O carnavalesco do Salgueiro para o Carnaval 2025, Jorge Silveira, conversou com o CARNAVALESCO e falou sobre a ideia de falar sobre o fechamento do corpo, momentos interessantes durante a pesquisa do enredo, e sobre a diversidade de temas afros nos enredos para o próximo carnaval.
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![Jorge Silveira conta que enredo do Salgueiro para o Carnaval 2025 traz a identidade da escola 1 jorge silveira](https://carnavalesco.com.br/wp-content/uploads/2025/02/jorge_silveira.jpg)
Jorge começou contando como surgiu a ideia do enredo da Vermelho e Branco da Tijuca, partindo da busca de um enredo que contivesse a identidade salgueirense em vista de valorizar a escola e sua espiritualidade afro-brasileira.
“A perspectiva do Salgueiro sempre foi uma construção de algo na direção do sentimento do salgueirense, da identidade salgueirense e, desde o começo, o objetivo sempre era fazer um resgate da espiritualidade da escola. Era um desejo da comunidade, era um desejo da diretoria. A gente começou a pesquisar o assunto e entendemos que era o momento de tocar nesse assunto, de fechar o corpo do Salgueiro para que ele possa se projetar para disputar o carnaval em 2025. O enredo nasce da observação do próprio desejo da escola. Eu sempre gosto de valorizar a identidade das agremiações. Acho que o Salgueiro já estava desejoso há bastante tempo de retornar a sua espiritualidade afro brasileira e acho que é um bom momento, uma boa oportunidade”.
O carnavalesco contou também de partes que chamaram sua atenção durante a pesquisa do enredo, como o fechamento do corpo na época do cangaço, e o fechamento feito por algumas tribos indígenas:
“Na construção desse enredo, em um primeiro momento a gente pensa que a gente vai falar apenas de Umbanda, de Candomblé, que é a imagem inicial que vem na cabeça de todo mundo, mas a gente vai abrir bastante esse leque e perceber que tem outras derivações religiosas que também tem rituais de fechamento de corpo. A gente vai ter um capítulo inteiro do desfile, por exemplo, falando sobre o fechamento de corpo na época do cangaço. Diversas tribos de cangaceiros, de grupos de cangaceiros, utilizavam-se de cerimoniais de fechamento de corpo para se proteger da ação da polícia. A gente vai mostrar isso no nosso universo. Tem tribos indígenas específicas que também tem esse tipo de manifestação. Então, a gente vai abrir bastante esse leque para mostrar que essa manifestação está presente nas mais diversas culturas das religiões brasileiras”.
O carnavalesco também pontuou sua visão sobre a diversidade de enredos negros, ou afros, no próximo carnaval, enfatizando que cada um traz uma visão dentro da festa que é na sua essência, preta, e como fica feliz em ver as escolas numa mesma sintonia nesse sentido:
“O ponto de partida é pensar que essa é uma festa, genuinamente, originalmente, totalmente preta. E como é curioso a gente se perguntar que pela primeira vez, em cem anos de festa, a gente finalmente tem uma predominância de enredos negros. E como é bonito assistir tantos enredos negros e todos completamente diferentes. Como é importante a gente refletir sobre a marca da negritude na construção da cultura brasileira como algo diverso, imenso, ainda totalmente inexplorado na sua plenitude. Eu fico muito feliz de ver que outras escolas estão em sinergia, pensando em maneira colaborativa para a construção de uma narrativa maior e coletiva, e acho que a palavra desse ano do Salgueiro é coletivo. A gente está pensando muito em um arco bem amplo. Eu fico muito feliz e que venha cada vez mais enredos negros e pretos no carnaval”.