A Imperatriz realizou no dia 8 de outubro a gravação da sua faixa para o álbum oficial das escolas de samba de 2025, no Century Estúdio. A escola levará para a Sapucaí no próximo carnaval o enredo “Ómi Tútu ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”, de autoria do carnavalesco Leandro Vieira. Em entrevista ao CARNAVALESCO diversas figuras da escola comentaram sobre o processo de gravação da faixa.
* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp
Mestre Lolo, responsável pelo “Swing da Leopoldina”, comentou do andamento da obra na gravação, se fez alguma bossa, e como é estar à frente da bateria em mais uma gravação do álbum.
“O andamento foi 140 BPM (batidas por minuto) para dar brilho a obra, para a rapaziada aprender o samba. Para a avenida, para o ensaio, já é outra parada, é outro andamento. A gente fez um estoquezinho aqui, que vamos usar no desfile, uma previazinha, não dá para passar batido, temos que fazer alguma coisa. Estou feliz, muito feliz. Já vou para quase 10 anos na escola. Cada ano é mais importante pra mim mostrar que a comunidade gosta de mim, a bateria gosta de mim. Fico feliz pra caramba de estar fazendo esse trabalho na Imperatriz”.
André Bonatte, um dos diretores de carnaval da Rainha de Ramos, falou o que esperar da gravação da escola, na expectativa de ser melhor que o último álbum, além de dizer como o samba mexe com ele.
“Eu acho que sempre tem uma questão de expectativa de ser melhor do que o ano anterior. Acho que a própria Liga se cobra isso. É um trabalho muito sério e o público também. Eu acho que fica uma expectativa, inicialmente, sempre de superar o que a gente fez no ano anterior, e acho que a gente está caminhando para isso. A Imperatriz encontrou um caminho de samba. Gosto das surpresas melódicas que esse samba vai apresentando, das boas surpresas melódicas. Que ele te leva por um caminho, que quando você pensa que ele vai naquele caminho, ele vai para outro e te apresenta a outro. Vai te apresentando boas surpresas harmônicas e melódicas. E acho que tem uma letra muito bonita, muito profunda. Eu acho que é o perfeito casamento de letra e melodia”.
O diretor falou também sobre como foi a mobilização da escola, em especial da bateria, para estar presente na gravação, além de como é estar presente e ajudar a comandar e organizar os segmentos para a realização da faixa. “Na verdade, a estrutura é quase que padronizada por conta do que a gravadora pede para a gente em termos de números de ritmistas, canto, coro e de cantores. O que fica mesmo na particularidade, é a parte da percussão, da percussão mais harmônica, com a conga, com o timbal, agogô, os instrumentos que vão dar um brilho melhor ao samba. Estar aqui é, antes de tudo, uma responsabilidade muito grande, porque você está coordenando aquilo que vai ser o nosso principal elemento de trabalho até o carnaval, que é o samba-enredo. A expectativa é que essa gravação nos ajude, ajude aos nossos componentes nos nossos ensaios”.
Pitty de Menezes, intérprete da escola, contou sobre a preparação para gravar o samba da Imperatriz no álbum das escolas, como o descanso e o auxílio de fonoaudióloga. “Primeiro é dormir bem, ter uma noite de sono muito boa para que a gente possa acordar bem, depois a alimentação. O auxílio da nossa fono, a doutora Isabel, ela passa alguns exercícios, e antes de cantar ela também faz alguns exercícios com a gente. É beber muita água e dormir bem. Importante para que a voz esteja boa na hora da gravação”.
Para o intérprete da Verde e Branca, três partes do samba de 2025 chama a atenção dele e de alguma forma tocam o seu coração. “‘A justiça maior é de meu pai Xangô’. É muito bonita. Como eu já falei, eu sou filho de Xangô, então me emociona. ‘Oní sáà wúre! Awure, awure! Quem governa esse terreiro, ostenta seu adê, Ijexá ao pai de todos os oris, rufam atabaques da Imperatriz’. Falar sobre Oxalá, a Imperatriz que vem falando sobre esse Itã, é outraparte que me emociona muito também esse refrão, e o refrão de cabeça, ‘vai começar o Itã de Oxalá’, acho que vai ser muito forte nessa entrada da escola, vai ser muito forte na cabeça da escola”.
Vai começar! Clipe do samba feito pela Imperatriz para o Carnaval de 2025
O cantor falou sobre a técnica e a emoção no momento de gravar o samba de forma oficial para o álbum, destacando que busca sempre passar a emoção da obra.
“Tem que ser técnico, mas também tem que passar a emoção. Carnaval é o movimento da emoção, os grandes sambas aconteceram por causa de pegar as pessoas na emoção. A gente procura colocar a emoção no samba, mas junto com a técnica”.
Por fim, Pitty de Menezes comentou sobre a repercussão do samba de 2005, destacando que um bom samba ajuda a escola num todo, nos ensaios e no momento do desfile. “Fica muito mais fácil cantar um samba que é maravilhoso. Todo mundo está gostando, isso para gente é muito bom, largamos um pouquinho na frente. Se o samba for bom, tudo acontece na avenida, tudo flui da forma que a gente quer”.
Tia Rose: do sonho de menina de ser passista, ao auge e aclamação na Imperatriz
Pedro Miguel foi o arranjador da obra pela Imperatriz e contou sobre o processo de elaboração do arranjo destacando o atabaque na faixa da escola: “Foi todo baseado no enredo. A gente tem bastante toques das religiões de matriz africana e toda aquela atmosfera que envolve essa viagem de Oxalá. Demos bastante conforto para quem vai cantar e sinta toda essa atmosfera. A gente já pôde acrescentar o atabaque, mas não só utilizado com as mãos, mas utilizado com uma baqueta, que é chamada de aguidavi, que dá uma sonoridade muito especial a esses cânticos, com essa roupagem”.
João Drummond, diretor executivo da Imperatriz, esteve presente na gravação e falou sobre o que espera da faixa e do samba da escola, elogiando a obra que a Imperatriz vai levar para a avenida: “Fizemos pequenos ajustes em relação ao samba da disputa, acho que é natural. O samba é muito bem escrito pelos compositores, muito bem defendido pelos intérpretes na disputa. Agora é só realmente uma afinação da bateria com o Pitty, com o time musical da escola. Eu gosto do samba inteiro, tem uma pegada que é a cara da nova Imperatriz. A comunidade aprendeu a desfilar de uma maneira, a escola tem desfilado de uma maneira que o samba é importante para que tudo isso dê certo, acho que é um samba com a cara da nova Imperatriz”.
Um dos compositores do samba, Me Leva, também esteve presente na gravação e contou sobre a importância do samba deste ano para a vida dele, o oitavo que ganhou na escola da Leopoldina, além de citar qual parte do samba mais toca o seu coração.
“Todo samba para mim é importante. O que eu mais quero mesmo é que a escola passe bem na avenida e traga o título para Ramos de volta. O que eu mais quero, independente do samba ser meu ou não. A parte do Xangô: ‘Justiça maior é de meu pai, Xangô. Traz água fresca para a justiça verdadeira’ é a que eu mais gosto, me emociona mais”.