A última agremiação a desfilr na Série Ouro neste sábado (10), o Império Serrano, caprichou nas alegorias que apresentou no desfile. Com 5, sendo 2 tripés e 3 carros, a verde e branco de Madureira, tem como objetivo conquistar o campeonato da Série Ouro com uma homenagem aos orixás.
A escola abriu o desfile com o tripé “Exu”, representando a comunicação de Exu, o senhor do movimento e da transformação torna-se rei: Ésú Alákètú. A alegoria com figuras de exu, é vermelha com detalhes pretos e prateados.
“Eu estou muito contente porque agora nos próximos seis meses são os meses de Exu”, lembrou Cristiane Hikiji, médica e destaque do tripé. Ela é moradora de Ribeirão Preto, em São Paulo, e vem ao Rio para desfilar na escola nos últimos 10 anos. “Ele abre os caminhos, ele é como eu, é da alegria, da prosperidade. É uma alegoria muito importante e nós vamos abrir a escola, dando passagem para todos os orixás”.
O abre-alas da escola, chamado de “Reino de Ketu, Ifé e Iré”, apresentou a história dos irmãos Ogum e Oxóssi e de seus reinos, no Império Yorubá. Para representar, a alegoria, os personagens aparecem lutando em uma alegoria azul com detalhes verdes.
Angélica Vilasboas, de 49 anos, é militar e desfila “há décadas” no Império Serrano. Ela falou sobre a importância de desfilar no abre-alas da escola, que é o carro que “abre o enredo” para o público na avenida. “O Abre Alas é o termômetro quando você entra no setor 1, não tem sensação melhor na vida que ser componente do abre-alas”, relatou animada.
O enredo, denominado “Ilú-ọba Ọ̀yọ́: a gira dos ancestrais”, foi criado pelo carnavalesco Alex de Souza. “Ilu-ọba Ọ̀yọ́” era a denominação de um vasto império localizado nas áreas que atualmente correspondem à Nigéria, Togo e Benin, no oeste africano.
“Este reino dos orixás está bem representado nesse Abre Alas, fala da nossa ancestralidade, e o império está trazendo xirê pra avenida. É um passeio sobre a lenda dos orixás”, explicou Angélica.
No seu segundo carro, chamado de “Dan do Reino de Daomé”, a verde e branco contou a riqueza de Oxumaré, o Rei do povo Jeje, do reino de Daomé como representação do símbolo da continuidade e permanência. Para representar o reino, a agremiação usou cobras, em uma alegoria bem colorida.
“Eu venho como a serpente sagrada, que vem em homenagem a todo o povo de Oxumaré”, disse Leila Matias, de 52 anos, destaque do segundo carro. Ela desfila na escola desde os 19 anos e destaca o significado que o desfile tem para a agremiação: “Esse ano é muito importante porque a gente está lutando para voltar para o grupo especial. Esse enredo também significa prosperidade, ou seja, tem um significado especial”, completou.
O segundo tripé, com o nome de “O Alafin de Oyó”, mostrou a grandeza do reino de Oyó, na figura de Xangô, à justiça do povo de Yorubá. Retratando o Reino de Oyyó, Xangô é exibido em uma alegoria laranja.
Durante o período da diáspora africana, os descendentes dessa região levaram seus rituais religiosos para o Brasil, onde estabeleceram e adaptaram suas práticas tradicionais, criando a religião conhecida como candomblé, especialmente na Bahia. Esta religião se difundiu e adquiriu uma nova dimensão ritualística com a integração de várias divindades em um único culto chamado xirê, referido no enredo como “gira dos ancestrais”.
O terceiro e último carro da agremiação, “Ilé-Ifé, Igbó e Ifón. O Imperador de Oxalá”, apresenta o grande Orixá: Oxalá, o “pai” de todos. O carro é branco e prateado, com detalhes em marrom, com dois caracóis na frente. A figura de Oxalá aparece no centro da alegoria.
A mãe Marcia Marçal de 63 anos, é neta do Mano Elói – um dos fundadores do Império Serrano – e desfila “desde criança” na agremiação. Componente do terceiro carro da escola, ela fala sobre a importância do enredo e da alegoria: “O tema é lindo, nesse carnaval lindo que o Império está botando na avenida falando sobre Orixá. É a minha bandeira, e a gente sabe, é o pai maior, é o pai de todos, é o senhor do branco, é o senhor da paz, é o senhor da cura. Estar no carro representando Oxalá pra mim é uma honra.