Segunda escola a desfilar no sábado de carnaval (1° de março) o Império de Casa Verde apresentará o enredo: “Cantando Contos. Reinos da Literatura”. A proposta da escola para o Carnaval de 2025 aposta em inovação, protesto e acolhimento às chamadas minorias, marcando uma abordagem distinta em relação aos últimos dois anos. Tiguês, diretor de carnaval da agremiação há mais de cinco anos, destaca a originalidade do espetáculo planejado para este ano.
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“Justamente para ir um pouquinho na contramão. Falar um enredo afro foi a primeira vez que nós colocamos na avenida. Depois, um enredo de homenagem, algo que não fazíamos desde 2003, quando homenageamos à Fafá de Belém no ano passado, transformando o tema em uma lenda indígena que criamos. Fugimos um pouco do lugar-comum do carnaval. Acho que as pessoas criticam quando inovamos, mas é sempre aquele lance da religião africana, do indígena, do popular, do protesto. Precisamos refletir sobre esses enredos e trazer um pouco de novidade, algo diferente para a pista também”, afirmou.
Embora inicialmente contestado pelo público, o samba-enredo do Império de Casa Verde mostrou seu potencial no primeiro ensaio técnico realizado no último sábado. A narrativa do samba desconstrói os contos de fadas tradicionais que marcaram a infância de muitos, oferecendo uma nova perspectiva.
“Nossa comunidade é muito forte. Temos uma presença significativa de LGBTQIAP+, temos uma galera negra, porque o bairro da Casa Verde é o mais negro de São Paulo. Nós o chamamos de ‘quilombo imperiano’. Temos alas plus size e outras representações. Quando essas pessoas, as chamadas minorias, viram que seriam abraçadas e contempladas no enredo, isso deu mais força e visibilidade ao samba”, destacou o dirigente.
A agremiação da Casa Verde possui um histórico excepcional de sambas-enredo e desfiles marcantes dentro do carnaval de São Paulo. Contudo, os últimos anos têm sido desafiadores, gerando certa insatisfação entre a comunidade e o público.
“Claro que não podemos chorar o leite derramado, mas fomos aclamados como campeões do Carnaval 2024. Respeitamos todas as co-irmãs, a campeã Mocidade Alegre e as demais escolas. No entanto, não termos retornado no desfile das campeãs foi talvez o maior absurdo da história do Carnaval paulistano. É claro que isso nos deu mais vontade, mais ‘sangue no olho’. Não podemos entrar nessa pilha de que tiraram o título de nós, porque erros foram apontados, embora discordemos de alguns. Temos que jogar o jogo, mas com certeza voltaremos com muito mais garra”, declarou.
A escola conta com um time de peso. Além de Tiguês, destaca-se o renomado mestre de bateria Zoinho, um dos mais experientes de São Paulo, e o intérprete Tinga, reconhecido tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo. A dupla, que atua em harmonia desde 2023, tem contribuído significativamente para o crescimento da escola.
“São dois monstros do carnaval. Sou suspeito para falar de ambos. O Zoinho foi quem me trouxe para a escola há 21 anos. E o Tinga sempre foi extraordinário cantando, um cara que dispensa qualquer comentário. É evidente que essa dupla iria combinar, e estamos muito felizes com o trabalho deles”, ressaltou.
O Império de Casa Verde busca não apenas resgatar seu protagonismo no carnaval paulistano, mas também inovar em suas narrativas e representações. A escola, com seu histórico de excelência e uma equipe de alto nível, está pronta para surpreender o público com um desfile que alia criatividade, inclusão e qualidade técnica, reafirmando sua relevância no cenário carnavalesco.