O site CARNAVALESCO revela o resultado do júri dos sambas-enredo da Série A para o Carnaval 2020. Participaram os jornalistas Guilherme Ayupp, Matheus Emanuel, Antonio Junior e Rodrigo Godoi. Houve um empate triplo na primeira posição. Cubango, Império Serrano e Imperatriz Leopoldinense formaram 40 pontos, a pontuação máxima. Vale lembrar que a avaliação é feita em cima do CD oficial da Lierj para o Carnaval 2020.
Notas e justificativas de Matheus Emanuel (jornalista da Rádio Tupi)
Inocentes de Belford Roxo: 9,8. A letra é bastante explicativa e torna o enredo simples e didático. O trecho que antecede o refrão principal é o ponto alto do samba. No entanto, da “cabeça do samba” até os primeiros versos após o refrão do meio, a obra apresenta dificuldades melódicas, o que pode dificultar o canto da comunidade de Belford Roxo.
Vigário Geral: 9,9. O refrão principal foge do lugar comum e possui uma linda passagem melódica. Porém, a melodia não mantém o alto nível no decorrer da obra. A letra do samba é bem construída e faz com que a obra tenha qualidade do começo ao fim.
Império da Tijuca: 9,7. Apesar da boa condução de Daniel Silva, o samba se mostra cansativo. Tanto o refrão do meio, quanto o refrão principal carecem de qualidade melódica. A letra da obra é mediana como um todo, o que impede que o samba evolua de maneira satisfatória. O que vemos é uma obra que precisará muito da garra dos componentes da agremiação para passar de forma aceitável na Marquês de Sapucaí.
Cubango: 10
Porto da Pedra: 10
Imperatriz: 10
Unidos da Ponte: 10
Unidos de Padre Miguel: 10
Império Serrano: 10
Santa Cruz: 9,9. Samba com uma letra muito bem elaborada, que elucida o enredo de forma categórica. A obra peca na parte melódica especialmente na “cabeça do samba”. O destaque da obra fica para o excelente refrão do meio. Caso a harmonia da escola se apresente de forma positiva, o samba da Santa Cruz poderá ter um ótimo desempenho na Avenida.
Renascer de Jacarepaguá: 9,8. A Renascer não manteve o padrão elevado de samba-enredo dos últimos carnavais. A obra apresenta irregularidades na melodia durante toda a sua extensão e possui uma letra que não sai do lugar comum. A agremiação terá que contar com uma ótima estreia de Leonardo Bessa para que o samba cresça e ajude o desempenho da escola na Sapucaí.
Acadêmicos da Rocinha: 9,8. Acredito que a obra teria um rendimento bem superior caso o refrão principal tivesse no lugar do refrão do meio. A letra não explica o enredo de maneira satisfatória. A melodia possui algumas boas passagens durante o samba, mas não demonstra a linearidade para que o samba alcance um desempenho de excelência.
Unidos de Bangu: 9,6. Samba extremamente cansativo. A letra se mostra confusa em diversos momentos e a melodia não é atrativa. O canto da escola será fundamental para que a obra não tenha um rendimento ruim na Marquês de Sapucaí, uma vez que a harmonia da agremiação pode fazer com que o samba suba de produção, apesar dos defeitos citados acima.
Acadêmicos do Sossego: 9,8. Apesar da boa letra e do excelente desempenho da bateria no CD oficial, a melodia do samba não possui tanta qualidade, fato que prejudica o desempenho do samba como um todo. O trecho que antecede o refrão principal é a melhor parte da obra, que precisará de ajustes até o carnaval para que o samba proporcione um bom desfile para a agremiação de Niterói.
Notas e justificativas de Rodrigo Godoi (jornalista da Sasp)
Cubango – 10
Imperatriz – 10
Santa Cruz – 10
Unidos de Padre Miguel – 10
Rocinha – 10
Império Serrano – 10
Inocentes – 10
Porto da Pedra: 9.9. Pra mim a grande surpresa do CD 2020 da Série A é o intérprete Pitty Menezes, que cantou muito bem o samba da Porto da Pedra. Falando da obra, ela foi muito bem escrita pelos compositores, mas com uma melodia mais comum, comparando com outros sambas do CD, por isso tiro esse décimo.
Renascer de Jacarepaguá: 9.9. Gosto muito desse samba da Renascer, composto por um trio que dispensa comentários e muito bem interpretado pelo Bessa. A letra é belíssima, usando palavras pouco usadas por outros compositores, porém a estrofe “Para o combate do espinho com a flor”, a melodia ficou um pouco corrida e isso pode ser um ponto negativo para o canto da escola.
Império da Tijuca: 9.8. O samba da escola do Morro da Formiga é bom, mas comum, sem nenhuma novidade que chame a atenção. A melodia das estrofes finais da obra, pouco antes da volta para o refrão principal, não me agrada por conta da repetição, quando você acha que virá o refrão, tem mais quatro estrofes do samba.
Unidos de Bangu: 9.8. O samba da Bangu é uma obra clássica, que me agrada, pois gênero se consagrou assim. Mas se compararmos com outros sambas do grupo, ele fica um pouco atrás. Na estrofe “resistindo a natural pena de morte”, achei que o canto ficou rápido, para a letra para se encaixar na melodia, isso pode prejudicar o canto dos componentes.
Unidos da Ponte: 9.8. Esse samba tem uma leveza melódica, que em outros sambas não me agradou, mas que nesse eu gostei bastante, ele é bom de ouvir, e sua letra é simples. Claro que em uma disputa com grandes obras, essa leveza melodia e a letra comum o deixa abaixo das demais obras, mas o samba é bom.
Vigário Geral: 9.7. O samba tem uma letra muito bacana, totalmente dentro do enredo, fazendo críticas diretas para a atuação situação do nosso país. Porém sua melodia é bem comum e não valoriza a letra do samba nos trechos fortes, como nos refrões.
Acadêmicos do Sossego: 9.7. O samba da escola vem com uma letra comum, sem grandes inspirações, assim como sua melodia. Comparando com outras obras da Série A, ela acaba não chamando tanta atenção.
Notas e justificativas de Antonio Junior (jornalista da Sasp)
Acadêmicos de Vigário Geral: 9.9. Com a responsabilidade de abrir o carnaval na sexta-feira, pode-se dizer que a escola de Vigário Geral escolheu bem a obra que será responsável por embalar seu desfile. Letra inteligente para abordar a história do Conto do Vigário, com destaque para a segunda do samba muito bem elaborada.
Acadêmicos da Rocinha: 10
Unidos da Ponte: 9.8. Com um tema um pouco mais complexo como a eternidade, a letra busca tentar tornar de mais fácil identificação e entendimento o enredo da agremiação. Numa safra tão qualificada como a da Série A, é um samba bom, porém um pouco abaixo em comparação a outras integrantes do grupo de acesso carioca. Destaque positivo para a exaltação à escola na reta final da segunda do samba, ponto alto da obra.
Unidos do Porto da Pedra: 9.8. Com uma temática de enredo já bastante elaborada no carnaval brasileiro, a Porto da Pedra escolheu um bom samba para o carnaval 2020. As últimas estrofes da segunda do samba são bastante interessantes. O samba cumpre bem seu papel de apresentar o enredo da escola de São Gonçalo.
Acadêmicos do Cubango: 10
Renascer de Jacarepaguá: 10
Império Serrano: 10
Acadêmicos do Sossego: 9.8. Com uma temática afro, a escola do Largo da Batalha conta com uma obra bastante regular e que tem boas chances de cumprir seu papel de apresentar o enredo da escola de maneira correta. Destaque para o refrão do meio e o refrão ao fim da segunda do samba, ambos bem elaborados.
Inocentes de Belford Roxo: 9.6. A sensação é que a rainha Marta poderia ter uma homenagem mais bem elaborada, especialmente no refrão principal. A letra tem bom desenvolvimento, especialmente na primeira e no refrão do meio, mas a segunda e principalmente o refrão destoam das partes citadas anteriormente. No refrão principal, por exemplo, são utilizados quatro vezes o “É” para falar da homenageada, além de algumas soluções mais simples ao longo da letra.
Unidos de Bangu: 10
Acadêmicos de Santa Cruz: 10
Imperatriz Leopoldinense: 10
Unidos de Padre Miguel: 10
Império da Tijuca: 9.9. O samba da escola da Formiga é daqueles que são gostosos de ouvir. Em um grau de comparação com outras obras do grupo, acredito que esteja pouco abaixo, mas é um samba bem interessante. Com alternâncias melódicas, a letra foi muito bem elaborada pelos compositores e conta, no CD, com uma interpretação de bom nível de Daniel Silva.
Notas e justificativas de Guilherme Ayupp (Site CARNAVALESCO)
Cubango: 10
Porta da Pedra: 10
Imperatriz: 10
Império Serrano: 10
Império da Tijuca: 9,8. A obra pecou em alguns aspectos. A melodia torna a canção monótona. Poderiam ter explorado melhor a potência vocal do intérprete Daniel Silva. A letra também deixa a desejar com passagens de pouca inspiração poética, casos de trechos como “luz do breu” e “já clareou um novo dia”.
Santa Cruz: 9,8. A letra é bastante inspirada, impulsionada por um enredo bastante interessante. Entretanto a melodia é enjoativa com repetições de nuances nordestinas que deixaram o samba um grande ‘xaxado’ descaracterizando um pouco a composição. Como o que é julgado aqui é que ouve-se do CD, fica o alerta para a avenida.
Unidos de Padre Miguel: 9,9. Certamente é o refrão do ano na Série A. Forte, marcante, representativo. Brilha como sempre o intérprete Diego Nicolau. Finalmente recebe uma oportunidade em uma escola competitiva. Tiro um décimo pelo sequenciamento do samba não seguir uma linearidade. A letra carece de passagens mais inspiradas e a melodia ao longo da obra não cumpre o mesmo requisito encontrado no refrão.
Renascer de Jacarepaguá: 9,8. Em que pese o extenso alusivo na introdução, mais uma boa obra da Renascer. A melodia torna a obra um pouco acelerada, dificultando a compreensão de algumas palavras. Valoroso o trecho “ó preta velha meu Brasil quer tua cura para tirar a amargura desse povo sofredor”. Boa estreia de Leonardo Bessa na escola.
Unidos de Bangu: 9,9. Brilhante interpretação de Igor Vianna, um dos principais intérpretes da Série A. A letra é muito boa e inspirada, mas em julgamento comparativo tiro um décimo de alguns aspectos que poderiam estar melhor trabalhados.
Inocentes: 9,8. Marta é um personagem riquíssimo para um enredo. Mulher, negra, nordestina. O samba da Inocentes está à altura da homenageada, mas poderiam mais. A melodia possui muitas variações que deixam o samba um pouco enjoativo de cantar. Destaque para o refrão.
Unidos da Ponte: 9,7. Obra pouco inspirada para a agremiação de São João de Meriti. O enredo é bastante abstrato e os compositores tiveram dificuldade de criar a obra encomendada. “Ponte tu és o elo da eternidade” é um verso com pouca pouca característica poética, como pede o manual do julgador.
Rocinha: 10
Sossego: 9,8. Novamente o destaque é o intérprete Guto. O intérprete valoriza uma obra apenas mediana. A melodia não favorece um canto linear e a letra é batida, sem trabalhar a poesia que o enredo sugere.
Vigário Geral: 9,7. Retorno de Vigário para a Série A carecia de uma obra melhor construída. A letra tem trechos de pouca inspiração, como a repetição de jargões populares, sem uma coerência entre eles. A obra não sabe se quer ser irreverente ou histórica. Essa falta de linearidade torna o samba confuso e pouco claro.
Veja abaixo a classificação final:
Cubango, Império Serrano, Imperatriz: 40 pontos
Unidos de Padre Miguel: 39,9 pontos
Rocinha: 39,8 pontos
Porto da Pedra e Santa Cruz: 39,7 pontos
Renascer: 39,5 pontos
Unidos de Bangu e Unidos da Ponte: 39,3 pontos
Inocentes, Império da Tijuca e Vigário Geral: 39,2 pontos
Sossego: 39,1 pontos