O Arranco teve o desafio de ser a primeira a escola a desfilar pela Série Ouro no Carnaval 2023. Com um enredo que evoca suas raízes, a agremiação veio homenagear o sambista, jornalista e líder religioso Zé Espinguela, o precursor dos desfiles. Naquela época, a disputa foi entre os blocos que se tornariam a Portela, a Estácio de Sá e Mangueira.
O vínculo do enredo com o bairro foi importante para unir mais a escola nessa volta para a Sapucaí. A aposentada Rosângela Leonardo, de 65 anos, desfila no Arranco desde seus 16 anos e já teve oportunidade de estar na Sapucaí com essa sua escola do coração. Para ela, onde a azul e branco do Engenho Dentro estiver ela estará.
“As pernas tremem, dá um suadouro! Eu tomei calmante. No ensaio técnico quando eu cheguei no final eu estava gelada. Eu fui nascida e criada do lado de Arranco. Minha avó não deixava eu ir e ficava esperando a bateria acabar de bater para eu ir dormir. Eu tinha que ir com primos ou irmãos mais velhos e eles não queriam me levar. Eu ficava de castigo olhando a quadra sentada no quintal”, contou Rosângela.
Moradora do Méier, Gabriela Ribeiro, de 29 anos, se sente fazendo parte de um momento histórico para o Arranco. A responsabilidade de abrir o Carnaval da Sapucaí é um emoção, porém de forma positiva.
“A escola subiu depois de muitos anos, então é uma emoção legal. Eu me sinto fazendo parte de algo novo, importante e histórico. É a escola do bairro que eu nasci, eu frequentava na minha adolescência”, disse Gabriela.
João Carlos Martins, jornalista, de 26 anos, desfila na Beija-Flor há 10 anos, mas escolheu entrar no Arranco para ser começar o Carnaval com pé direito. Para sentir o clima da folia, chamou até um amigo do Sul para desfilar ao seu lado, em uma ala que representa a Portela.
“O Arranco tem uma tradição muito forte no carnaval e é muito bom ver essas escolas que têm uma história muito grande voltando para a Sapucaí. Ter o Arranco de volta, poder fazer um pouquinho parte da trajetória dessa escola e lutar pela escola ficar na Série Ouro vai ser muito importante. Estou muito feliz de estar aqui”, argumentou o desfilante.
A responsabilidade aumenta quando se faz parte de uma ala coreografada. Amanda Olivia, de 34 anos, faz parte da “Luz do axé no Rio de Oxóssi” sente a emoção e o calafrio de abrir o desfile. Além disso, reverencia a representatividade do enredo sobre Zé Espinguela.
“É muito desfilar em uma escola que acabou de subir depois de tantas dificuldade despois de 10 anos. É um orgulho poder estar pisando com o Arranco comemorando esse momento mágico”.