A Independentes de Olaria vai levar para a Intendente Magalhães, em 2026, um enredo em homenagem ao cantor e músico brasileiro Jackson do Pandeiro. Em entrevista ao CARNAVALESCO, os carnavalescos Ester Domingos e Ariel Pontes falaram sobre a escolha do tema, os destaques do desfile e os desafios enfrentados pela escola da Série Prata. Segundo ela, a ideia partiu de um desejo antigo da presidência da agremiação.

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Foto: Carolina Freitas/CARNAVALESCO

“O enredo surgiu de um pedido do presidente, que já tinha essa vontade de falar sobre o Jackson do Pandeiro, que inclusive morou na comunidade. Existe uma relação afetiva da escola com a figura dele, que é muito emblemática para a cultura do nosso país”.

A partir disso, Ariel explicou o caminho criativo que a dupla vem tomando. “Quando ele chegou com essa ideia, nosso desafio passou a ser carnavalizar a trajetória do Jackson. Desde o início não queríamos um enredo biográfico literal, por isso não temos um compromisso narrativo com a vida dele, e sim com o que ele deixou culturalmente. Nosso objetivo é apresentar a relação dele com a musicalidade, como ele ajudou a construir um país plural de sons. Muito do que temos hoje na música brasileira é fruto do legado de Jackson do Pandeiro”.

Destaque do enredo

Para Ester, o diferencial está no impacto que o artista teve na música nacional. “O ponto máximo é a contribuição que ele deu para a nossa música. Através de uma técnica singular de controlar o ritmo, ele criou novos estilos e contribuiu de forma muito especial, muito diferente. Jackson era sagaz, construiu coisas além do seu tempo e para além da musicalidade nordestina, onde foi forjado”.

Já Ariel acredita que a surpresa virá na reta final do desfile. “O destaque vai ser o último setor, onde apresentamos a subversão do Jackson. Ele misturava samba com rock, baião com candomblé, terreiro com pop. Eram misturas totalmente ousadas para o período em que viveu — e que ainda hoje soam modernas. Vamos traduzir isso em visualidade, com fantasias que mesclam esses ritmos. Acho que esse design mais subversivo, mais arrojado, vai chamar bastante atenção”.

“São estéticas que parecem tão distintas, mas que o Jackson misturou de forma espetacular, do jeito que só ele poderia fazer”, complementou Ester.

Artes plásticas e estética do desfile

Reafirmando suas declarações anteriores, Ester ressaltou que a plástica do desfile seguirá a mesma lógica de misturas.

“Estamos trazendo estéticas muito distantes, mas foi exatamente isso que o Jackson fez. Ele juntou rock com baião, forró com música de terreiro, coisas que parecem impensáveis, mas que ele fez com maestria. Estamos tentando trazer essa estética mais arrojada”.

Desafios da Intendente Magalhães

Sobre as dificuldades da Intendente Magalhães, Ariel apontou que o próprio enredo ajuda a transformar limitações em soluções criativas.

“A Intendente tem muitas dificuldades, mas o Jackson, por ser uma figura tão subversiva e arrojada, nos permite trabalhar com coisas diferentes. Podemos pegar uma roupa afro e misturar com uma roupa do rock, por exemplo, e isso traduz exatamente a essência do Jackson, que é a mistura. Acho que ele é a cara da Intendente e da Série Prata. É um desafio reaproveitar, mas que se torna prazeroso, porque não daria para fazer Jackson sem mistura. A Série Prata é o lugar propício para isso”.

Com essa proposta, a Independentes de Olaria promete levar para a avenida um desfile ousado e cheio de brasilidade, traduzindo a irreverência e a pluralidade de Jackson do Pandeiro como ninguém antes fez.