O álbum com os sambas-enredo das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, um dos produtos mais aguardados pelo público carnavalesco, passará por uma transformação significativa para o ciclo de 2026. Em uma mudança de filosofia, a Liesa aposta em dar mais autonomia e liberdade criativa às agremiações, que agora serão responsáveis pela produção de suas próprias faixas. A novidade foi detalhada em entrevista ao CARNAVALESCO, pelo presidente da gravadora, Hélio Motta, revelando uma estratégia que busca refletir com mais fidelidade a identidade de cada escola. O projeto, que já é um sucesso consolidado no ambiente digital, chega a este novo momento com números expressivos.
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“A gente já ultrapassou 165 milhões de streaming. Só ano passado, fizemos 25 milhões de streaming com o álbum de estúdio, mais cinco do ao vivo”, revelou o diretor responsável pelo projeto. O canal oficial no YouTube também já ultrapassou a marca de 100 mil inscritos, indicando um crescimento “bem acima do que o mercado vem entregando como resultado”, disse Hélio Motta, responsável pela gravadora.
Fim da tutela: Escolas no comando
A principal revolução para o próximo álbum é o novo modelo de produção. Se antes a Liga era a responsável pela concepção de todos os arranjos e pela produção centralizada das 12 faixas, agora o cenário é outro. A Liesa atuará como uma coordenadora, garantindo a unidade e a harmonia sonora do álbum como um todo, mantendo a produção geral sob o comando de Alceu Maia para assegurar a qualidade técnica.
“É como tendência nossa, cada vez menos nós, eh, a gente tem tutelado menos as escolas de samba e dando sempre mais oportunidade pra eles mostrarem os seus próprios trabalhos”, explicou o Hélio Motta.
Na prática, isso significa que cada agremiação terá o controle total sobre sua música. “Hoje cada escola de samba tem seu diretor musical, tem seu arranjador. Na primeira passada, na segunda passada, elas que estão definindo o que que eles querem”, detalhou.
Liberdade criativa e estratégia digital
Além da autonomia na produção, as escolas terão mais liberdade para inovar. Instrumentos que não fazem parte do regulamento do desfile, como guitarras, efeitos especiais e equipamentos de cordas e sopro mais elaborados, foram liberados para as gravações. A ideia é não “cercear a capacidade criativa dos arranjadores nem das escolas de samba”, permitindo que o produto musical seja ainda mais rico.
A estratégia de lançamento também foi modernizada. O álbum completo será precedido pelo lançamento de 12 singles, um para cada escola. A gravação ocorrerá de 5 a 10 dias após a final de samba-enredo de cada agremiação, com a expectativa de que a faixa esteja disponível nas plataformas digitais cerca de 30 dias após a escolha.
“Quando lançar o último single, a gente incorpora num álbum completo”, afirma o diretor. Essa antecipação, um pedido do presidente Gabriel David, visa dar mais tempo para o público absorver os sambas e para que as obras “sejam mais ouvidas e cheguem no carnaval” com mais força.
Videoclipes como ferramenta de ‘defesa de quesito’
O projeto audiovisual ganhará ainda mais relevância. Além dos 12 clipes em formato “making of” produzidos pela Liga para seu canal oficial, as escolas estão liberadas para criar seus próprios clipes oficiais usando o áudio master da gravação. Segundo o diretor, essa é uma ferramenta estratégica fundamental.
“Nós entendemos também que o clipe, ele funciona também como defesa de quesito. A escola de samba, ela pode explicar melhor o samba-enredo, ela pode explicar melhor o enredo que ela tá contando”.
Com um coro também definido por cada escola, que poderá explorar dobras, terças e oitavas conforme seu arranjo, o álbum do Carnaval 2026 promete ser o mais diverso e representativo dos últimos anos, refletindo a alma de cada pavilhão diretamente dos estúdios para os ouvidos do sambista.