Por Juan Tavares
Na noite da última terça-feira, encerrando o Carnaval de 2025, o Império da Tijuca mostrou à torcida que não está de brincadeira. O principal destaque foi a comissão de frente, que dançou de modo muito sincronizado. Além disso, as fantasias e a maquiagem dos componentes beiraram a perfeição.
O primeiro tripé atrás da comissão era composto por tridentes e “quartinhas”, bastante utilizadas nas religiões de matriz africana, fazendo alusão às giras que ocorrem nos terreiros de umbanda e nos barracões de candomblé. Esses detalhes emocionaram o público, gerando uma energia poderosa.
O integrante que representou Exu, com certeza, interpretou-o muito bem, não apenas pela fantasia atribuída ao orixá, mas também pelos trejeitos, no modo como se movimentava e no seu olhar, que assustava e, ao mesmo tempo, causava admiração.
Comissão de Frente
Os integrantes coreografaram de forma impecável, com uma sincronia tão grande entre si que parecia uma apresentação de balé de “matriz africana”, digna de ser exibida no Theatro Municipal. O orixá Exu, que adentrava entre os componentes, abrilhantou ainda mais a apresentação do grupo, transmitindo simbolicamente “a energia que move a vida e abre caminhos”.
Mestre-sala e porta-bandeira
O casal Maycon Ferreira e Lorenna Brito brilhou em sua apresentação, demonstrando simpatia e grande expertise na dança. O mestre-sala dançou com maestria, enquanto a porta-bandeira girava com facilidade. As cores dourada, preta e azul de suas fantasias valorizaram a beleza do casal.
Harmonia
As alas estavam bem organizadas, com cores chamativas e componentes integrados. Contudo, a ala das baianas poderia ter demonstrado mais animação; algumas pareceram estar ali apenas por obrigação, embora as fantasias fossem lindas. Os carros alegóricos que se seguiram mostraram a mistura do sagrado com o profano, com oferendas e padês feitos aos orixás.
Evolução
A agremiação seguiu com destreza, sem buracos perceptíveis, demonstrando organização e profissionalismo.
Samba
O samba “Ebó, oferenda para os deuses“, criado pelo carnavalesco Júnior Pernambucano, exaltou e valorizou aspectos das religiões afro-brasileiras, especialmente o culto aos orixás. O trecho “Caminhos abrir, recomeçar e juntos seguir. Não há nada maior do Orun ao Ayè do que o saber do Ifá. Gratidão aos divinos odus e a todos os orixás” compartilhou um pouco do saber religioso com o público, e a bateria amplificou essa simbiose entre o divino e a música.
Outros destaques
O carro alegórico, com frutas em referência a oferendas e homenagens prestadas aos orixás, emocionou a todos até os não adeptos da religião, que ficaram tocados com a riqueza de detalhes, claramente pensada com muito amor.