do Lins apresentou a divindade suprema que a sambista Pinah alcançou por toda a sua representatividade e força da negritude, reforçando que o título de realeza lhe pertence para sempre.
Além disso, a escola percorreu diversos momentos na história de Pinah no último setor, focando mais no viés da negritude no conjunto da escola, trazendo uma imagem clara e belíssima: é necessário recordar as memórias da travessia por Kalunga Grande e as nobrezas vindas da África que atracaram em um Brasil que tentou apagar suas histórias.
Destaque para a presença de diversas referências a grandes destaques negros que já morreram, mas que vivem eternamente na lembrança e na importante realeza que atingiram durante a vida como Luiz Gonzaga, Ismael Silva, Tia Ciata e tantos outros.
Comissão de Frente
Dança com referência a rituais africanos, a Comissão de Frente demostrou sincronia, força e entrosamento com o samba de maneira muito correta. Além disso, o público se emocionou e aplaudiu muito quando no toque do tambor, Pinah aparece e sambou em cima do elemento cenográfico, um grande tambor africano.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O casal Weslen Santos e Manoela Cardoso executou uma dança com bailado rápido, dinâmico e regular. O entrosamento dos dois junto a melodia do samba enredo, foram um destaque importante. No geral, o casal foi extremamente técnico na dança.
Alegorias e Adereços
O ponto alto e certeiro para o desfile da Lins Imperial alavancar na frente na busca do título. Eduardo Minucci e Ray Menezes, carnavalescos da escola, demonstraram toda a capacidade técnica e criativa para executar os carros alegóricos com riqueza de detalhes e esteticamente impecável. Destaque principal para o abre alas com a Águia, símbolo da agremiação, em perfeito movimento nas asas e no pescoço.
Fantasias
A criatividade foi o diferencial no desfile da verde e rosa do Lins. Todas as alas eram extremamente detalhadas, com a paleta de cores combinando entre os setores e principalmente, a boa qualidade dos matérias que eram leves, luxuosos e brilhavam ao refletir a luz.
Evolução
Talvez, o único quesito que possa atrapalhar a escola. No primeiro módulo, o ultimo carro demorou a andar pela dificuldade ao empurra-lo devido ao grande tamanho e peso. Porém, a escola se apresentou coesa e com bom rendimento pelo resto do desfile.
Harmonia
Mais um bom quesito para a Lins Imperial. A melodia e a letra agradavam quem estava na Intendente Magalhães por volta das 2h. Todas as alas cantavam o samba, principalmente no refrão da cabeça com o verso ”Pinah,ê ê,ê, Pinah” que ecoou pela escola com muita força.
Samba Enredo
O samba mais cantado com uma melodia muito boa de se escutar e cantar. A letra parece estar em contato direto com o enredo. O início da letra sobre as raizes africanas e a navegação por Kalunga Grande, encaixa perfeitamente com a coroação de Pinah na Deusa da Passarela, Beija-Flor, com “alma azul e branca”. Destaque para o refrão da cabeça extremamente forte e com riqueza melódica.
Enredo
A genialidade se confirmou quando o enredo foi para pista na Intendente Magalhães. Apesar de ser titulado “Pinah, a soberana” a escola conseguiu mostrar que a sambista, negra e mulher se transformou em divindade porque é herdeira e produto de memórias, sempre exaltando a negritude. A leitura das alas e alegorias era de fácil compreensão em junção ao enredo. Não era necessário o abre alas para entender a mensagem que a escola transmitia durante a apresentação. Um enredo necessário, poético e brilhante, com essência e força.
No geral, a Lins Imperial é forte candidata ao título de 2020 na Série B graças ao seu desfile correto, luxuoso, emocionante e principalmente, necessário para recordar as memórias das raizes africanas.