Por Marielli Patrocínio e fotos de Magaiver Fernandes (Colaboraram Carolina Freitas, Juliana Henrik, Gabriel Radicetti, Marcos Marinho e Matheus Morais)
Segunda agremiação a desfilar no primeiro dia de ensaios técnicos da Série Ouro do Rio de Janeiro em 2025, a Em Cima da Hora fez uma apresentação enérgica e organizada na Sapucaí, destacando o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. Com o enredo “Ópera dos Terreiros – O Canto do Encanto da Alma Brasileira”, desenvolvido pelo carnavalesco Rodrigo Almeida, inspirado na obra de Aldo Brizzi e Jorge Portugal, será a sétima a se apresentar no desfile oficial, na sexta-feira, dia 28 de fevereiro. A azul e branco de Cavalcanti passou com um bom contigente e os componentes pisaram na avenida com bastante energia.
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“Eu gostei bastante, a escola veio bem grande, acho que os segmentos que tinham que se apresentar e valem nota fizeram boas apresentações e óbvio que não é a apresentação do desfile oficial, mas a gente conseguiu ensaiar umas coisas que a gente está pensando em fazer e que só daria pra saber se daria certo ou não, aqui”, declarou o diretor de carnaval, Thiago Gomes.
Comissão de Frente
Composta por 13 integrantes, divididos entre homens e mulheres, vestidos com roupas vermelhas e detalhes em preto, a comissão de frente da Em Cima da Hora trouxe uma
prévia da narrativa que será apresentada na avenida que mistura dança, teatralidade e muita emoção. Em passos sincronizados, a ancestralidade também se faz presente na
coreografia em que cada componente faz uma encenação representando os Orixás na parte do samba que fala sobre a fé africana, que deixou claro que a sua missão é cativar o
público e os jurados logo no início do desfile.
Mestre-sala e Porta-Bandeira
Marlon Flôres e Winnie Lopes, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, foram os destaques da noite. Com um bailado impecável, figurinos deslumbrantes em tons de amarelo ouro e preto, e, uma sintonia que parecia transcender, o casal foi ovacionado pelo público no Sambódromo.
Os dois protagonizaram uma apresentação totalmente entrosada e carismática, representando o pavilhão da escola com orgulho e responsabilidade, entregando uma
performance que capturou a essência do enredo da escola. A cada giro de Winnie Lopes, o público vibrava, e os passos precisos de Marlon Flôres pareciam deslizar na passarela do
samba. Danças que remetem à ancestralidade africana foram integradas com muita elegância.
“É muito bacana. É uma escola de muita tradição, e muito antiga no carnaval carioca. Está no Grupo de Acesso, mas ainda assim ela não perde a importância, a essência, e a gente sente o peso dessa bandeira tradicional. É muito importante para a gente representar esse pavilhão. A gente sente o pessoal chegar muito empolgado, muito animado, cantando muito, e isso é bacana, porque esse foi um dos pontos muito criticados ano passado. A nossa fantasia, igual a do ano passado, é maravilhosa, e vamos brincar com as cores de novo”, disse a porta-bandeira.
“A gente conseguiu fazer o que a gente veio treinando durante a semana, junto com o nosso coreógrafo. Estamos chegando aqui agora e ouvindo a escola cantando bastante, e isso é muito importante. A comunidade abraçou o samba de uma forma espetacular, e nós viemos fazer esse ensaio com o objetivo de sugar o melhor para levar para o desfile oficial. Somos um casal em formação, mas a gente começou a trabalhar muito cedo. Continuaremos com muita entrega, comprometimento, e podem esperar muito dessa nossa força”, completou o mestre-sala.
Harmonia
A escola passou bem animada e as alas demonstraram um envolvimento com o samba-enredo, principalmente no primeiro setor, apesar de o canto dos componentes ter
oscilado em alguns momentos do desfile. O canto do carro de som, com o intérprete Charles Silva, foi firme, intenso e manteve o samba-enredo vivo na avenida.
“O entrosamento entre a equipe, o carro de som e a bateria resultou no melhor ensaio possível. Superamos nossas próprias expectativas, e graças a Deus, tudo saiu conforme o planejado. Conduzimos um teste exemplar, que nos preparou para a sexta-feira de carnaval, garantindo que tudo estivesse em perfeita ordem. Com certeza, o que ocorreu hoje apenas confirmou o trabalho árduo que temos realizado ao longo desses meses. Todo o esforço e dedicação valeram a pena. E ainda temos mais a oferecer; continuaremos a aprimorar ainda mais nossa performance. Acredito que sempre há espaço para melhorias, mas com certeza na sexta-feira de carnaval estaremos aqui 100%!”, disse o intérprete Charles Silva.
Freddy Ferreira analisa a bateria da Em Cima da Hora no ensaio técnico
O diretor de harmonia da escola fez avaliação do ensaio: “A gente sempre tem o que melhorar no ensaio. Foi muito importante o contato com a Sapucaí. A gente conseguiu testar algumas coisas, que sempre dão certo, outras vezes não, mas o ensaio é para isso”, afirma Jurandir Baptista.
Ele também destacou a importância de que tudo dê certo no desfile oficial. “Importante é que no desfile oficial seja tudo certo. Acho que o balanço é muito positivo, a gente
anotou o que a gente vai conversar depois. Eu tenho certeza que no desfile a gente vai vir forte”.
Evolução
A evolução da Em Cima da Hora teve alas organizadas e fluídas. Com uma forte presença da comunidade, as alas não apresentaram questões que atrapalhassem a escola para evoluir com fluidez, porém no dia do desfile oficial vão ter mudanças. “A gente vai mudar a ordem das alas, elas não vieram distribuídas no ensaio técnico da mesma forma que estarão no desfile, a gente estava testando umas coisas ainda para ver como se comportariam com algumas fantasias, uma ala ou outra. Aguardem surpresas, revelou Thiago Gomes, diretor de carnaval.
Samba
O samba-enredo dos compositores Caxias Gilmar, Guilherme Karraz, Marcio de Deus, Marquinhos Beija-Flor, Orlando Ambrosio, Serginho Rocco, Richard Valença, Bruno Dallari,
Pedro Poeta, Lucas Pizzinatto, Guto Melcher, Marcelinho Santos, Viny Machado, Jacopetti, Guinho Dito se mostrou bem empolgante e promete emocionar no desfile oficial, em
trechos como “Tambor quando toca é voz de orixá, se a pele arrepiar, incorporou a mensagem de Exu na Bahia, ê Bahia”. A escola soube aproveitar o ensaio técnico para testar algumas bossas da bateria. O ponto alto foi o carro de som com o intérprete Charles Silva que deu um show de canto da Em Cima da Hora.
“Eu sou perfeccionista, a gente sempre procura melhorar em alguma coisa, mas hoje a galera representou. Acho que ainda tem muito trabalho, alguns ensaios, um mês para os desfiles. A gente tem para ensaiar umas coisas pontuais de andamento. Agora, vamos sentar com calma, vamos analisar. A nota para hoje é 9.5. Para a gente não perder a humildade. O 10 é quando a gente consagrar aqui com um ótimo desfile. Hoje deu tudo certo e é isso aí com mais algumas pitadinhas que vamos jogar no dia dos desfiles. Só tenho a agradecer ao povo de Cavalcanti, à minha diretoria, meu diretor de carnaval, meu diretor de harmonia, a gente está trabalhando num conjunto legal e, se Deus quiser, vamos alcançar o nosso objetivo que é a nota máxima”, comentou mestre Léo Capoeira.
Outros Destaques
A musa da Em Cima da Hora, Dany Brito, se destacou no ensaio técnico com muito samba no pé, carisma no alto e muita interação com o público. Usando um vestido de estampas africanas com brilhos, acessórios de búzios, como colares e brincos, e um tiara dourada na cabeça, a roupa deu o tom ancestral que a musa esbanjou com muita simpatia demonstrando que está com o samba na ponta da língua.