Jack Vasconcelos apresentou, no último 13 de maio, a sinopse do enredo “Lonã Ifá Lukumi”, sobre o Ifá cubano, tema que o Paraíso do Tuiuti levará para a avenida em 2026. Artista responsável pela história que o “Quilombo do Samba” quer mostrar na Sapucaí, Jack — que aniversariou nesse mesmo 13 de maio — conversou com o CARNAVALESCO sobre as percepções que a pesquisa para o enredo vem trazendo, a linha que será adotada e o que espera do samba da escola.
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Para o carnavalesco, a pesquisa começou a partir do babalaô do diretor de carnaval, Leandro Azevedo, que sugeriu o enredo à agremiação. Jack destaca a beleza da experiência de se aprofundar nessa realidade.
“Foi uma ideia trazida pelo nosso diretor de carnaval, o Leandro Azevedo, que me apresentou a proposta de conhecer o Ifá cubano. Ele, como adepto, me levou para conhecer o padrinho dele, o babalaô, e, com isso, fui sendo apresentado a essa cultura de maneira muito intensa. A gente, com a velocidade do carnaval, sabe como é. Lançamos o enredo em abril e, em maio, a sinopse já tem que estar pronta. É sempre um processo muito intenso. E eu fui mergulhando nessa experiência dentro do espaço sagrado, dentro do terreiro, conhecendo alguns rituais. Está sendo, ainda, uma vivência muito enriquecedora e muito bonita”, comentou o artista.
Dentro da pesquisa, o que mais mexeu com o carnavalesco foi o senso de comunidade, ao lidar com o tema do Ifá durante a elaboração da sinopse.
“Acho que é o sentido de comunidade. Esse sentido de comunidade humana mesmo. Falo em termos de conexão que cada ser humano tem com o outro, mesmo que, às vezes, não se dê conta. Você não precisa conhecer realmente a pessoa, mas existe uma conexão energética e espiritual que forma uma malha, que une todo mundo. E isso envolve também a natureza, o mundo em que vivemos. É tudo uma coisa só, tudo interligado. O despertar para esse olhar é algo muito impactante”.
Sobre a linha que o enredo vai seguir, Jack ressaltou que o desenvolvimento passará tanto pela dimensão histórica quanto pela espiritual, ao tratar do Ifá cubano. Ele destacou que a narrativa gira em torno do conceito de destino.
“A gente vai fazer uma união, para que as pessoas conheçam um pouco da trajetória histórica, mas também sejam apresentadas ao lado espiritual. Na verdade, o enredo fala do destino, como o Ifá fala. A mensagem que Orunmilá traz serve para encaminhar as pessoas ao seu destino. Vamos mostrar isso como se fosse o destino segundo o Ifá, harmonizando todo o planeta. Lonã Ifá Lukumi é isso: o caminho do destino segundo o próprio Ifá”.
Por fim, Jack falou sobre sua relação com os compositores e como prefere deixá-los livres para criar a obra que a escola cantará na avenida, discutindo a ideia do enredo, mas permitindo que os poetas assumam a história a ser contada. O Tuiuti encomendará, novamente, o samba para 2026. Vão assinar Claudio Russo, Gusttavo Clarão e Luiz Antônio Simas.
“Geralmente, converso apenas sobre a ideia do enredo e, se eles tiverem alguma dúvida sobre o que escrevi especificamente, esclareço. Não tenho o hábito de exercer uma gerência ou interferência grande sobre as obras de outros artistas, porque eles são artistas como eu. O importante é que o compositor sinta e entenda o enredo. Não é sobre decorar setor, nem ficar descrevendo. É para ele ser tocado pelo enredo e, assim, decodificá-lo com sua arte”.