Uma das Paixões de Arlindo Cruz, a Portela foi homenageada pelo Império Serrano na ala “Portela, só pra contrariar”. Com a fantasia representando a águia da Azul e Branco, o Reizinho de Madureira trouxe uma mistura de portelenses e imperianos para a Marquês de Sapucaí.
Em entrevista ao site CARNAVALESCO, os componentes da ala falaram sobre a homenagem à coirmã e Arlindo, além da relação entre as duas escolas de samba de Madureira.
Teresa Trajano, de 62 anos, é presidente da ala que homenageou a coirmã. Ela explicou a mensagem que a “Portela, só pra contrariar” passou na Avenida, além de falar da importância de homenagear Arlindo Cruz.
“Essa homenagem é tudo, porque o Arlindo é um ícone do samba e amado por todos. É muito emocionante e todo imperiano está emocionado. Entramos na Avenida com muita garra. Essa ala está homenageando a Portela porque é um dos amores de Arlindo. Nós estamos falando de Arlindo e dos lugares de Arlindo. Daí vem Portela, Império, o mercadão de Madureira. Essa ala vem toda azul e branco. A homenagem é muito boa, inclusive pela Portela estar em seu centenário. A Portela sendo homenageada representa para o mundo do carnaval a união das coirmãs. É muito importante para nós”, destacou a presidente da ala.
Uma relação, de fato, de coirmãs. Teresa destacou que mesmo disputando o mesmo campeonato, não há rivalidade entre as duas escolas de samba de Madureira.
“A relação entre elas é muito boa, tanto é que antes do carnaval a Portela convida a gente e nós também convidamos. A rivalidade é como um concurso: cada uma caprichando para dar o seu melhor no campeonato, mas, no dia a dia, as escolas se ajudam”, disse Teresa.
Potira Lobo, empreendedora de 45 anos, é portelense e desfilou na Passarela do Samba. Para ela, ouvir o samba-enredo é lembrar de tudo que Arlindo Cruz fez pelo mundo do samba. Essa mistura de Império com Portela, para Potira, não possui palavras para definir.
“Eu sou uma portelense nata e doente, inclusive vou desfilar no centenário. Foi muito importante vir para o Império porque é a minha segunda paixão. Eu moro próxima ao Império. Escutar o samba. Escutar este samba é remeter a tudo que Arlindo fez pelo mundo do samba. Ter vindo nessa ala da Portela mistura com o Império não tem explicação. O que fez eu vir foi o amor pelo samba, o fim da pandemia e a homenagem a Arlindo – principalmente depois de saber que a ala iria homenagear a Portela”, contou a componente da Império, que também desfilará na Portela.
Orgulhos do povo de Madureira e importante para o bairro. A componente também lembrou sobre a relação entre as duas escolas. Para ela, o Império merece ficar na elite do carnaval carioca.
“São coirmãs. Claro que há essa questão do campeonato, mas no final somos todas irmãs e filhas da mesma área. É de uma importância enorme para Madureira ter duas escolas de grande peso, grandes campeonatos e sambas. Não vejo nenhuma rivalidade entre Império e Portela. O que eu vejo é um respeito ao centenário e ao Reizinho. O Império merece estar entre as escolas do Grupo Especial e isso é fato. A escola subiu com excelência, acredito que vá permanecer e no sábado, vamos vir entre as últimas a desfilar, eu creio”, confiante, disse a componente da ala em homenagem à Portela.
Em meio ao centenário da Portela, a homenagem vir através de Arlindo Cruz deixou tudo ainda mais bonito. Assim definiu a componente Ana Paula, auxiliar administrativa de 40 anos e que desfilou pela primeira vez no Império. Para ela, Madureira é “verde e azul”.
“Homenagem vinda seja de quem for, a Portela sempre estará lisonjeada. E O Arlindo, tanto no mundo do samba como nas escolas, é referência. Toda e qualquer homenagem vinda dele deixaria qualquer pessoa honrada. O fato de ser uma homenagem para o Arlindo deixa essa homenagem para a Portela ainda mais linda, dá uma ênfase maior. É muito bonita essa homenagem entre as coirmãs. Trazer essa homenagem fica um legado muito bonito na história das duas escolas. Madureira é meio que verde e azul, a gente tem que se distribuir. Inclusive, essa ala é feita por muitos portelenses. A Portela se juntou com Império, duas paixões de Arlindo. Madureira se resume a isso”, falou Ana Paula.
Nelma Alves, de 58 anos, também é portelense, desfila na escola do coração desde 2009 e há dois no Império Serrano. Ela lembrou que não ter rivalidade é algo que só o carnaval consegue ter.
“O Arlindo como é muito conhecido, já passou por muitas escolas. Gostei muito do Império Serrano chamar a gente para essa homenagem. O Império está de parabéns. Não tem rivalidade nenhuma. Se o nosso futebol fosse igual às nossas escolas de samba, não haveria tanta briga”, destacou.
O Império Serrano foi a primeira escola a abrir o domingo de desfiles na Marquês de Sapucaí. A Portela, homenageada no enredo do Reizinho de Madureira, entrará na Avenida nesta segunda-feira, sendo a segunda agremiação a desfilar.