A Imperatriz Leopoldinense realizou, no último sábado, sua primeira eliminatória de sambas-enredo para o Carnaval 2026. Ao todo, 30 obras se apresentaram no palco da verde e branco de Ramos, das quais 13 seguem na disputa, que continua na próxima sexta-feira. A agremiação fez um corte significativo e eliminou 17 sambas. A escola traz o enredo “Camaleônico”, uma homenagem a Ney Matogrosso. Confira abaixo a opinião do CARNAVALESCO sobre o desempenho de cada samba classificado. * OUÇA AQUI

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Parceria de Hélio Porto: Igor Sorriso e Charles Silva defenderam o samba da parceria formada por Hélio Porto, Aldir Senna, Orlando Ambrósio, Miguel Dibo, Marcelo Vianna e Wilson Mineiro. A obra foi o primeiro destaque do dia, com uma melodia que passeia por variações muito bem construídas, quase todas em tom maior, mantendo o samba firme. A sequência dos versos finais da segunda parte “eu juro que é melhor se entregar ao jeito felino provocador, devoro pra ser devorado, não vejo pecado ao sul do Equador” junto ao refrão principal — “eu quero é botar meu bloco na rua, de alma nua, pro dia nascer feliz, prazer é minha lei, prazer, meu nome é Ney, eu sou Imperatriz” foi o ponto forte da apresentação. O samba chegou a ser cantado por alguns presentes na quadra.

Parceria de Renan Gêmeo: Tem-Tem JR. interpretou o samba da parceria formada por Renan Gêmeo, Marcelo Adnet, Raphael Richard, Sandro Compositor, Silvio Mesquita e Rodrigo Gêmeo. Outra obra com bom rendimento, mostrando suas credenciais. A primeira parte foge do lugar comum com uma letra bastante poética, sendo um dos destaques criativos da composição, com versos como: “o timbre que arranha a hipocrisia, a voz de bandeja na radiola, o som que degola a tirania”.

Parceria de Me Leva: A parceria formada por Me Leva, Thiago Meiners, Miguel da Imperatriz, Daniel Paixão, Herval Neto e Jorge Arthur teve Tinga como intérprete principal. Seguindo o embalo das duas parcerias anteriores, o samba mostrou força durante sua passagem e teve bom desempenho, apesar de o refrão principal “hei de tocar corações, provocar nas canções, uma nova diretriz…” não mostrar a mesma pujança do trecho que o precede “não existe pecado abaixo da linha do Equador, seu juízo rasgado, você libertário, riacho de amor”, que passou com extrema força.

Parceria de Marquinho Lessa: Leandro Santos comandou o samba de Marquinho Lessa, Kinho e Waltinho Honorato, que não obteve grande desempenho. Com uma letra de construção mais simples e sem arroubos poéticos, a obra passou de forma morna. O refrão principal “eu quero é botar minha escola na rua pra Sapucaí gemer, eu quero é botar minha escola na rua, eu quero é botar pra ferver” soou genérico e sem maior criatividade. Já o trecho “nos tempos de covardia oferecia na bandeja a rebeldia” está entre os bons momentos da obra.

Parceria de Josimar: Marquinho Art Samba e Thiago Britto foram as vozes principais da obra de Josimar, Carlos Kind, Diego Jorge, PC do Rio, Mito Bahia e Zica de Ricardo. Deram boa sustentação ao samba durante as duas passadas, cujo refrão central foi o ponto de maior pegada da apresentação, com os versos: “o seu grito é pra te libertar, tem feitiço, tem pecado e brilho no olhar, bandido enfeitado a se descobrir, a chave que faz a gaiola abrir”. O refrão principal não teve o mesmo desempenho.

Parceria de Jeferson Lima: Wander Pires comandou o samba de Jeferson Lima, Rômulo Meirelles, Chico de Belém, Mirandinha Sambista, Alfredo Junior e Tuninho Professor. A obra soube explorar a essência camaleônica do homenageado, com versos como: “um indomável nos palcos da vida, boca tingida de carmim, nas bandejas, secos e molhados, grito dos amordaçados, rebeldia sem fim”. O refrão central, com variações em tom menor, se mostrou muito bonito e foi valorizado pela interpretação de Wander Pires. Um forte desempenho que gerou aplausos na quadra ao final da apresentação.

Parceria de Luizinho das Camisas: O samba de Luizinho das Camisas, Chacal do Sax, Mateus Pranto, Tamyres Ayres, Camila Lúcio e Martins foi defendido por Dowglas Diniz e Rafael Tinguinha. A parceria veio caracterizada com lenços na cabeça e flores acima da orelha. A estrutura da obra possibilitou uma apresentação animada, em mais um desempenho satisfatório. O refrão principal resume bem a proposta da composição: “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, ô menina eu sou é homem, sou é homem com H, faz um Carnaval comigo, remexe os quadris, nesse palco iluminado, sou Imperatriz”.

Parceria de Gabriel Coelho: Nêgo e Igor Vianna cantaram o samba da parceria de Gabriel Coelho, Alexandre Moreira, Guilherme Macedo, Chicão, Antônio Crescente e Bernardo Nobre. O samba se destacou pela construção bem elaborada e pelo ótimo refrão central: “de corpo fechado, o primitivo, o anjo safado, bandido, pecado sem pudor, feitiço de paixão, olhar provocador, doce sedução”. O refrão principal “vem, meu amor, vamos viver a vida, bota pra ferver que o dia vai nascer lá na Leopoldina” levantou componentes, mesmo com letra mais simples. Teve ótima recepção na quadra.

Parceria de Ricardo Goes: Emerson Dias e Leozinho Nunes defenderam o samba da parceria de Ricardo Goes, Sérgio Gil, Fernando de Lima, Gutemberg Kunta e Serginho Machado, com muita garra e animação, o que elevou o desempenho da obra, que passou com boa sustentação. O refrão principal que apostou em trechos de canções famosas de Ney Matogrosso (“a festa é nossa, Ney decretou: não existe pecado do lado de baixo do Equador, Imperatriz, todo o país pede em seu nome, vira, vira, vira homem, vira, vira, vira lobisomem”) não alcançou grande rendimento, mas não comprometeu o bom desempenho do restante do samba.

Parceria de Eduardo Medrado: Wic Tavares defendeu o samba de Eduardo Medrado, Kleber Rodrigues, Sandro Nery, Rodrigo Gauz, Patrick Soares e Juliana Madi. Como de costume, a obra de Medrado trouxe trechos melódicos fora do convencional, como a transição do bom refrão central para a segunda parte “canta para libertar mentes e corações, dança para rasgar mordaças e tradições, requebra para quebrar a tal censura, grito não silenciado da contracultura”, mas manteve uma estrutura bem alinhada. O samba teve desempenho firme, valorizando a beleza da obra.

Parceria de Drummond: Wantuir comandou o samba da parceria de Drummond, Nando do Cavaco, André Ricardo Godoi, Juninho Luang, Alcides Jr. Filosofia e Marcos Juninho da Vila. O veterano intérprete teve desempenho excelente, extraindo toda a qualidade da obra para o rendimento na quadra. O resultado foi uma passagem forte, com melodia valorizada, sobretudo no refrão central, que joga com trechos em tom menor: “ôôô mulheres de Atenas, louco da rosa sem cor, ôôô se o bicho pega, não corre da dor, escorre seu sangue latino, pavão divino, é cantor”. Uma passagem marcante.

Parceria de Roberto Doria: Niu Souza comandou o samba da parceria de Roberto Doria, Gustavo Tenório, Luã Imperador, Waguinho Melo, Edmar Cabrão e Diego Thekking. Um samba com características de “jogar para cima” e que conseguiu se manter firme durante a apresentação, apesar de a segunda parte ter sido um pouco mais arrastada. O refrão principal “eu vou botar meu bloco na rua, agora o bicho pega e come quem ficar, dizem que sou louco, louco é quem me diz, sou louco pela Imperatriz” foi o ponto alto da obra.

Parceria de Ian Ruas: Bruno Ribas defendeu o samba da parceria de Ian Ruas, Caio Miranda e Zé Carlos. Mais um bom desempenho neste sábado, com um samba que apresentou arroubos melódicos e uma letra que ressaltou o lado transgressor de Ney ao longo de toda a obra, com soluções inteligentes. O início da segunda passada “gemido de caos, sangrei, a rosa fatal, cantei” se mostrou interessantíssimo do ponto de vista melódico.