O produtor cultural José Junior, fundador do AfroReggae, está expandindo suas fronteiras e mergulhando de cabeça no universo do carnaval. Conhecido por suas séries de sucesso que retratam a realidade das comunidades, Junior agora volta seu olhar para a maior festa popular do Brasil. Os primeiros grandes projetos são o reality show “A Voz do Carnaval”, que definiu os novos intérpretes da Beija-Flor de Nilópolis, e uma série documental sobre a vida e carreira do ícone Neguinho da Beija-Flor. A relação de José Junior com a escola de Nilópolis não é recente. Ele se considera “um cara dos anos 1980” e sua formação cultural foi marcada pela era de ouro da agremiação, com figuras como Joãozinho Trinta, Neguinho e Anísio Abraão David.
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“Eu vi muito a Beija-Flor. Joãozinho Trinta, Neguinho, Anísio. Muitas referências”, relembra.
Após um período afastado, a paixão reacendeu através de uma forte amizade com Gabriel David, presidente da Liesa. Foi de uma conversa com ele que nasceu a ideia do reality.
“Ele virou pra mim, cara, e falou assim: ‘irmão, tive uma ideia, queria ver o que que você acha'”, conta Junior.
A proposta era criar um programa para escolher o novo intérprete da escola, uma iniciativa que Junior abraçou imediatamente, sentindo-se privilegiado com o convite. O projeto, realizado em parceria com o Multishow e o Globoplay, promete mostrar ao público “a doutrina da Beija-Flor”, revelando um processo de escolha que já existia internamente, mas que agora será televisionado.
Durante a produção do reality, surgiu a inspiração para um novo projeto. “Eu senti que tinha que fazer uma série do Neguinho também, na paralela”, explica Junior.
Assim, nasceu a série documental sobre um dos maiores nomes do carnaval, um projeto que ele descreve como “inspiracional e de superação”. A produção irá explorar histórias desconhecidas do grande público, desde a época do “Neguinho da Vala” até momentos pessoais delicados, como a luta contra o câncer.
“Esse cara é um vencedor. Eu acho que ele é um herói brasileiro”, afirma o produtor.
Novos horizontes e a visão para o futuro
A imersão no carnaval abriu um leque de possibilidades para José Junior, que já planeja outras obras ambientadas neste universo. Ele está desenvolvendo duas séries de ficção que terão o carnaval como pano de fundo: uma sobre o Jogo do Bicho e outra, intitulada “Dinastia”, que narra a história real de uma família há 50 anos no tráfico e sua relação com a festa.
Para Junior, que tem uma longa trajetória de trabalho em comunidades, a escola de samba é o “maior exemplo de comunidade”. Ele confessa que seu conhecimento prévio era superficial e que a convivência com os baluartes e membros da Beija-Flor o fez perceber a complexidade e a riqueza desse mundo. Essa experiência já o inspira a sonhar com novas histórias, como uma ficção baseada na vida da sambista Pinah.
“Quando você começa a conviver com esse mundo, com esse universo isso muda a cabeça”, reflete.
Com múltiplos projetos em andamento, José Junior se posiciona não apenas como um produtor, mas como um cronista deste universo, resgatando parte de sua própria infância e se comprometendo a levar as histórias, os dramas e as glórias do carnaval para uma audiência ainda maior.