O carnavalesco João Vitor Araújo, responsável pelo desfile da Beija-Flor em 2024, participou do quadro “Encontro com o artista”, do site CARNAVALESCO. Ele explicou no papo que sua paixão pelo carnaval começou muito cedo e na infância frequentava a quadra da União da Ilha, ajudando na confecção das fantasias e desfilando. Durante sua história com o carnaval passou por diversas escolas e em cada uma foi deixando seu legado e começando sua trajetória. Um de seus primeiros mestres foi Alexandre Louzada, com quem ele teve uma oportunidade há 22 anos, fazendo adereços na Portela e começando a percorrer seu caminho. O artista sempre foi um menino cheio de sonhos, vontades e ambições. A importância de ter raízes e referências são essenciais em uma carreira, na opinião do João, que relembra o quanto aprendeu com seus mestres e amigos do carnaval.
“É preciso ter escola e quando eu digo escola, não é escola de samba, é ter mestres. Eu venho de uma fase que o time de carnavalesco não era trocável… Você tinha aquele grupo de carnavalesco que não trocavam, um ou outro trocava de escola, mas eram os mesmos trabalhando, a bolha não era furada. Eu não romantizo mais dificuldades não, porque eu acho que todo mundo merece trabalhar com o mínimo de dignidade Mas algumas coisas eu sinto saudade daquela época, são momentos que dinheiro nenhum paga. A relação minha com os profissionais, sempre tive uma relação muito boa com as pessoas, inclusive, a maioria das vezes que eu coloquei carnaval na rua foi graças a esses profissionais, porque as vezes as escolas nem pagavam. Isso já aconteceu comigo várias vezes. Quando eu falo de não romantizar o problema, não romantizar as dificuldades, mas tem coisa que eu preciso olhar para trás e lembrar com muito carinho”, disse.
Em 2013, João Vitor contou que recebeu uma oportunidade na Viradouro como diretor artístico, depois de trabalhar muitos anos na Acadêmicos da Rocinha, na administração de Mauricio Mattos. Ele disse que estava procurando novos ares quando conheceu o Gusttavo Clarão, presidente da Viradouro na época. Era um momento muito caótico da escola, com grandes problemas financeiros, contando com a ajuda de componentes para finalizar trabalhos. No ano seguinte, João se tornou carnavalesco principal da Viradouro e foi campeão da Série A, levando a Viradouro de volta ao Grupo Especial mesmo com todas as dificuldades que a escola enfrentava. Em 2015, as relações ficaram estremecidas na Viradouro o que ocasionou sua saída em 2016, quando foi para a Portela trabalhar como assistente e figurinista do carnavalesco Paulo Barros.
“Eu precisava trabalhar e precisava ganhar dinheiro… Esse carnaval foi a minha virada de chave. Quando eu recebo esse troféu de melhor desenhista que engloba melhor desenhista de fantasia e alegorias, aquilo foi como se tudo tivesse se abrindo novamente pra mim”.
Em seguida, João Vitor aceita trabalhar na Acadêmicos da Rocinha e conseguiu fazer um carnaval surpreendente ficando em 6º lugar. Depois desse carnaval veio o primeiro convite da Beija-Flor, mas foi para a Unidos de Padre Miguel com um desfile inesquecível em 2018. Dali em diante o caminho de João continuou sendo percorrido em 2019 pela Paraíso do Tuiuti. Até que vivenciou mais um momento crítico em sua carreira com o rebaixamento injusto da Acadêmicos do Cubango.
“Quando eu começo a falar desse carnaval é uma coisa muito louca, porque são coisas que eu nunca vivi na vida, são coisas que eu nunca vi acontecerem, eu vivi todos esses anos pra vivenciar coisas absurdas que eu acho que nenhum profissional merece passar na vida, nem meu pior inimigo eu desejo aquilo que aconteceu ali”;
E como depois da chuva sempre vem o sol, João Vitor foi convidado para voltar para a Paraíso do Tuiuti com Rosa Magalhães, vivendo mais uma virada de chave de sua carreira e chegando em lugares especiais.
“Mais um divisor de águas na minha carreira. Independentemente de colocação: que prazer aquele carnaval! Que alegria trabalhar com a Rosa, que alegria que a gente tinha dentro do barracão, o empenho da escola… Que carnaval!”.
E esse ano João é carnavalesco principal da Beija-Flor com o enredo “Um delírio de Carnaval na Maceió de Rás Gonguila”, que fala sobre as nobrezas de Maceió, de Nilópolis e da Etiópia. Um encontro mágico de personagens reais, mas que nunca se viram, guiados pela luz dos encantados e da ancestralidade, com as cores, os ritmos e os pisados dos folguedos das Alagoas. Um delírio baseado na realidade, desafiando o espaço e o tempo, algo que só o Carnaval pode nos brindar.
‘O Brasil é muito rico de informações. Nosso país tem muita coisa para ser desbravada. Muitos personagens”, comentou João sobre o enredo de 2024.