A Imperatriz Leopoldinense abriu, no último domingo, sua temporada de ensaios de rua para o Carnaval 2026 em alto nível, mostrando a mesma pegada, organização e alegria que fizeram da escola uma das principais potências dos últimos carnavais. Um ensaio que nem parecia ser o primeiro, tamanho o entrosamento dos componentes com o samba e a fluidez da evolução em todo o trecho da Rua Euclides Faria, em Ramos. A agremiação realizou um treino bastante performático, no melhor estilo de Ney Matogrosso, homenageado pela escola no enredo “Camaleônico”, desenvolvido por Leandro Vieira. A bateria, comandada por mestre Lolo, levantou os componentes e o público presente com diversas bossas, sendo outro ponto alto da noite.
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Comissão de Frente
A comissão de frente, comandada por Patrick Carvalho, apostou em uma coreografia de forte performance corporal, dança e expressões faciais, remetendo às principais facetas artísticas de Ney Matogrosso. A apresentação foi bem dividida e demonstrou grande entrosamento entre os integrantes, resultando em um desempenho de alta qualidade nas três paradas utilizadas pela escola ao longo do percurso.

Mestre-sala e Porta-bandeira
Phelipe e Rafaela vivem um momento espetacular desde que retomaram a parceria para o Carnaval 2023. Neste primeiro ensaio, mostraram que a excelência do casal segue intacta. Uma apresentação leve, limpa e contagiante, de um casal completamente entrosado, com técnica apurada em cada movimento. A performance foi marcada por naturalidade, com coreografias pontuais, especialmente no trecho “Se joga na festa, esquece o amanhã”. Um desempenho à altura de um dos principais casais da atualidade.

Rafaela falou sobre a importância dos ensaios de rua para a escola e para o casal: “Eu particularmente gosto muito dos ensaios de rua porque a gente utiliza bastante a questão do preparo físico durante o percurso. Também é aquele termômetro do que podemos levar para a avenida. Claro que não mostramos tudo o que faremos lá, mas boa parte dos movimentos a gente traz pra rua, pois é através do termômetro da comunidade e da imprensa que conseguimos ver se estamos no caminho certo. O calor da comunidade vibrando com nosso ensaio é único, nos alimenta”, afirmou.
Evolução
Os componentes da Imperatriz seguiram à risca o recado do samba: “Se joga na festa, esquece o amanhã” e entraram na pista de ensaio como se nada mais existisse além daquele momento. Uma escola que pulsou, viveu cada segundo e matou a saudade de evoluir cantando forte e brincando. A comunidade mostrou-se ávida por estar ali, resultando em uma evolução irrepreensível durante todo o percurso, mesmo sendo o primeiro ensaio.

As alas apresentaram pequenas coreografias de mão, sem perder a naturalidade, o que contribuiu para uma escola solta e feliz. O ritmo da evolução foi linear e fluiu com naturalidade do início ao fim.
O diretor de carnaval, André Bonatte, analisou a força dos ensaios da verde e branca: “Sempre digo que os ensaios de rua têm importância em vários aspectos. A acústica é diferente da quadra, não há reverberação do som, e temos uma dinâmica de harmonia mais próxima do que encontraremos na Sapucaí. O que mais gosto é que só temos um carro de som, conseguimos perceber melhor o canto da escola. As alas mais distantes precisam cantar de verdade, e isso nos mostra os pontos fortes e os que ainda precisam de ajuste. Hoje foi uma grata surpresa para um primeiro ensaio. A cada ano, percebo mais o quanto a Imperatriz joga limpo com a comunidade. É uma escola responsável na entrega de fantasias, com uma presidente como Cátia, uma administradora incansável, e um carnavalesco como Leandro, que é obcecado pelo trabalho. Essa dedicação gera uma troca com a comunidade, e o resultado é essa entrega maravilhosa e o impacto que vimos hoje”.

Samba e Harmonia
Se a escolha pela junção de parcerias gerou burburinho e dúvidas entre sambistas, o desempenho do samba neste primeiro ensaio dissipou qualquer questionamento. Quase todos os trechos funcionaram muito bem, com destaque para a sequência do bis “Se joga na festa, esquece o amanhã…”, seguida do refrão de cabeça “Vem, meu amor, vamos viver a vida, bota pra ferver, que o dia vai nascer feliz na Leopoldina”, que ecoou com força até o fim do ensaio, impulsionando os componentes.
Pitty de Menezes demonstrou total domínio sobre as nuances da obra e, bem acompanhado pelo carro de som da escola, conduziu o canto com categoria. O refrão do meio “Eu sou o poema que afronta o sistema, a língua no ouvido de quem censurar, livre para ser inteiro, pois sou homem com H” teve excelente rendimento.

O canto da comunidade impressionou para um início de temporada: firme, uniforme e vibrante do início ao fim. Mesmo nos trechos de menor intensidade, a escola manteve potência e emoção.
“Eu estou arrepiado. Pra mim, foi o melhor ensaio que já fiz na Imperatriz desde que cheguei aqui. Foi emocionante! A escola estava cantando antes de eu começar. A comunidade da Leopoldina desceu, veio pro ensaio e gritou o samba. E eu já avisei pra todo mundo que tinha dúvidas: esquece. Quando o samba for pra rua, esquece, está aí, na boca do povo. A prova foi o show que se viu hoje”, declarou Pitty de Menezes.

Outros Destaques
A bateria, de mestre Lolo, trouxe diversas bossas e as executou em praticamente todas as passadas, aquecendo ainda mais o excelente ensaio. A rainha de bateria, Iza, marcou presença com simpatia e elegância. A musa Carmen Mondego brilhou à frente do primeiro setor, com muito samba e carisma. A ala das baianas surgiu com uma bonita roupa branca e cantou com empolgação.

No fim do ensaio, uma ala bastante performática, formada por integrantes LGBTQIA+, chamou a atenção pela alegria e irreverência, com rostos pintados e figurinos coloridos, simbolizando a pluralidade da homenagem a Ney Matogrosso.









