A Imperatriz Leopoldinense volta com uma temática afro-religiosa ligada à mitologia dos orixás, com o enredo “Ómi Tútú ao Alúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”, do carnavalesco Leandro Vieira. A última vez foi há 46 anos. Em conversa com o site Carnavalesco, a presidente da escola, Cátia Drumond, contou o que representa para ela esse momento da escola depois tanto tempo sem fazer um enredo afro. Ao longo do tempo, membros da escola, como passistas e baianas, expressaram esse desejo de explorar essa temática no desfile. Assim, o enredo nasceu em resposta a essa demanda da comunidade, combinada com a vontade pessoal do carnavalesco de atender a esse pedido e celebrar as raízes africanas e religiosas da escola. Em 1979, a escola apresentou o enredo “Oxumaré, a lenda do arco-íris”, assinado por Mário Barcellos e Caetano Costa.

leandro catia imperatriz
Foto: Divulgação/Nelson Malfacini Imperatriz

Para Cátia Drumond, a Imperatriz precisa desse axé e o momento é muito positivo com a escola fazendo um enredo afro após tanto tempo, principalmente, levando em consideração o sucesso que foi a cigana no Carnaval 2024.

“Eu vejo como um momento positivo. Somos a escola que menos fez enredos sobre a religião africana, e acho que precisamos desse axé, dessa paz. Viemos com o enredo do Lampião, que nos deu o campeonato. Depois, com a Cigana, que não nos deu o campeonato, mas acredito que foi o melhor desfile que a Imperatriz fez nos últimos anos. Tenho certeza que, com fé, amor e as bênçãos de Oxalá, faremos um excelente desfile em 2025”.

Em relação às mudanças para o Carnaval 2025, com três dias de desfile e o fechamento das notas dos jurados após cada escola passar pela Avenida, Cátia acredita que é um teste e espera que dê certo.

Ouça os sambas concorrentes da Imperatriz Leopoldinense para o Carnaval 2025

“Todas as escolas votaram a favor da mudança e eu acho que isso é um teste. Estamos torcendo para que funcione. Mesmo que não fossem três dias de desfile, mas dois, as notas seriam fechadas. Há muito tempo não vemos uma campeã saindo no domingo, e o julgador precisa entender que ser campeã no domingo não é nada errado. Observamos que as escolas que ganham geralmente desfilam na segunda-feira. O domingo pode ter mais ou menos erros, e em 2024, o domingo teve menos erros. Se você olhar o resultado, a segunda, terceira e quarta colocadas foram de domingo, mas eu sempre vejo uma diferença significativa entre o domingo e a segunda-feira. Então, também vejo isso como uma aposta. Se não der certo, damos um passo para frente e depois outro para trás”.

Em uma conversa com o site Carnavalesco, o artista compartilhou detalhes sobre a inspiração por trás do enredo, revelando como essa história chegou até ele e qual será o fio condutor dessa narrativa.

“Esse enredo chegou meio que uma vontade minha de atender a um pedido da comunidade. A Imperatriz tem quase 50 anos que não se debruça na temática afro-religiosa, e quando eu cheguei aqui, na minha primeira passagem, ainda no Grupo de Acesso, em 2020, já era um desejo que as pessoas da escola, quando eu digo as pessoas da escola, é a comunidade da escola, passistas, baianas, solicitavam esse enredo e nasce um pouco disso”, revelou Leandro.

Confira a sinopse do enredo da Imperatriz Leopoldinense para o Carnaval 2025

Leandro contou detalhes sobre o fio condutor do enredo, destacando que a narrativa se baseia na saga contada pelo Itã, que relata o desejo de Oxalá de visitar Xangô. No entanto, ao longo do percurso, Oxalá enfrenta uma série de obstáculos que o levam a uma conclusão de viagem diferente daquela que ele havia imaginado ao sair de Ifón em direção a Oyó. A história é contada por meio de recursos carnavalescos, como fantasias, alegorias e adereços, que transportam o público para o universo mágico e mitológico dos orixás.

“O fio condutor é dessa contação de história que parte de uma saga, da saga que narra, do Itã, que narra o desejo de Oxalá visitar Xangô. No meio do caminho, existe uma série de percalços que levam Oxalá a ter um término de viagem diferente daquele que ele havia pensado que teria quando pensou em sair de Ifón rumo ao Oyó. A terra onde ele era soberano, para a terra onde Xangô é soberano. Então é um pouco a contação dessa história através de recursos que são carnavalescos mesmo. E fantasias, alegorias, adereços”, explicou Leandro.