Na primeira noite de desfiles da Série Ouro, a Inocentes de Belford Roxo levou para a avenida a sabedoria ancestral das folhas. Com o enredo “Ewe, a cura vem da floresta”, reedição do desfile de 2008, a Caçulinha da Baixada trouxe em seu abre-alas uma grandiosa representação da floresta africana, homenageando os saberes ancestrais das folhas e a medicina natural.
Do alto da alegoria, três esculturas imponentes contavam o Itan (história) que revela os mistérios da cabeça de Ossain, o Orixá das folhas, desvendados por Iansã, Orixá dos ventos, e Xangô, Orixá da justiça. A narrativa destacou a importância do conhecimento das ervas e da conexão entre a espiritualidade e a cura. A escola reverenciou a sofisticada medicina encontrada na floresta africana, trazendo à tona a sabedoria dos povos tradicionais e sua contribuição para a saúde e o bem-estar.
Em entrevista ao CARNAVALESCO, os componentes da escola falaram sobre a importância da Inocentes de Belford Roxo ao narrar as florestas como verdadeiras bibliotecas medicinais. Beatriz, estudante de marketing, de 20 anos, destacou a relevância de abordar o tema na avenida:”É muito importante mostrar a importância das ervas. Elas curam, os remédios vêm delas. Falar sobre isso incentiva as pessoas a estudarem mais sobre esse conhecimento ancestral”.
Já Cassiano Luiz, professor, de 41 anos, ressaltou a importância de homenagear a afrodescendência e a diversidade do Brasil: “A escola está sendo muito feliz em valorizar uma raiz que forma a maior parte da população brasileira. A natureza é nossa casa, e precisamos reconhecer seu poder de cura”.
Rodrigo Gomes, de 36 anos, responsável pela alegoria, enfatizou a atualidade do tema:
“Estamos mostrando a importância das ervas medicinais e da preservação da natureza. É super atual falar sobre isso, especialmente em um momento em que a medicina avança através das plantas”. Ele também destacou o papel das curandeiras e de Ossain, o Orixá que detém o conhecimento das folhas e suas propriedades curativas.
A alegoria, construída com materiais como acetato, penas e isopor, trouxe uma grande pomba branca, representando a paz e a espiritualidade como ferramentas de Ossain. Para Rodrigo, contar o legado do Orixá das folhas na avenida significa combater o preconceito: “Quando a gente passa o conhecimento através da religiosidade, vemos que não é tudo o que as pessoas pensam. É importante dar entendimento sobre [a espiritualidade] para termos uma sociedade mais consciente”, finalizou.