João Vitor Araújo, junto à equipe criativa da Beija-Flor e outros integrantes da escola, participou da centenária tradição do Bembé do Mercado, considerado o maior candomblé de rua do mundo, realizado no município de Santo Amaro (BA), no último 13 de maio. O CARNAVALESCO conversou com o artista durante a apresentação da sinopse para os compositores, ocasião em que ele detalhou como a vivência no Bembé influenciou o enredo e marcou sua trajetória pessoal. O artista destacou a oportunidade de presenciar a cerimônia presencialmente, pouco tempo após o anúncio do enredo da Beija-Flor, ressaltando a religiosidade e a energia vividas em Santo Amaro como um momento profundo e especial.

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joavitor beijaflor
Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

“É uma oportunidade dourada, porque, graças ao orixá, é uma festa que acontece em maio, então deu tempo. Queria ver se ela acontecesse em dezembro, janeiro, perto do carnaval… então deu tempo de a gente beber daquela fonte sagrada e tomar a bênção de cada pai e mãe de santo do Recôncavo. É renascer. Eu, que sou renascido para o orixá, acho que renasci lá 65 vezes, porque é uma energia única, um momento único. Acho que todos que tiverem a oportunidade deveriam conhecer o Recôncavo e o Bembé”.

Estar presente em Santo Amaro, segundo ele, foi determinante para compreender profundamente a energia da cerimônia, algo que só se sente in loco.

“É uma energia espiritual. O Bembé você pode até ver no YouTube, em documentários, vídeos e registros, mas é diferente. Você precisa estar lá para sentir. Lá, você percebe coisas que não sente assistindo a um vídeo e vê coisas que a câmera não mostra”.

O artista também destacou o papel do povo na manutenção da tradição, lembrando que a associação do Bembé pediu que a fé da comunidade fosse valorizada no enredo.

“É interessante falar sobre isso. O povo e a fé de cada pessoa que habita aquela cidade, sejam católicas, de outra fé, são fundamentais. O Bembé, que é o Candomblé, respeita todas as religiões. Durante a apresentação da sinopse, falei sobre a intolerância religiosa, que não vinha respeitando o Bembé, mas o Bembé respeita todos e reza por todos”.