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Leveza da Dragões da Real na evolução encanta em segundo ensaio técnico de conjunto impecável

Escola da Vila Anastácio confirmou boa impressão deixada no primeiro treinamento geral com qualidades que vão além da simples solidez de quesitos

Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins (Colaboraram Gustavo Lima, Will Ferreira, Naomi Prado e Nabor Salvagnini)

A Dragões da Real realizou no último domingo seu segundo ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi em preparação para o desfile no carnaval de 2025. Apresentando um conjunto de quesitos de excelente qualidade, a evolução livre e leve dos componentes foi o que mais chamou a atenção nos 60 minutos em que a escola passou pela Avenida. A comunidade de Gente Feliz será a terceira a se apresentar na sexta-feira de carnaval pelo Grupo Especial com o enredo “A vida é um sonho pintado em aquarela”, assinado pelo carnavalesco Jorge Freitas.

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O que se viu na última passagem da Dragões pelo Anhembi antes do desfile oficial reforça a tese levantada na análise do primeiro ensaio quanto a possivelmente estarmos diante do surgimento de uma nova era no carnaval de São Paulo. Às vezes, a melhor escolha que pode ser feita pensando em um futuro saudável é refletir quanto ao que costumava ser feito no passado. A escola apresentou nestes dois ensaios técnicos, mesmo sem fantasias e alegorias, desfiles cativantes e muito agradáveis de se acompanhar, transmitindo a sensação de que o carnaval sempre deveria ser desse jeito. Não renunciou ao rigor onde deveria ter, mas mostrou para todas as coirmãs que carnaval foi feito para se brincar e até mesmo existe um jeito certo de se fazer isso na Avenida, sem forçar o componente a ficar em amarras de passos marcados ou outras burocracias tediosas. Se o título inédito irá para a Vila Anastácio é cedo para afirmar, mas a Dragões está no caminho certo para revolucionar o carnaval paulistano.

Comissão de Frente

DragoesDaReal et Comissao 3

Ensaiada pelo coreógrafo Ricardo Negreiros, a comissão de frente da Dragões realizou uma apresentação com duração de duas passagens do samba e fez uso de um elemento alegórico. É uma coreografia separada em duas partes, sendo uma que ocorre no chão e a outra em cima do tripé, que tem uma construção intrigante. A atuação no chão predomina em boa parte da apresentação, onde se destaca uma criança como protagonista que faz uma performance variada e muito bem sincronizada com os atores adultos. No segundo ato, na alegoria, um dos atores que performavam nela passa a interagir com quadros que se erguem das laterais, e em seguida os adultos do elenco que estavam no chão aparecem em cima do tripé saindo de um grande rosto que se abre, deixando o menino sozinho até o final do segundo ato, onde ele pega um drone guardado no tripé, coloca no chão, e interage com o objeto enquanto começa a voar.

A apresentação da comissão de frente é agradável de se acompanhar e impressiona pela facilidade de leitura dos elementos do enredo, em especial no momento final da coreografia, com a criança solitária, em uma cena que coincide com os versos do samba de maneira comovente. Quando a Dragões da Real passar pela Avenida, com todos os elementos devidamente caracterizados, certamente proporcionará uma abertura fantástica para o desfile da escola.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Atuais vencedores do Prêmio Estrela do Carnaval promovido pelo CARNAVALESCO, Rubens de Castro e Janny Moreno mostraram o porquê de merecerem o reconhecimento. O “casal 40+” teve uma atuação sublime por todos os módulos em que foram observados, chegando especialmente no último ainda com energia para dar os mesmos giros coordenados de forma impressionante mostrados no primeiro. A sintonia na dupla impressiona em todos os movimentos, cumprindo as obrigatoriedades com elegância, e a criatividade da coreografia fazem da apresentação um alento para os olhos.

DragoesDaReal et PrimeiroCasalRubensJanny

Rubens citou o que na sua opinião mais se destaca na coreografia realizada pelo casal. “O lúdico! Vocês estão vendo a nossa dança, ela é uma dança lúdica, uma dança interpretativa, assim como a dança característica principal do Rubens e da Janny, mas tem um lúdico nos movimentos que se alguém percebeu nos nossos vídeos, vai perceber que tem um lúdico no movimento que só uma criança pura consegue enxergar”, comentou.

Janny demonstrou otimismo com o trabalho desenvolvido pelo casal, mas deixou claro que ambos estão em alerta para qualquer situação que possam encarar. “Está tudo certo, graças a Deus, mas você sabe que a Avenida é uma caixinha de surpresas. Está tudo pronto, mas também pode ter os seus imprevistos”, disse.

Harmonia

Seria injusto apontar uma ala que se destacou em questão de canto no ensaio da Dragões da Real. A letra fácil ajuda na assimilação e o compromisso da comunidade só engrandecem o trabalho de toda a escola. O samba foi claramente ouvido por todos os setores que se apresentaram na Avenida, ganhando ainda mais força nos diferentes momentos em que a bateria realizou apagões. Não é de hoje que a Dragões é conhecida por ter um canto forte, e este domingo reforçou ainda mais a boa fama.

Evolução

Considerar a evolução como o destaque de um ensaio técnico com tantas qualidades é cumprimentar a escola pelas decisões tomadas no quesito. Carnaval existe para brincar, mesmo havendo o compromisso de se obter boas notas visando a conquista de um título. O que se viu no Anhembi foi uma jovem escola de samba agindo como uma senhora carregada de tradição, respeitando o que o carnaval sempre deveria ser. A comunidade da Dragões evoluiu com uma leveza rara de se ver na atualidade em suas alas, mesmo entre escolas não tão rigorosas assim.

DragoesDaReal et PresidenteTomate 3

O fato de os componentes cantarem tão bem o samba e passarem pela Avenida de forma tão livre, mesmo respeitando os limites de suas próprias alas, mostra principalmente que o compromisso de cada um é representar com alegria a sua escola tendo plena consciência de suas responsabilidades. A compactação entre as alas, a fluidez do andamento e o fechar dos portões aos 60 minutos apenas reforçam o quão boa a evolução da escola foi. Que as outras agremiações possam se espelhar no exemplo dado pela escola da Vila Anastácio no ciclo de ensaios técnicos que acabou de se encerrar.

O diretor de harmonia da Dragões da Real, Rogério Félix, refletiu sobre o ciclo de ensaios técnicos da escola no Sambódromo do Anhembi e exaltou o compromisso da comunidade com o projeto desenvolvido para o carnaval de 2025.

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“Nós fizemos dois ensaios técnicos. Trabalhamos muito em fazer um ensaio técnico diferente, balançado, onde os componentes viessem brincando o carnaval, não viessem em fileiras, viessem vindo para um lado e para o outro, cantando muito, se divertindo e sacudindo muito. É arriscado, muitos acharam que o que nós fizemos no primeiro ensaio fosse apenas uma loucura, que não faríamos no segundo. Fizemos no segundo mais balançados e vamos fazer mais ainda no dia do desfile. Eu tenho que agradecer a minha comunidade, que realmente comprou a ideia maluca do projeto e está cantando muito e balançando muito”, avaliou.

Rogério afirmou que a forma como a Dragões conduziu a preparação para o carnaval de 2025 tem a ver com uma característica da própria escola de se relacionar com os enredos que escolhe ao longo dos anos.

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“A Dragões sempre se veste no enredo. Na época de ‘Asa Branca’, nós só tocávamos músicas nordestinas e servíamos comidas nordestinas na quadra, e esse ano ‘A vida é um sonho pintado em aquarela’, se a vida é um sonho a vida é para ser brincada, a vida é para você curtir, dançar, realmente viver como se fosse um sonho. A vida é um sonho, é um presente que você recebe, não poderíamos ter um desfile diferente. Nós tínhamos que ter um desfile que fosse realmente brincante, que as pessoas brincassem na Avenida e então compramos a ideia. Jorge Freitas é um monstro, é um presente para o carnaval de São Paulo e principalmente para a Dragões, comprou muito a ideia. Nós temos ensaiado muito. Muitos acharam que depois do primeiro ensaio técnico que nós fizemos, estaríamos em casa parados. Pelo contrário, intensificamos os ensaios, intensificamos os ensaios com alas específicas para que eles entendessem que o que nós queríamos é que eles brincassem, com responsabilidade, mas que eles brincassem”, afirmou.

Samba-Enredo

Os dois ensaios técnicos da Dragões da Real mostram até o momento que a escolha do samba surtiu bons efeitos. É uma obra poética, oriunda de um enredo inspirado em uma música aclamada por todo o país. No geral, a condução do samba é bem-feita pelo carro de som e a comunidade defende muito bem na Avenida através do canto, mas fica uma certa preocupação quanto ao alongamento de versos. Em alguns momentos, o intérprete Renê Sobral prolonga o cantar do verso “Se um pinguinho de tinta cair no papel”. Como não se trata de um caco, é preciso ver como os jurados interpretarão caso a atuação persista assim no desfile oficial.

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Renê fez uma análise do desempenho do carro de som neste segundo ensaio da Dragões da Real no Sambódromo do Anhembi. “Estou muito feliz com o desempenho da ala musical, das cordas, do conjunto com a bateria, do conjunto com o canto da escola. O chão da escola veio pegando fogo mesmo. Estou muito feliz, foi um ensaio muito bom”, avaliou.

O intérprete destacou os elementos que evoluíram durante o ciclo de pré-carnaval na preparação do carro de som, citando os critérios utilizados nas últimas semanas. “Sempre fazemos algumas limpezas. Usamos muitas coisas no primeiro ensaio técnico, fizemos muitas coisas na quadra e depois tentamos aqui no terreiro mesmo. Algumas coisas funcionam, outras não, então hoje fizemos essa limpeza e viemos meio que atacando com quase que 99,99% do que vai acontecer na Avenida”, afirmou.

Outros Destaques

A “Ritmo que Incendeia” cumpriu bem o seu papel dentro da proposta do enredo com bossas bem aplicadas e apagões que contribuíram para evocar a comunidade e cantar o samba ainda mais forte. À frente dos ritmistas, a corte da bateria abrilhantou a apresentação com a participação da rainha Karine Grum, princesa Yohana e da estreante como musa Beatriz Roberta, que mostraram muito entrosamento e samba no pé.

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Mestre Klemen Gioz comentou o desempenho da bateria neste segundo ensaio técnico, apontando um elemento de evolução se comparado com o primeiro realizado pela Dragões da Real no Sambódromo do Anhembi.

“Passamos bem melhor que no primeiro ensaio. Claro, o pessoal já está com o espírito de campeonato, de querer realmente fazer acontecer e no final deu tudo certo. Sempre tem algumas coisinhas a melhorar de ritmistas com falta de atenção, isso daí acontece em todas as baterias. Hoje já não teve isso, então é uma grande vitória”, afirmou.

Veja mais imagens do ensaio

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