Compositores: Ian Ruas, José Carlos, Caio Miranda e Sonia Ruas-Raxlen
O sol queimou no solo do sertão
“Laranjou” a poeira que subiu do chão.
“Eita rebuliço”, a matança arrebentou
Virgulino, o tenebroso, em decesso terminou.
Nem Pé de Peba, Canário e Zé Baiano,
Nem mesmo todo seu bando foi capaz de evitar.
Era chegada a hora desse fulano,
Que aterrorizou tanto, fez tremer esse lugar.
– Ô de casa, chegou teu capitão,
Se avexe capiroto e me apresenta o casarão. Bis
– Ô sem leito, não vai ter jeito não,
Já que fez muito ‘benfeito’ pra morar na escuridão.
Então “deu mandú”, o inferno ruiu
O sujeito matou a luxúria, avareza,
A propina sumiu.
Satanás, invocado, convocou “Lubisôme”
Junto veio “Aucapone” pro danado assustar.
Após o alvoroço, partiu “aperreado”
Num galope apressado pro Santíssimo, encontrar.
No céu, na fé de ser recebido
Luzia aceitou o bandido,
São Pedro não “guaridou”:
– Maldito, vá se encostar noutro canto
Isso aqui é uma casa de Santo
Jagunço não pode entrar.
Rogou no colo de “Padim Ciço”, jurou:
– Nunca mais faço isso!
Mas Deus fez o bicho voltar.
E hoje vive na sorte de gente,
No som eterno de Gonzagão.
Na poesia que enfeita o repente,
No brilho da estrela de Salomão.
E quando ouvir a sanfona ecoando
A melodia que te faz chorar
É a essência que vem do Nordeste
E habita os versos do meu cantar.
Cuidado, minha gente, que um “cabra” vai chegar
Disfarçado de viola, no xaxado vai gingar. Bis
Cangaceiro perigoso, seu facão fura feliz
Se arrede do tinhoso, Lampião na Imperatriz