No começo da noite do último domingo, a Estação Primeira de Mangueira ocupou a Rua Visconde de Niterói para mais um ensaio de rua, em preparação para o Carnaval 2026. A verde e rosa vai levar o enredo “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra”, desenvolvido pelo carnavalesco Sidnei França, em homenagem ao Mestre Sacaca e à cultura afro-indígena amapaense. A apresentação vigorosa da comissão de frente de Karina Dias e Lucas Maciel foi seguida pelo bailado impecável do 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira, Matheus Olivério e Cintya Santos. Com um canto linear e forte, a Mangueira foi embalada pela sintonia de Dowglas Diniz com a “Tem que respeitar meu tamborim”, de Taranta Neto e Rodrigo Explosão.

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Fotos: Matheus Vinícius/CARNAVALESCO

O diretor de carnaval, Dudu Azevedo, comentou sobre o desempenho da escola no minidesfile que aconteceu na sexta-feira do fim de semana anterior, 29 de novembro, e declarou que era um dia de festa a ser celebrado.

“A gente levou as potências da escola. Aproveitamos bem a experiência com o som. Por sinal, é só elogio. Acho que evoluiu aí 5 mil por cento. Tem aquele som que dá total audição para nós, do carro de som, do entrosamento da bateria. Muito bom. E é uma festa para o povo, do povo. É uma comemoração do Dia Nacional do Samba. Muita gente quer avaliar segmentos e quesitos nos minidesfiles. Ali é uma comemoração, é para ser visto nosso povo cantando, brincando carnaval. E o melhor de tudo foi essa avaliação que a gente pôde ter do som, nosso primeiro contato com o som novo. Mas a Mangueira sai feliz. Fizemos uma grande homenagem através do Sidnei França, que teve a ideia de dar uma homenagem aos 30 anos do Carnaval de 1996, uma homenagem ao Oswaldo Jardim. Assim, a Mangueira sai feliz. Fomos para lá com o propósito de cantar, se divertir, e foi isso que a gente fez. Não tem por que a gente tirar do minidesfile uma avaliação, sabe? Eu gosto muito do minidesfile como uma data de comemoração. Eu saio totalmente desse estereótipo de avaliar algo, comparar algo, não tem isso no minidesfile. Nenhuma escola sai mais preparada ou menos preparada por fazer um bom minidesfile”.

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COMISSÃO DE FRENTE

Os coreógrafos Karina Dias e Lucas Maciel montaram uma coreografia que foi executada com muito vigor e sincronia. Os componentes fizeram gestos bem fluidos que lembram movimentações tanto indígenas quanto de origem afrorreligiosa. Outro detalhe são as formações circulares, que mostravam a força coletiva do grupo e também incorporavam a possibilidade de os dois lados da pista poderem ver passos semelhantes.

MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

A energia do furacão do casal Matheus Olivério e Cintya Santos contagiou a Rua Visconde de Niterói. Mestre-sala e porta-bandeira demonstraram uma combinação de maturidade, alegria e precisão. Foi possível observar a irreverência na interação do casal, mas havia elegância nos giros hipnotizantes de ambos. O casal foi ovacionado ao fim das apresentações.

EVOLUÇÃO

A alegria mangueirense era nítida. A Verde e Rosa desfilou cantando e dançando bastante por todo o percurso. Os desfilantes seguiram em um ritmo empolgante e cadenciado. As alas coreografadas eram pontuais ao longo do desfile e bem executadas.

SAMBA E HARMONIA

É inegável que o samba de Pedro Terra, Tomaz Miranda, Joãozinho Gomes, Paulo César Feital, Herval Neto e Igor Leal está na ponta da língua de todo mangueirense, da primeira ala à velha-guarda, que encerra o cortejo. Os pontos altos são “Sou gira, batuque e dançadeira (areia)”, que exige o grito de “Areia” por parte dos desfilantes, e o “Yá, Benedita de Oliveira, Mãe do Morro de Mangueira / Abençoe o jeito tucuju”. Além disso, algumas alas “brincam” com o refrão principal no verso “Juntei o povo daqui, juntei com o povo de lá”, que é complementado com um “Eu também” em resposta.

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Dowglas Diniz e seu carro de som evidenciaram conforto na condução do samba e na interação com a bateria verde e rosa. O intérprete se apropriou bem do hino da escola, dando um ritmo leve e empolgante. Ele comentou o desempenho no minidesfile em homenagem ao Dia Nacional do Samba e definiu que ainda há margem para aprimoramento:

“É um resultado muito positivo. Nós conseguimos botar em prática tudo aquilo que planejamos, tudo aquilo que a gente veio ensaiando. Tem alguns pontos que precisam ser melhorados, mas acredito que até fevereiro, no grande dia do desfile, vai dar tudo certo. Fiquei muito feliz com o resultado do canto da comunidade, o rendimento do samba, o entrosamento do carro de som juntamente com a bateria. Não são pontos negativos, que é o que eu digo, são ideias nossas. Testamos algumas ideias numa parte musical como vocalizes, que podemos tentar fazer outros também. São pontos que eu falo que são o brilho do trabalho. Acredito que até lá vamos estar com tudo encaixadinho”.

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OUTROS DESTAQUES

A bateria “Tem que respeitar meu tamborim”, comandada por Rodrigo Explosão e Taranta Neto, demonstrou entrosamento do início ao fim e fez um desfile certeiro em suas bossas. Dessa forma, foi fácil para a rainha Evelyn Bastos e para o time de musas da Mangueira exibirem todo o seu talento e carisma.