O Salgueiro lançou a sinopse do enredo “Salgueiro de corpo fechado”, na última quarta-feira. Em evento na quadra reuniu os compositores e a comunidade para estarem juntos na apresentação onde a sinopse foi narrada para todos os presentes, enquanto ocorria a apresentação artística da mesma, com elementos que estavam contidos no texto.

Fotos: Matheus Morais/CARNAVALESCO

A apresentação ficou por conta de Paulo Pinna e Carlinhos do Salgueiro, e iniciou com Tia Glorinha e Sidclei, remetendo ao vídeo de apresentação lançado em abril. Ali, Tia Glorinha faz um fechamento do corpo no mestre-sala antes da apresentação percorrer os caminhos espirituais com uma saudação a Xangô, onde foram colocados os pedidos de todos os presentes para o Salgueiro em direção ao próximo carnaval.

Sinopse do enredo do Salgueiro para o Carnaval 2025

A apresentação seguiu com a sinopse em si, sendo proclamada por figuras como um Preto Velho, nas saudações iniciais; Sundiata Keita, fundador do Império Mali, e suas bolsas de mandinga com versos do Alcorão; um capoeirista, representando o sincretismo das práticas dos escravizados mandingos do Mali, em especial as bolsas de mandinga, com as orações cristãs e outros objetos, ocorridos no tempo da colônia; o cangaceiro Moreno, feiticeiro do bando de Lampião, e um dos “diabos dóceis” com quem ele sugeria pactos a Lampião para fechar o corpo; e um caboclo, representando o fechamento do corpo das tradições indígenas e na Jurema. Em seguida, um grupo se apresentou como iaôs na parte da narração sobre o candomblé, e outro grupo, por fim, representando Zé Pilintra e Maria Padilha na parte final da sinopse, onde se falou sobre o fechamento do corpo na Umbanda e também do próprio Salgueiro em si, pedindo proteção.

Em seguida, ao término da apresentação, o presidente André Vaz agradeceu a todos os presentes, aos segmentos, ao carnavalesco Jorge Silveira, a equipe de criação, ao enredista Igor Ricardo, e aos compositores para que em mais um ano venha muita inspiração a eles.

Wilsinho Alves, diretor de carnaval, pediu inspiração aos compositores da escola, e elogiou o trabalho de Igor Ricardo e Jorge Silveira na elaboração do enredo e do texto. Ele relembrou então as regras e datas da escola. Além disso, destacou que fará uma audição interna antes da divulgação dos mesmos.

Igor depois assumiu a palavra agradecendo a continuidade e a possibilidade de fazer este enredo na escola, pontuando que ele é denso e histórico, mas também popular e de fácil entendimento, indo da África, passando pela Bahia, até chegar no Rio, e com a presença de seu Zé incorporando vários setores, e encerrando com uma consagração a Umbanda carioca com uma grande exaltação a tudo que vem nos setores anteriores: “Ele agora está praça, nasceu. Não é mais meu, do Jorge, do Luan, do Wilsinho, do Ricardo. Esse enredo agora é do Salgueiro, e mais que isso, ele agora está nas mãos de vocês, compositores. Vocês tem a missão, como o Wilsinho falou, pois ano passado a gente teve uma brilhante disputa, era um enredo mais denso, mas ao mesmo tempo, vocês conseguiram fazer com que a disputa fosse a melhor disputa do carnaval”.

Jorge Silveira encerrou falando sobre as mensagens de afeto e carinho que recebeu, e sobre a construção do enredo como uma construção de um corpo, um corpo coletivo do Salgueiro, e conclamou a comunidade a defender essa ideia, o enredo, e também ao samba escolhido. Jorge também comentou como espera que seu trabalho seja marcado na história da agremiação: “Eu sempre procuro olhar e observar a comunidade, e saber de que maneira o meu trabalho naquele ano pode contribuir acrescentando um tijolo na parede da história daquela escola. E eu, particularmente, sempre acredito que escola de samba tem identidade, tem característica, tem sua própria espiritualidade, tem sua trajetória. O enredo do Salgueiro tem o objetivo de reconectar a espiritualidade do Salgueiro. A gente está falando ao coração do salgueirense, a fé do salgueirense, para que a gente possa junto construir uma narrativa de luz para abrir os caminhos do Salgueiro”.