Por Luan Costa (Colaboraram Matheus Vinícius, Freddy Ferreira, Raphael Lacerda, Luiz Gustavo, Gabriel Radicetti, Juliana Henrik, Carolina Freitas, Marcos Marinho e Matheus Morais)
O Carnaval de 2025 já está batendo à porta, e a Mocidade Independente de Padre Miguel fez sua última passagem pela Marquês de Sapucaí antes do grande desfile oficial. Se o desempenho sólido de alguns quesitos for um indicativo do que está por vir, o céu certamente vai clarear e iluminar toda a Zona Oeste. O ensaio da última sexta-feira contou com o som amplificado por toda a avenida, impulsionando ainda mais a vibração e o canto da comunidade de Padre Miguel. Mesmo nos momentos de falhas no áudio, a escola mostrou sua força, sustentando o samba na raça e na voz. A leveza e a alegria dos componentes foram evidentes, tornando a apresentação envolvente.
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Entre os grandes destaques da noite, brilharam o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo Jesus e Bruna Santos, que encantou com sua dança marcante, e a bateria “Não Existe Mais Quente”, de mestre Dudu, que mais uma vez fez jus ao nome.
A Verde e Branca será a primeira escola a desfilar na terça-feira de carnaval (4 de março), com o enredo “Voltando para o Futuro – Não há limites para sonhar”, desenvolvido pelos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage (In Memorian).
Ao final do ensaio, o diretor de carnaval, Mauro Amorim, falou ao CARNAVALESCO. “Sobre a iluminação não vou dar spoiler! Senão o Renato puxa a minha orelha. Deus me livre! O Renato puxando minha orelha faltando uma semana para o Carnaval. Ensaio muito bom! Na verdade, foi o que eu falei lá na frente: hoje foi o nosso primeiro desfile. Quando a Liga nos dá essa oportunidade de ensaiar com o som oficial, mesmo com os defeitos que apareceram – e foram muitas falhas –, é ótimo, porque agora eles podem corrigir tudo até a semana que vem. Mas foi um belíssimo ensaio! Nossa comunidade está feliz. Quando o som parou, o povo cantou ainda mais. A comunidade está vibrando, e a gente vai trabalhar até o último minuto, até fechar o portão”, disse Mauro.
Comissão de Frente
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Comandada pelo experiente coreógrafo Marcelo Misailidis, a comissão de frente da Mocidade encantou o público com um espetáculo digno de desfile oficial. A coreografia, extremamente bem executada, trouxe 15 homens caracterizados como soldados futuristas, usando máscaras, lanternas e mochilas transparentes iluminadas por LEDs, criando um efeito visual impressionante. O grande momento da apresentação aconteceu quando um dos componentes foi elevado, revelando, dentro de uma bolsa transparente em sua barriga, a imagem de um bebê. A cena, além de impactante, trouxe emoção e simbolismo, tornando a performance ainda mais marcante e condizente com o enredo.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Diogo Jesus e Bruna Santos mostraram por que são uma das grandes duplas do carnaval. Com uma apresentação forte e cheia de dramatização, eles entregaram uma performance marcante, na qual cada passo e gesto dialogava perfeitamente com os momentos do samba. Bruna impressionou com seus giros intermináveis, que pareciam desafiar o tempo, exibindo um vigor impressionante. Já Diogo, sempre firme e elegante, conduziu a dança com precisão e sincronia absoluta com sua parceira. A química entre os dois ficou evidente, e a sintonia foi o grande destaque da apresentação.
“Conseguimos fazer tudo alinhadinho, certinho com o que havíamos planejado. Claro que hoje demos mais uma segurada justamente porque semana que vem já é nosso desfile. Demos o 100%, mas não com aquela euforia toda e energia que nós sempre botamos. Botamos energia, claro, mas soubemos dosar um pouco justamente pelo carnaval ser semana que vem. Conseguimos transmitir um lindo trabalho para nossa comunidade e para a Marquês de Sapucaí. Deu para melhorar do ensaio técnico para agora com certeza. Muita técnica, que no primeiro ensaio técnico a Ana Paula Lessa (ccoreógrafa) viu os momentos de limpeza, onde precisava melhorar e segurar essa energia. Acredito que hoje conseguimos entregar um ensaio técnico mais limpo tecnicamente. Sempre tem uma coisinha para melhorar ainda, mas vamos ver os próximos dois ou três ensaios fechados que temos com a nossa fantasia para ver se vai precisar aprimorar mais alguma coisa”, disse a porta-bandeira.
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“Acho que nós conseguimos fazer uma dança limpa, bastante técnica, com os movimentos super limpos, sem botar aquela carga toda porque o desfile é semana que vem. É preciso saber dosar, dançar com inteligência no dia de hoje. E nós soubemos dançar com maestria e com bastante elegância. A Aninha (coreógrafa) conseguiu enxergar alguns pontos nossos. Nosso primeiro ensaio técnico foi muito bom, o público gostou. Nós viemos dançando, brincando. Ela conseguiu limpar os movimentos e dosar. E hoje conseguimos implementar essa boa dança, perfeita em todas as cabines, sem nenhum erro. Nós estamos felizes também. Hoje foi uma dança bastante sadia e leve. Conseguimos fazer tudo perfeito”, completou o mestre-sala.
Harmonia e Samba
A harmonia da Mocidade foi um dos grandes destaques do ensaio técnico. Mesmo durante as falhas no som, era possível ouvir os Independentes entoando o samba a plenos pulmões. O momento mais emblemático aconteceu na parte final do ensaio, quando a bateria já estava no recuo: sem o som da avenida, a escola sustentou uma passada inteira apenas na voz, mostrando força e entrega.
Apesar dos problemas técnicos, o carro de som da Verde e Branco, comandado pelo experiente Zé Paulo, deu um verdadeiro show do início ao fim. Desde o esquenta até o último minuto, a sintonia com a bateria “Não Existe Mais Quente” ficou evidente, criando uma apresentação coesa e vibrante. A bateria, sob a liderança de mestre Dudu, foi um espetáculo à parte. Além das tradicionais paradinhas, ele surpreendeu com um paradão que levantou o público.
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Com tudo isso, o samba ganhou força e conduziu a escola a um conjunto harmônico impecável. Os dois refrões foram cantados com intensidade, e a preparação para o refrão principal — nos versos “naveguei, no afã de me encontrar, eu me emocionei” — foi um dos momentos mais marcantes da noite.
“Claro que a gente não quer que aconteçam essas falhas no som, mas quando a gente vem firme passa por cima das dificuldades. Aconteceram, a gente não tem que reclamar, agora é pensar no desfile. Independente dos problemas, enquanto teve som a gente foi muito bem, isso que precisamos continuar fazendo, focados, sempre pensando lá na frente e tenho fé que a Mocidade vai surpreender. Quando o som falha acaba dando um plus na galera, os componentes se inflamam, cantam com mais vontade tentando fazer a vez do caminhão de som, isso esquentou a escola, mas enquanto tivemos som pudemos executar o que vem sendo treinado na Vintém. Eu estou muito feliz, é um momento bacana e a Mocidade tem tudo pra deixar muita gente surpresa”, afirmou o intérprete Zé Paulo.
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Bateria
Uma bateria “Não Existe Mais Quente” (NEMQ) da Mocidade Independente de Padre Miguel de mestre Dudu com uma parte da frente do ritmo com grande destaque. Tamborins com um belo desenho rítmico se uniram a um a naipe de chocalhos cascavel de alto valor técnico. Tudo complementado por cuícas corretas e agogôs de duas bocas eficientes. Na cozinha da bateria sua tradicional afinação invertida de surdos foi percebida, junto de terceiras com seu balanço peculiar, além de boas caixas de guerra, com acentuação na mão invertida. Merece menção musical o trabalho sublime dos repiques, principalmente em paradinhas. Bossas interligadas às nuances do melodioso samba independente se destacaram pela força do conjunto e pela musicalidade. Uma bateria “NEMQ” pronta para abrir a inédita noite de terça-feira no Grupo Especial.
Sobre a performance da bateria, mestre Dudu, responsável pelos ritmistas, pontuou que não teve nenhuma surpresa e ressaltou o canto da comunidade após os problemas com som.
“Não teve surpresa nenhuma. A gente está há oito meses ensaiando. Depois que o samba foi escolhido, em outubro, começamos a inserir as bossas e paradinhas, porque não podemos perder as paradinhas, que são características nossas. Não teve surpresa. Hoje acho que ficou mais do que provado que temos uma comunidade muito guerreira, porque é muito emocionante cantar o samba da escola. Infelizmente, pode ter sido algum problema no som, mas está aí a prova de que o samba está na ponta da língua do Independente. Agora é esperar a próxima semana e fazer um belo trabalho no nosso desfile”.
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Evolução
A evolução da Mocidade foi extremamente fluida, coesa e leve, refletindo o espírito do ensaio da escola. A leveza e a descontração marcaram a passagem da Verde e Branco pela avenida, com os componentes demonstrando visivelmente que estavam se divertindo. Esse clima de alegria e comprometimento transpareceu na pista.
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As alas evoluíram de forma compacta, mas sem rigidez excessiva, garantindo um equilíbrio entre organização e naturalidade. A interação com o público foi um dos pontos altos, já que muitos componentes carregavam adereços e os utilizavam de maneira criativa ao longo do desfile.
Outros Destaques
O ensaio técnico também foi marcado por momentos especiais, como o tripé de abertura, que trouxe uma emocionante homenagem às escolas Ponte, Império e Bangu, que perderam suas fantasias em um incêndio. A ala de passistas brilhou com uma coreografia impecável e figurinos prateados. Já a rainha de bateria, Fabíola Andrade, chamou atenção com uma fantasia deslumbrante, digna de desfile oficial.