Por Lucas Santos

Estreante em 2017 como rainha da bateria no ano em que a Portela quebrou um jejum de mais de 30 anos sem títulos, Bianca Monteiro é cria da comunidade de Oswaldo Cruz e Madureira. A frente da Tabajara do Samba, a rainha brilhou fantasiada de índia vestida com uma malha trazendo em alguns pontos o azul da escola.

Bianca Monteiro falou à reportagem do CARNAVALESCO sobre a responsabilidade de defender um pavilhão tão tradicional do carnaval carioca e sobre o trabalho realizado na escola.

bianca portela

“A gente está falando da escola que tem mais títulos, uma escola respeitada e amada, todo lugar que eu passei nesse ano eu fui cumprimentada por isso, pois em todo lugar há um portelense. Então representar uma instituição como a Portela, a Tabajara do Samba, a emoção eu não consigo nem expor em uma palavra. Eu sou da comunidade, a gente vem fazendo um trabalho gradativo, recentemente fizemos uma reforma na sala de bateria em prol do melhor da Tabajara, do mestre Nilo e dos 40 pontos e eu vou ficar até quanto tiver que ficar, até quando estiver contribuindo”.

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Ao ser perguntada se há algum preconceito dentro do carnaval com rainhas de comunidade por não trazer patrocínio, Bianca tratou de ressaltar alguns requisitos importantes para a função que são independentes da origem de quem ocupa.

“Eu acho que cada escola tem uma tradição, tem uma forma de ver. Pelo o que eu ouvi falar, a Portela já não tinha uma rainha de comunidade há muito tempo e eu cheguei já sendo campeã do carnaval. Mas eu acho que independente de quem está ali na frente, você tem que amar, você tem que entender o chão e respeitar cada ritmistas porque eu convivo com eles quase todos os dias e eu vejo a luta e nem sempre eles são valorizados da melhor maneira possível no mundo do samba sendo de uma importância tão grande para o carnaval”.

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Apesar de não limitar a escolha das rainha a gente dá comunidade, Bianca expressou o desejo de ser substituída por alguém com uma história parecida com a sua.

“Claro que eu vou querer passar a minha coroa para uma menina da comunidade. Eu vejo os olhares de admiração das crianças. Eu nunca tive uma rainha de bateria que olhasse por mim e eu acho que por isso o meu trabalho aumenta mais. A minha missão é maior quando eu penso no futuro dessas crianças”.

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Assim como pretende inspirar jovens da comunidade a buscar seu sonhos, Bianca revela que também se inspirou em rainhas que foram formadas em comunidades voltadas para o samba.

“Sempre amei a Raíssa dá Beija Flor, porque a Raíssa é uma pessoa maravilhosa. A Evelyn da Mangueira por seu uma pessoa guerreira e lutar, realmente sair do morro e ter seu pensamento e opinião e colocar em prática. Sempre importante ter pessoas que defendem a nossa raça. Mas eu acho que todas tem que ser respeitadas porque todas fazem um trabalho bem feito, e no final de tudo nós temos que nos unir. Eu quero continuar fazendo esse trabalho e espero que outras escolas possam perceber a importância de valorizar a prata da casa”.

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