Os últimos dias de junho foram agitados no Vai-Vai. Maior campeão do Grupo Especial do carnaval de São Paulo, com quinze títulos conquistados, a agremiação revelou, no dia 20 do mês em questão, o enredo para o desfile de 2026. Intitulado “Em cartaz: a saga vencedora de um povo heroico no apogeu da vedete da Pauliceia” e tendo a cidade de São Bernardo do Campo como pano de fundo, a apresentação será assinada por uma comissão de carnaval, formada por Marcus Tibechrani, Tati Gregório, Renato Anveres e Gleuson Pinheiro. O CARNAVALESCO conversou com Gleuson Pinheiro no evento “Carnaval de São Paulo como patrimônio: cidade, política, sociedade”, organizado pela Rádio Arquibancada e pela página Sambistas da Depressão, no último sábado, para saber um pouco mais sobre o que será apresentado pela Saracura no Anhembi.
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Esqueça o CEP tradicional
Muitos apaixonados por carnaval antipatizam com o que convencionou-se chamar de enredo CEP – ou seja, aqueles que homenageiam cidades, estados e países como um todo. Para desmistificar tal situação, o integrante da comissão de carnaval, em um primeiro momento, reconhece como tais temáticas eram tratadas anteriormente: “O carnaval é feito por ciclos, e a gente vive um momento em que você discute um lugar. A gente está falando, de certa forma, sobre uma cidade – e, em outras épocas, tinha um jeito de abordar esse tipo de enredo”, refletiu.
Depois, entretanto, ele faz questão de destacar que o cenário por trás do desfile de 2026 será diferente: “Atualmente, a gente vive um momento em que aquela abordagem do passado, até a década passada, não é mais suficiente. Atualmente, as abordagens são mais pela perspectiva do fio condutor ou de uma mensagem – especificamente falando, uma reflexão sobre aquele lugar. Acho que o enredo sobre São Bernardo se insere um pouco nesse caminho”, comentou.
Para ser ainda mais específico, Gleuson destacou que o cerne de tal enredo passa por algo que é bem diferente do que muitos viam até alguns anos atrás: “A gente está falando de uma cidade, e sempre vem na cabeça pensar em uma cidade a partir dos elementos da edificação desse local cidade – por exemplo, dos espaços físicos; e não das pessoas. A abordagem do Vai-Vai é o povo de São Bernardo. Esse o diferencial”, vociferou.
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Outro desfile, outra escola
No ciclo do carnaval 2024, o CARNAVALESCO, durante a série Barracões SP (em que visita o espaço em que são criados os carros alegóricos das escolas filiadas à Liga-SP à época), visitou o espaço destinado à Camisa 12 na Fábrica do Samba II (popularmente conhecida como FUPE) – local em que são criados os carnavais das escolas do Grupo de Acesso I e II. O carnavalesco da agremiação em questão era, justamente, Gleuson Pinheiro – assinando o desfile de maneira solo.
A reportagem recordou o fato e perguntou se, no fio condutor do desfile sobre São Bernardo, havia algo em comum com a narrativa para apresentar “Meu Black é de Rei, Minha Coroa é de Chico. Chico Rei Entre Nós” em 2024. A resposta em retrospectiva foi elucidativa: “Tem convergências nesses dois enredos, sim. Em 2023, a gente também tinha a intenção de passar uma mensagem – que não era necessariamente contar e descrever a história do Chico Rei sendo fiel a uma pesquisa histórica. Agora acontece a mesma coisa: o Vai-Vai tem um acordo com a cidade de São Bernardo do Campo, que está costurado e sendo pensado como um acordo com o povo dessa cidade”, reafirmou.
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Ele prossegue: “Essa a mensagem que vai ser passada tem uma mensagem – como tinha, no caso, fazendo essa comparação com o desfile sobre Chico Rei. É uma mensagem que passa pela história, evidentemente e como toda mensagem, mas o objetivo não é apenas contar a história. A nossa intenção é que o povo de São Bernardo, a população de São Bernardo, se sinta representada, se enxergue e se identifique com o desfile. Esse é o objetivo”, detalhou.
Divisão das responsabilidades
Gleuson aproveitou para falar como a comissão de carnaval vaivaiense se organiza – não, sem antes, refletir sobre a existência de um grupo para assinar um desfile: “O trabalho no carnaval, normalmente, é separado por responsabilidades e coordenações. Trabalhar em uma comissão significa fazer essa divisão – mas, por outro lado, o desfile é uma unidade. Por conta disso, o trabalho precisa ser coeso e a gente precisa, a todo tempo, estar conversando – já que não dá para separar tanto assim o trabalho”, comentou.
Logo depois, as especificações: “Sobre a divisão que a gente tem, a Tati é a enredista do Vai-Vai, assim como ela era nos carnavais anteriores, é uma continuação do trabalho – logo, a responsabilidade é dela nessa narrativa em questão. Eu e o Renato Anveres somos os responsáveis pelas alegorias – ele já era participava da direção de barracão, já tinha uma função de cuidar da realização, sobretudo, das estruturas dos carros alegóricos. Eu estou entrando para ser o responsável pelo projeto, desenvolvimento e todo o trabalho que se refere às alegorias, especificamente. Por fim, o Marcus Tibechrani, o Marcão, cuida das fantasias. Essa é a divisão atual do trabalho”, finalizou.
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