A Imperatriz Leopoldinense realizou, na última sexta-feira, mais uma eliminatória de sambas-enredo visando o Carnaval de 2026. Ao todo, 13 obras se apresentaram, e oito delas foram classificadas para a próxima fase, que acontecerá na próxima sexta-feira. Com o enredo “Camaleônico”, uma homenagem ao cantor Ney Matogrosso, a escola busca conquistar seu décimo título no Grupo Especial. A noite foi marcada por apresentações de destaque, como mostra o CARNAVALESCO na análise do desempenho de cada samba que segue na disputa.

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Parceria de Gabriel Coelho: O samba de Gabriel Coelho, Alexandre Moreira, Guilherme Macedo, Chicão, Antônio Crescente e Bernardo Nobre, com o aniversariante Nego e Igor Vianna nos vocais principais, alcançou uma ótima apresentação: envolvente e redonda. Desde a abertura, com “jurei mentiras mas não estou sozinho”, a melodia bem construída permeia a obra. O refrão principal “vem meu amor, vamos viver a vida, bota pra ferver que o dia vai nascer feliz na Leopoldina” é, ao mesmo tempo, melodioso e animado, recebendo excelente resposta da quadra, que reagiu com empolgação. Um dos grandes destaques da noite.
Parceria de Jeferson Lima: A obra de Jeferson Lima, Rômulo Meirelles, Chico de Belém, Mirandinha Sambista, Alfredo Junior e Tuninho Professor contou com Wander Pires no palco. O intérprete, como de costume, soube explorar toda a qualidade melódica da obra, que funcionou bem nas três passadas. Destacaram-se trechos como o refrão central “um bandido corazon, traiçoeiro; cavaleiro e cigano, bandoleiro…”. O refrão de cabeça traz variação melódica interessante no trecho “sua verdade eu sei, a liberdade é a lei, doce veneno pra se lambuzar”, que dialoga bem com a construção melódica do restante da obra. O samba recebeu calorosa recepção da quadra.
Parceria de Ricardo Goes: O samba da parceria de Ricardo Goes, Fernando de Lima, Sérgio Gil, Gutemberg Kunta e Serginho Machado foi defendido por Emerson Dias e Leozinho Nunes. A aposta foi em uma melodia mais reta e em um samba animado, com a segunda parte inteiramente referenciada em canções famosas de Ney Matogrosso, culminando no refrão de cabeça “a festa é nossa, Ney decretou, não existe pecado do lado de baixo do Equador, Imperatriz, todo país pede em seu nome, vira, vira, vira homem, vira, vira, vira, vira, lobisomem”. Apesar da empolgação dos intérpretes, a obra perdeu fôlego na última passada devido à pouca variação melódica.
Parceria de Hélio Porto: Igor Sorriso e Charles Silva comandaram a obra de Hélio Porto, Aldir Senna, Orlando Ambrosio, Miguel Dibo, Marcelo Vianna e Wilson Mineiro. O samba captou bem a essência da sinopse e o caráter multifacetado de Ney Matogrosso, unindo uma letra bem descrita a uma melodia envolvente e lírica, como no refrão central “eu sou o poema que afronta o sistema, a língua no ouvido de quem censurar, livre para ser inteiro, pois sou homem com H”. A dupla de intérpretes apresentou uma performance visceral, que resultou em ótimo desempenho em todas as passadas. Outro destaque da noite.
Parceria de Luizinho das Camisas: Com Dowglas Diniz e Rafael Tinguinha nos microfones, o samba da parceria de Luizinho das Camisas, Chacal do Sax, Mateus Pranto, Tamyres Ayres, Camila Lúcio e Martins obteve bom rendimento, sustentado principalmente por seus dois refrães. O refrão de cabeça “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, ô menina eu sou é homem, sou é homem com H, faz um Carnaval comigo, remexe os quadris, nesse palco iluminado sou Imperatriz” destacou-se e empolgou a quadra. Intérpretes e compositores novamente se apresentaram caracterizados, com lenços e rosas na cabeça, e um integrante fez performance encarnando Ney. A primeira parte, antes do refrão central, apresentou leve queda de intensidade.
Parceria de Me Leva: Tinga defendeu a obra de Me Leva, Thiago Meiners, Miguel da Imperatriz, Daniel Paixão, Herval Neto e Jorge Arthur. O samba tem excelente letra, especialmente na primeira parte, com versos como “ferocidade sem temor e sem doutrina, se a tinta escancara a voz de carmim, o instinto indomável do xamã tupiniquim”. Apesar de bem elaborada, a obra carece de um refrão principal mais forte. Isso se evidenciou porque o refrão foi precedido de um bis empolgante (“não existe pecado abaixo da linha do Equador, seu juízo rasgado, você libertário, riacho de amor”), mas, apesar de bonito, não teve o mesmo impacto. Ainda assim, foi uma apresentação consistente.
Parceria de Ian Ruas: O samba de Ian Ruas, Caio Miranda e Zé Carlos foi defendido por Bruno Ribas e Evandro Malandro. A dupla ainda busca maior entrosamento, perceptível em alguns momentos da apresentação. O desempenho foi correto, mas não empolgou a quadra. O refrão principal “meu bloco na rua, o povo ao meu lado, minha pele nua, um grito calado, não existe pecado, nem lei, nem juiz, no sonho que nasce da Imperatriz” foi um dos pontos altos da obra, assim como a segunda parte, com o trecho “gemido de caos, sangrei, a rosa fatal, cantei”, de interessante melodia.
Parceria de Renan Gêmeo: Com Tem-Tem Jr. à frente do samba da parceria de Renan Gêmeo, Marcelo Adnet, Raphael Richard, Sandro Compositor, Silvio Mesquita e Rodrigo Gêmeo, a obra foi a penúltima a se apresentar. Mais uma vez, houve aposta em um trecho de impacto antes do refrão — neste caso, um falso bis. O refrão de cabeça “quero ouvir a voz da alma brasileira, cantar pro dia nascer feliz, eternizar mais uma estrela no pavilhão da Imperatriz” funcionou bem e manteve o samba em alta. A obra foi regular em toda a apresentação e teve desempenho firme.